Pequim (China) — Para fortalecer o trabalho realizado no Brasil pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), a missão oficial do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional visitou, nesta terça-feira (12), o Centro Nacional de Redução de Desastres da República Popular da China. O órgão, subordinado ao Ministério de Gestão de Emergências, apresentou o sistema integrado que monitora, previne e responde a desastres no país asiático.
A visitação é um dos mecanismos de diálogo ministerial previsto no Memorando de Entendimentos assinado entre Brasil e China. O acordo prevê o intercâmbio de conhecimentos no fortalecimento dos sistemas de gestão de riscos e emergências, na redução de perdas causadas por catástrofes, na melhoria das capacidades de preparação e resposta e na promoção do desenvolvimento de infraestrutura resiliente.
O Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, afirmou que as soluções adotadas pela China poderão inspirar o Brasil na gestão de riscos e na construção de uma cultura de prevenção. “Temos especial interesse em conhecer o funcionamento dos sistemas utilizados pela China, incluindo o uso de satélites e outras ferramentas digitais para o monitoramento e análise de desastres, que podem contribuir para ações mais eficazes de prevenção, alerta e resposta rápida às emergências”, declarou Góes.
O Centro Nacional de Redução de Desastres da China coordena 12 comissões responsáveis por diversas áreas, como monitoramento e alerta antecipado, análise e avaliação de riscos, construção de sistemas de monitoramento, uso de tecnologia espacial, gerenciamento de dados e pesquisa científica. Também atua na elaboração de leis, regulamentos, normas e estratégias, além de promover intercâmbio internacional e educação da população para prevenção de desastres.
“A principal função do nosso centro é suporte tecnológico para redução e prevenção de desastres”, explicou o Diretor Shi Fena durante a apresentação. “A China realizou seu primeiro levantamento integrado de riscos de desastres naturais entre 2020 e 2023. Em três anos, nós conseguimos estabelecer um banco de dados, e elaborar um mapa de riscos de desastres naturais”, completou.
Segundo Fena, o país opera um centro de monitoramento e alerta antecipado que produz cerca de 300 relatórios anuais e atua no acompanhamento constante de chuvas fortes, inundações, nevascas e outros fenômenos. Satélites também são usados para mapear incêndios florestais, enchentes e outros eventos. Em situações de desastre, a China mobiliza recursos de satélites militares, civis e comerciais para gerar, em até sete horas, um primeiro mapeamento da área afetada.
Em relação à resposta a desastres, o diretor chinês destacou a operação de um sistema conjunto de drones no país. “Temos cerca de 220 empresas parceiras com mais de dois mil equipamentos de monitoramento, que formam um sistema conjunto de drones. Em menos de duas horas podemos ter uma resposta em todo o país por meio da operação desse sistema”, afirmou.
O país também conta com uma rede de um milhão de técnicos de informação distribuídos em cinco níveis administrativos (central, provincial, municipal e distrital), que podem registrar até 500 mil relatos de desastres por ano. Este sistema é submetido a uma estrutura administrativa nacional de alerta. “Atualmente, a nossa capacidade de avaliação ampla é de meia hora depois do sismo”, completou Fena.
Quando concluída a apresentação chinesa, o diretor do Centro Nacional de Redução de Desastres se colocou à disposição para fornecer apoio técnico ao Brasil, especialmente no uso de drones, tecnologia espacial, tratamento inteligente de dados e sistemas de alerta. “Nós podemos estar dispostos a fornecer nosso apoio e nossa consulta técnica de acordo com a nossa capacidade e de acordo com a necessidade dos colegas”, afirmou.
Cooperação no âmbito do BRICS
O secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, enfatizou que a legislação da política pública de Defesa Civil no Brasil é bastante recente. “Essa legislação de 2012 representou uma quebra do paradigma na relação política com a prevenção. Pela primeira vez, a prevenção foi colocada de maneira muito clara pelo governo federal, com a alocação de recursos do Orçamento Geral da União para medidas de prevenção a desastres a nível federal”, pontuou.
Segundo Wolff, o modelo brasileiro de gestão de riscos apresenta semelhanças com o adotado pela China, abrangendo desde ações de prevenção, mitigação e preparação, até a resposta e a reconstrução pós-desastre. Assim como na China, o sistema funciona de forma integrada, com atuação coordenada entre o governo federal, os governos estaduais e os municípios.
O secretário lembrou que o Brasil, por sua dimensão continental, enfrenta desafios semelhantes aos da China. O país possui 5.570 municípios e, no dia do encontro, cerca de 1.500 estavam em situação de emergência ou de calamidade pública.
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Fonte: Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional