Após o lançamento oficial do Programa de Resiliência Socioambiental nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) do Igarapé São Francisco e Lago do Amapá, o governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), realizou nesta segunda-feira, 30, uma visita técnica a diversas instituições, com os representantes do governo do Canadá, da Organização das Nações Unidas (ONU), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e do Consórcio da Amazônia Legal (CAL).
A primeira etapa da visita foi efetuada no Viveiro da Floresta e na Biofábrica Clones da Amazônia, estruturas estratégicas da política ambiental estadual voltadas à produção de mudas, recuperação de áreas degradadas e apoio ao Programa de Regularização Ambiental (PRA). O complexo abriga mais de 50 espécies e tem capacidade anual para produzir até um milhão de mudas.
“Ficamos muito impressionados com o uso de tecnologia de ponta produzida aqui mesmo, na Amazônia, para beneficiar a população local. Isso certamente terá um impacto relevante nas ações de reflorestamento previstas ao longo do programa”, disse o coordenador de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Fábio Eon.
Segundo o coordenador, a Unesco terá importante papel na implementação do programa de Resiliência Socioambiental. “A Unesco terá um papel importante na implementação das ações designadas pela Sema, com contribuição técnica e de apoio logístico. Vamos atuar na viabilização dos contratos e na execução de frentes como reflorestamento, preparação de brigadistas e segurança hídrica, além de também ficarmos responsáveis pela supervisão técnica do projeto”, disse.
No período da tarde, a comitiva realizou uma visita à APA Igarapé São Francisco, no km 36 da Estrada Transacreana, uma das áreas beneficiadas pelo programa. A comitiva, recepcionada pela comunidade local, percorreu a trilha, e pôde conhecer um dos locais com ações previstas no eixo da bioeconomia, para incentivos a práticas sustentáveis e turismo de base comunitária.
O secretário do Meio Ambiente, Leonardo Carvalho, abordou a importância da visita à APA para as ações do Programa de Resiliência Ambiental.
“A visita dos representantes da ONU, Unesco e do governo do Canadá é muito importante para que eles possam ver de fato onde vão ser realizadas as atividades do programa. A APA tem 30 mil hectares, é um grande espaço, tem um manancial de águas e de nascentes que deságuam no Igarapé São Francisco, e é muito importante para a nossa segurança hídrica. Então é um momento ímpar e de contato com a comunidade e sensibilização para que o projeto ocorra da melhor forma possível”, observou.
Durante a trilha, os representantes nacionais e internacionais puderam conhecer um estande, localizado na casa do artesão Magno Augusto Oliveira, que comercializa produtos do extrativismo e da agricultura familiar, como o mel, artesanato indígena e couro vegetal.
Os participantes conheceram ainda uma nascente localizada na APA e finalizaram a visitação no centro cultural, que também será contemplado com a revitalização. A programação se encerrou com apresentações culturais realizadas pelas famílias e lideranças indígenas Huni Kuin e também do Projeto Literatura ao Pé de Copaíba, Maya Zuluaga.
O que disseram
“Na visita, tivemos a oportunidade, primeiro, de conhecer a comunidade, conhecer a família, conhecer as tradições, a cultura, e depois os modos, os meios de vida dessa família. Tivemos um intercâmbio de saberes e de conhecimento para ver como as Nações Unidas, com a Unesco, em parceria com o governo do Acre e a Secretaria do Meio Ambiente, vai apoiar a comunidade para seguir melhorando as condições de vida.”
Silvia Rucks, coordenadora residente do escritório da ONU no Brasil
“Por meio da visita técnica, verificamos como esses recursos do Fundo Brasil-ONU, que são uma implementação do Consórcio da Amazônia Legal com a ONU e o governo federal, vão poder ajudar na qualidade de vida dessa comunidade. Vimos, por exemplo, uma nascente de água que não tem nenhum tipo de estrutura de proteção, e foi dito aqui, por eles, que o recurso desse programa vai ajudar na implementação dessa estrutura, para que não falte água, principalmente no período da seca.”
Vanessa Duarte, diretora executiva do Consórcio da Amazônia Legal
“Esse programa é essencial, pois vai dar as condições que precisamos para melhorar nossa qualidade de vida na APA. Por meio dele vamos melhorar nossas condições e realmente suprir as necessidades para reduzir os impactos ambientais que enfrentamos por conta das mudanças climáticas.”
Juliano Ninawa, brigadista comunitário e liderança da APA Igarapé São Francisco