MinC e Iphan apresentam restauração do Palácio Gustavo Capanema, ícone da arquitetura modernista brasileira

Cultura

O Ministério da Cultura (MinC) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) apresentaram nesta terça-feira (6), durante visita guiada oferecida à imprensa, os detalhes da restauração e da nova proposta de uso do Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro. O edifício, marco da arquitetura modernista mundial, será reinaugurado no dia 20 de maio, após uma ampla obra de conservação e modernização conduzida pelo Iphan, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). 

As obras, iniciadas em fevereiro de 2019, receberam investimento de R$ 84,3 milhões e incluíram a modernização das instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias, de climatização e de combate a incêndios, além da recuperação do mobiliário original, restauração das luminárias, persianas e dos jardins projetados pelo paisagista Roberto Burle Marx. O prédio também ganhou um novo sistema de vigilância. Até o segundo semestre, as obras de arte também passarão por restauros. Toda a intervenção está sendo conduzida pelo Iphan, respeitando as características históricas e arquitetônicas do prédio. 

A nova proposta para o Palácio – originalmente concebido como sede do antigo Ministério da Educação e da Saúde Pública, na década de 1930 – concilia espaços culturais e áreas abertas à visitação pública (60% do prédio) com os escritórios do MinC e suas entidades vinculadas (40%). Entre os destaques, está a transformação do “pavimento do ministro” em área visitável e a criação de um espaço multiuso no nono andar, além da preservação de ambientes emblemáticos como o auditório Gilberto Freyre e a Biblioteca Euclides da Cunha. Além disso, estão previstos para a cobertura um restaurante e um café. 

Durante a visita, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, celebrou a conclusão da obra e o simbolismo da entrega do prédio restaurado à população. “Importante lembrar que o Palácio Capanema colocou o País na vanguarda da arquitetura moderna mundial. Entregar esse prédio para a população é também uma afirmação da nossa cultura, da nossa democracia. É um momento muito importante para todo o Brasil”, afirmou. 

A ministra também destacou o impacto da reabertura do edifício para as novas gerações: “É uma entrega fantástica do patrimônio nacional para a sociedade brasileira, temos que festejar esse momento. Ele vai permitir que a nova geração mergulhe na nossa história. Tudo o que existe aqui é memória, e é com ela que conseguimos traçar o futuro. Estamos todos vibrantes com isso.” Ela ainda ressaltou o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Cultura, no contexto das comemorações dos 40 anos da pasta. 

Já para o secretário executivo do MinC, Márcio Tavares, reinaugurar o Capanema nos 40 anos do Ministério da Cultura é simbólico por se tratar de um “marco do modernismo brasileiro e da construção das políticas culturais” no País. Segundo ele, a nova proposta de priorizar o uso público do prédio vai “ao encontro da cidade, do Brasil e do fomento das artes e da cultura brasileira”. 

O presidente do Iphan, Leandro Grass, reforçou a importância de celebrar a entrega do edifício, depois de tantos anos fechado. “Essa obra só foi possível graças a uma decisão política, fruto da visão do presidente Lula e da ministra Margareth. Recuperar e devolver espaços como o Capanema à população reafirma nosso compromisso com a Cultura enquanto política de Estado.” 

Além disso, Grass destacou a importância do Novo PAC na retomada da obra. “Garantimos os recursos graças ao Novo PAC, e agora o Brasil volta a ter um dos seus maiores símbolos culturais aberto e acessível. Esse prédio terá, pelas próximas décadas, uma conexão profunda com a população brasileira e com a cultura”, afirmou. 

A presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella, celebrou o retorno do órgão ao edifício. “A Funarte, que completa 50 anos este ano, volta para a sua casa. Ocuparemos três andares do Capanema, entendendo as artes como um patrimônio do povo brasileiro. Este palácio abraça as artes e possibilitará uma interação permanente com seu público, que é a razão de ser das políticas públicas”, destacou. 

Por sua vez, o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, destacou a presença da instituição no Palácio Capanema e o valor do acervo disponível no local. “A Biblioteca Euclides da Cunha, que integra este espaço, reforça a conexão entre o patrimônio arquitetônico e o saber. Trata-se de um acervo de 100 mil títulos que preservam e difundem a nossa memória cultural, incluindo um acervo musical importantíssimo, que é uma riqueza extraordinária.” 

O presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Alexandre Santini, também comemorou a reaproximação histórica da instituição com o edifício. “Temos um ponto de ligação muito grande com esse prédio, que é o Carlos Drummond de Andrade”, disse Santini, referindo-se ao fato de que a FCRB abriga o acervo pessoal do escritor, que foi chefe de gabinete do ministro da Educação e da Saúde Pública Gustavo Capanema, à época da inauguração do Palácio. “Temos muita alegria em trazer Drummond de volta para cá e de participar desse processo”. 

História  

A superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Patrícia Wanzeller, destacou a importância da obra para a preservação do patrimônio e para a reaproximação do edifício com a sociedade: “Para o Iphan, liderar esse processo de restauração é reafirmar nosso compromisso com a memória, a cultura e a identidade do Brasil. Estamos preparando o Capanema para ser, mais uma vez, um espaço vivo, acessível à população e integrado à dinâmica cultural da cidade.” 

Construído entre 1937 e 1945, para ser a sede do então Ministério da Educação e da Saúde Pública, o Palácio Gustavo Capanema foi projetado por Lucio Costa, com participação de Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, Ernani Vasconcelos e consultoria de Le Corbusier. O edifício abriga obras de Portinari, Burle Marx e Bruno Giorgi, entre outros artistas, e foi tombado em 1948 pelo Iphan. 

Símbolo da cultura nacional, o edifício também foi palco de manifestações históricas, como o Ocupa MinC, em 2016, e os protestos de 2021 contra sua inclusão em leilões de imóveis. Sua preservação reafirma o compromisso com o patrimônio cultural como base da democracia, da educação e da cidadania. 

06.05.2025 - Visita guiada com jornalistas ao Palácio Capanema

Fonte: Ministério da Cultura