A vida de Gildmar dos Santos Sobreiro sempre esteve ligada ao mel. Apicultor desde 1995, ele deixou Goiás e encontrou no Acre, em 2018, a chance de transformar sua paixão em negócio. Hoje, no Projeto de Assentamento Sustentável Bonal, em Senador Guiomard, Gildmar comemora a conquista de uma agroindústria equipada, capaz de processar o mel com qualidade certificada e reconhecida em todo o estado.
“Apicultura é amor. Não é só trabalho, é preservação. A floresta precisa das abelhas e nós precisamos da floresta em pé”, disse o produtor, destacando que os novos equipamentos adquiridos pela Associação Flora Bonal, por meio do Programa REM Acre Fase 2, elevaram a capacidade de processamento e melhoraram a qualidade do produto.
A experiência de Gildmar foi uma das histórias conhecidas de perto, na última quinta-feira, 25, pela Missão de Monitoramento do Programa REM Acre Fase 2. A visita internacional reuniu representantes do governo e parceiros na comunidade Bonal, onde foram apresentadas ações que fortalecem duas cadeias produtivas fundamentais para a economia local: a do mel e a da borracha.
Mel que preserva e gera renda
Com recursos do REM, a Associação Flora Bonal estruturou uma agroindústria moderna, beneficiando diretamente 73 pessoas, entre jovens e adultos. A iniciativa garante maior capacidade produtiva, reduz o tempo de manejo e agrega valor ao mel, que agora pode ser comercializado com selo de inspeção sanitária. O resultado é o aumento da renda familiar e valorização de um produto típico da Amazônia, ao mesmo tempo em que se preserva o meio ambiente.
“Hoje temos equipamentos que fazem o trabalho de 30 homens. Isso muda tudo, da qualidade do mel à forma como conseguimos vender, com certificação. Nosso mel não tem maquiagem, é transparente como nosso trabalho”, reforçou Gildmar.
A gerente de Programa e Assessora Política do Departamento de Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido (DESNZ), Svenja Bunte, destacou o avanço da comunidade após acompanhar o desenvolvimento do projeto ao longo dos últimos dois anos. “Na primeira vez que visitei, ainda não havia apoio efetivo, apenas a intenção de investir. Agora, vejo a diferença: já provei o mel, que está com embalagem adequada, pronto para ser vendido até em supermercados, quando antes era comercializado de forma mais simples. Também percebi as reformas na casa de mel e como o programa ajudou a tornar tudo mais profissional. É visível o impacto positivo que o REM trouxe para a comunidade”, afirmou.
Borracha que resiste e mantém tradição
A comunidade também mostrou aos visitantes os avanços da Cadeia Produtiva da Borracha, que carrega a memória de gerações de seringueiros. O programa REM Acre Fase 2 destinou recursos para o pagamento da subvenção econômica, o subsídio previsto em lei estadual, diretamente aos produtores, por meio de contas bancárias individuais.
O novo modelo, gerido pela Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri), substitui o sistema anterior, em que as cooperativas intermediavam o repasse, mas enfrentavam problemas de prestação de contas que atrasaram o pagamento. Com a mudança, 77 extrativistas da Cooperativa Agroextrativista Bonal (Cooperbonal) já receberam R$ 70,1 mil de forma direta e mais rápida.
“O que antes demorava meses por causa da burocracia agora chega na conta do produtor, sem depender da cooperativa. Estamos corrigindo os atrasos antigos e garantindo que o subsídio seja pago com mais agilidade e transparência”, afirmou o Francisco Alves de Macedo, representante da Cooperbonal.
Preservação e futuro
Seja pelo mel que mantém a floresta viva, seja pela borracha que resiste como símbolo da identidade amazônica, a comunidade Bonal mostra que desenvolvimento sustentável é possível quando se alia tradição, tecnologia e políticas públicas.
Para Gildmar, a mensagem é simples: “Quando a gente trabalha com transparência e amor, a floresta agradece, o produtor melhora de vida e o mundo reconhece o valor do que é feito aqui.”