Trabalho da Embrapa para minimizar a fome será apresentado na 5ª Conferência Global ‘One Planet’

Geral

Enquanto 733 milhões de pessoas vivem em situação de fome no mundo, muito alimento ainda é jogado fora ou estragam nas prateleiras dos mercados. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidas ou desperdiçadas. Essa realidade será um dos temas abordados na 5ª Conferência ‘One Planet’, que vai reunir sociedade civil, governos, pesquisadores, organizações internacionais, setor privado, entre outros atores sociais do Brasil, de 27 a 29 de maio, em Brasília.

Na conferência, a pesquisadora da Embrapa Hortaliças Milza Lana vai apresentar os dados do desperdício de hortaliças de pesquisa da instituição, na qual se mensurou não só a perda, mas também as causas na cadeia produtiva de hortaliças que provocam que milhares de folhagens e verduras sejam jogadas fora todos os dias.

O estudo da Embrapa não focou na perda que ocorre nas casas dos consumidores, mas nos supermercados. Ela acompanhou todo o processo, da colheita à decisão do que ia ou não para as gôndolas. “Assim, eu consigo determinar o tamanho dessa perda e analisar falhas de processo que vão gerar essa perda.”, contou Lana. O objetivo foi gerar um tipo de informação que seja útil tanto para o serviço de extensão rural, como para as políticas públicas de segurança alimentar e desenvolvimento sustentável.

Outra palestra a ser apresentada na One Planet é a do pesquisador Nuno Madeira, também da Embrapa Hortaliças. São duas linhas de pesquisa que tem correlação com perdas e desperdício de alimentos. A primeira é sobre o Sistema Plantio Direto em Hortaliças, um sistema conservacionista de plantio que segue três princípios básicos: o revolvimento localizado do solo, restrito aos sulcos ou berços de plantio; a diversificação de espécies pela rotação de culturas, com a inclusão de plantas de cobertura para produção de palhada; e a cobertura permanente do solo.

“A técnica reduz enormemente perdas nas lavouras, além de trazer inúmeros benefícios ambientais, não só para os agricultores, mas para a sociedade como um todo, como economia de água e energia, redução de processos erosivos e redução das emissões de carbono”, explicou o pesquisador. “Para a convivência com esse ambiente de emergências climáticas, é uma técnica que deveria ser amplamente utilizada, sendo plenamente viável para quase todas as hortaliças, como se pode comprovar pela adoção localizada em alguns estados em diversas culturas”, acrescentou.

A segunda linha de pesquisa a ser apresentada traz alternativas para o sistema alimentar. Madeira explica que “em tempos de emergências climáticas, com eventos extremos e aumento de pragas e doenças, está cada vez mais difícil produzir algumas hortaliças convencionais, em geral mais exigentes em clima ameno e mais suscetíveis a pragas e doenças. Nosso trabalho é de conservação e promoção do cultivo e do consumo de hortaliças não convencionais, parte das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC)”.

Trata-se do resgate de muitas hortaliças tradicionais, que já fizeram parte da culinária brasileira ou ainda fazem em algumas regiões, como ora-pro-nóbis, bertalhas, vinagreiras (cuxás), beldroegas, carurus (bredos), taiobas, mangaritos, inhames, carás, ararutas, entre outras. São geralmente espécies rústicas, resilientes e adaptadas, portanto, de muito menor custo de produção, além de serem destacadas na nutrição funcional e na culinária e na gastronomia.

O pesquisador explicou que, desde 2008, foram implantados bancos comunitários de multiplicação em parceria com a extensão rural e com organizações de agricultores, e realizadas capacitações, palestras, eventos, e disponibilizadas publicações. “O tema assume maior importância ainda quando direcionado para populações com alto grau de vulnerabilidade, para regiões ou épocas muito quentes, para agricultura urbana e periurbana e para o público da gastronomia que busca novos ingredientes. A proposta é diversificar nossa alimentação, enriquecendo o repertório alimentar, trazendo mais alternativas para os agricultores, novos ingredientes para os consumidores e promoção de saúde para a sociedade”, destacou Madeira. 

Nuno Madeira vai apresentar seu trabalho, in loco, aos participantes do One Planet. A ideia é mostrar a resiliência dessas plantas. No campo, são mantidas cerca de 100 espécies de Hortaliças PANC.

Embrapa Cerrados

O pesquisador da Embrapa Cerrado Felipe Ribeiro fará a apresentação “O Bioma Cerrado: características naturais, oportunidades econômicas e desafios”. O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro e considerado como a savana tropical mais biodiversa do planeta.

Já a pesquisadora Ieda Mendes da Embrapa Cerrado apresentará palestra “Saúde do solo e Bioanálise do solo (BIOAS)”, uma tecnologia que agrega o componente biológico às análises de rotina de solos.

One Planet

Esses são temas que serão abordados em Brasília, entre os dias 27 a 29 de maio. A 5ª Conferência One Planet vai reunir sociedade civil, governos, pesquisadores, organizações internacionais, setor privado, entre outros atores sociais do Brasil e de outros países, em torno do tema “Superando os obstáculos à transformação dos sistemas alimentares – Políticas coerentes e soluções sensíveis à equidade para combater simultaneamente a fome e a desnutrição, a perda de biodiversidade e a crise climática”. Na programação, estão previstas visitas a campo – as chamadas learning journeys – entre elas, uma ida à Embrapa Cerrados.

Nessa edição, realizada no Brasil, o evento é organizado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), e co-liderado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária da Costa Rica, pelo Gabinete Federal de Agricultura da Suíça (FOAG) e pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre outros.

5ª Conferência Global sobre Sistemas Alimentares Sustentáveis – One Planet

Data: 27 a 29 de maio de 2025 

Local:
 Auditório da escola Superior do TCU – Serzedello Corrêa, Brasília (DF)

A participação presencial no evento é restrita para convidados.

Para participação remota, é possível se inscrever neste link (acessos limitados)

Mais informações aqui 

Assessoria de Comunicação – MDS 

Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome