A capital Rio Branco sedia, entre os dias 19 e 22 de maio, a primeira Oficina de Microplanejamento do Programa Brasil Saudável, uma iniciativa do Ministério da Saúde que visa eliminar doenças de determinação social, aquelas diretamente relacionadas a desigualdades de acesso, condições precárias de moradia, saneamento, educação e saúde. O evento ocorre no auditório da Livraria Paim, no centro de Rio Branco, reunindo representantes de órgãos públicos, lideranças indígenas, movimentos sociais e autoridades em saúde pública.
O encontro integra uma estratégia nacional intersetorial e interministerial para enfrentar 11 doenças que ainda representam graves problemas de saúde pública no país, como tuberculose, hanseníase, sífilis, malária, tracoma, esquistossomose, oncocercose, filariose linfática, doença de Chagas, leishmaniose e hepatite viral. A proposta é unir diferentes áreas do governo e da sociedade para combater os fatores sociais e ambientais que favorecem a transmissão dessas enfermidades e dificultam o acesso a serviços e tecnologias de saúde.
Artur Kalishman, diretor substituto do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde, destacou o caráter inclusivo e estratégico da ação. “Temos muita tecnologia de ponta, vacinas, medicamentos e estratégias eficazes, mas ainda há gente ficando para trás por falta de acesso, cidadania e enfrentamento ao preconceito. Essa política busca lidar com os determinantes sociais, promover cidadania e garantir que ninguém fique de fora do SUS e de seus benefícios”, afirmou.

Durante a oficina, o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Acre (Cosems), George Eduardo, celebrou a chegada do programa ao estado. “É com grande alegria que o Acre recebe essa oficina e também a contemplação de mais 20 municípios com essa iniciativa. Um esforço conjunto para solucionar problemas de saúde que há tempos atingem nossa população. A expectativa é que esse programa dialogue com as reais necessidades do povo acreano”, declarou.

Representando o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), o promotor Juleandro Martins ressaltou a importância da articulação interinstitucional, especialmente para os povos originários. “Estamos aqui com o projeto Txai, na defesa dos povos indígenas do Acre. O MP é parceiro estratégico na articulação e promoção de saúde para essa população. Temos atuado junto a outras instituições e nos colocamos à disposição para assegurar saúde de qualidade e informação a esse público”, destacou.

No âmbito estadual, João Morais responsável pelo acompanhamento das doenças tropicais negligenciadas no Acre, reforçou a relevância da oficina para a realidade municipal.
“Esse evento dá visibilidade às questões socioambientais que favorecem a transmissão dessas doenças nas populações vulneráveis. Permite que as prefeituras identifiquem e enfrentem essas circunstâncias, garantindo diagnóstico, tratamento e políticas de saúde adequadas”, explicou.

Representando as comunidades indígenas, a líder Gemina Shanenawa, presidente da Organização de Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia, avaliou a oficina como um espaço essencial para disseminar informações dentro dos territórios.
“Para nós, participar é muito importante, porque vamos levar esse conhecimento de volta às comunidades. Garantir segurança alimentar, por exemplo, ainda é um grande desafio, e momentos como esse nos fortalecem”, concluiu.
A oficina segue até o dia 22 de maio e, como próximo passo, será organizada a realização de oficinas de microplanejamento nos municípios acreanos considerados prioritários, com data a ser divulgada nos próximos dias.