A necessidade de integração de diferentes setores para combater a insegurança alimentar, com o agravante das alterações climáticas, foi o tema central debatido no “conversatório”: Cidades que Alimentam na América Latina e no Caribe, nesta quinta-feira (29.05). O evento foi promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, de forma paralela à 5ª Conferência Global do Programa de Sistemas Alimentares Sustentáveis One Planet, realizada em Brasília nesta semana.
O “conversatório” reuniu diversas experiências práticas e projetos institucionais, em curso nos países latino-americanos e caribenhos, para fomentar sistemas alimentares mais sustentáveis, resilientes e inclusivos. Também foram apresentados os esforços do governo brasileiro no enfrentamento ao problema, além de experiências da Argentina e do Peru.
A diretora do Departamento de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável do MDS, Patrícia Gentil, expôs alguns aspectos que ilustram como o Brasil tem cuidado da agenda alimentar urbana, com destaque para a Estratégia Alimenta Cidades, que tem articulado com os maiores municípios do país ações para promover e implementar políticas públicas de promoção da segurança alimentar e nutricional entre populações em situação de vulnerabilidade, sobretudo nos territórios periféricos.
O primeiro ponto é reconhecer que precisamos de uma narrativa sistêmica e integrada da relação da fome, da pobreza e dos efeitos das alterações climáticas. As alterações climáticas acentuam as desigualdades sociais e há uma relação intrínseca entre os sistemas alimentares e o clima. O sistema alimentar é uma das causas das alterações climáticas e, ao mesmo tempo, sofre com as consequências dela, na produção e no abastecimento de alimentos. Mas também pode gerar soluções”, pontuou a diretora.
Em todas as falas ficou clara a importância do aperfeiçoamento, de maneira integrada e com a devida celeridade, de políticas públicas que apoiem a transição dos sistemas alimentares para promover segurança nutricional e a saúde das pessoas e do planeta.
Quase 50% com fome
O representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Irrigação do Peru, José Alarcon, apontou a magnitude dos desafios em seu país, um dos que têm os maiores níveis de insegurança alimentar, quase 50%, segundo ele. “Não podemos ter, cada país, uma receita diferente para poder alcançar essa transformação dos sistemas alimentares”, reforçou.
O secretário-executivo de Segurança Alimentar e Sustentabilidade de Osasco (SP), João Paulo Pereza, mencionou a Estratégia Alimenta Cidades, programa federal executado pelo MDS, e também ressaltou a importância da interação entre as diversas ações e políticas públicas na busca por segurança alimentar. “O maior desafio do abastecimento é integrar essas ações, realizar oficinas com a sociedade civil e, principalmente, ouvir a sociedade, saber o que ela deseja em termos de acesso à segurança alimentar”, disse.
Também participaram do “conversatório”, o argentino Pablo Barbieri, líder da Cooperativa Obrera, que falou sobre o modelo cooperativo na promoção da comercialização de alimentos de maneira sustentável e inclusiva e a colombiana Ana Maria Suárez Franco, da Secretaria-Geral da Fian International, que discorreu acerca da perspectiva da sociedade civil sobre os sistemas alimentares urbanos.
Parceria
A FAO, entidade criada em 1945 e atuando no Brasil desde 1949, e o MDS são parceiros históricos em projetos de segurança alimentar e nutricional, principalmente em áreas urbanas e periféricas da América Latina e do Caribe. O trabalho conjunto garante apoio e estímulo a políticas públicas e demais ações, com o objetivo de desenvolver sistemas agroalimentares mais sustentáveis e inclusivos, entre outros.
Há pouco mais de duas semanas, o governo brasileiro, por meio do MDS, e a FAO anunciaram o projeto: “Fortalecimento da Agenda Regional de Sistemas Alimentares para o Contínuo Urbano-Rural na América Latina e no Caribe”, no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.
O lançamento desta nova parceria, em 12 de maio, foi realizado em Lima, capital peruana, por ocasião do Fórum Internacional de Sistemas Agroalimentares Urbanos. O evento reuniu equipes nacionais e subnacionais de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba e Peru.
O objetivo é estabelecer um espaço de intercâmbio e cooperação entre os diversos atores envolvidos na promoção da sustentabilidade e na melhoria dos sistemas alimentares no chamado “contínuo urbano-rural”, ou seja, de forma a assistir comunidades da cidade ao campo.
O projeto visa melhorar ações e políticas públicas que aperfeiçoem a cadeia de produção, oferta, acesso e consumo sustentável de alimentos saudáveis, com foco nas populações vulneráveis e na equidade de gênero.
Assessoria de Comunicação – MDS
Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome