“A tarefa dos agentes territoriais é fundamental para mudar o paradigma de construção da política de cultura”, declara Márcio Tavares

Cultura

Começou nesta quarta (25), em Goiânia (GO), o I Encontro Regional de Agentes Territoriais de Cultura do Centro-Oeste. Ao longo de três dias, cerca de 70 pessoas, entre os bolsistas do programa, coordenadores pedagógicos, tutores, representantes dos comitês de cultura da região e gestores do Ministério da Cultura (MinC) participam de atividades, oficinas e apresentações artísticas para aprimorar os trabalhos desenvolvidos no âmbito do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC).

Presente na cerimônia de abertura, o secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, destacou a importância de ver a política pública concretizada no trabalho dos agentes territoriais de cultura.

“Estou muito contente de poder estar com vocês aqui da região Centro-Oeste, junto com os meus colegas de Ministério, fazendo parte deste programa que é tão importante e tão inovador. A gente entende que não faz boa política pública sem participação social, sem ouvir a comunidade de cultura, sem ouvir a cidadania. E vocês são centrais nessa construção”, declarou.

E continuou: “Em nome da ministra Margareth Menezes, digo que esse programa é muito central e a tarefa de vocês é muito importante. Ter a colaboração de vocês em cada microrregião do país é fundamental para mudar o paradigma de construção de políticas públicas de cultura. A gente está construindo 195 Céus da Cultura, nove aqui em Goiás. E onde esses equipamentos vão ser construídos? Nas periferias, nos locais de maior vulnerabilidade social, onde há o maior vazio de equipamentos culturais”, concluiu.

Cultura e Educação

O encontro no Centro-Oeste é promovido pelo MinC em parceria com o Instituto Federal de Goiás (IFG), responsável pelas atividades de formação dos agentes territoriais de cultura que atuam na região. A secretária de Articulação Federativa e Comitês de Cultura do Ministério, Roberta Martins, responsável pela coordenação do programa, lembrou que o IFG foi o primeiro a aceitar a parceria mesmo antes do programa estar totalmente desenhado.

A gente só conseguia imaginar esse programa com a participação dos Institutos Federais dando suporte de formação, de aglutinação, para conseguir ter uma relação respeitosa com os agentes, pelos conhecimentos que eles trazem dos territórios. E esse programa é a base do Sistema Nacional de Cultura. Para a gente melhorar a qualidade da gestão pública do Brasil, a gente precisa fortalecer o SNC e uma parte da base territorial está justamente no Programa Nacional dos Comitês de Cultura, com cada agente territorial e com os comitês”, afirmou a secretária.

A reitora do IFG, Oneida Irigon, também celebrou a parceria. “Que honra, que lindo estarmos aqui nesse primeiro encontro agentes territoriais de cultura do Centro-Oeste. O IFG é uma instituição que respira arte. Eu sou pedagoga, sou da educação, e espero que vocês aproveitem esse espaço para muita troca. Vamos levar desse encontro muito amor e vida, que é isso que a cultura proporciona pra gente”, afirmou.

Já o diretor de Políticas para Trabalhadores da Cultura do MinC, Deryk Santana, lembrou que além de aliar cultura à educação é preciso entender o fazer cultura como um trabalho que precisa ser remunerado.

“Um dos grandes acertos que temos nesse governo é a criação desse programa com os agentes territoriais de cultura. O que vocês fazem é garantir direitos culturais para as pessoas, e isso não é pouca coisa. É assim que a gente transforma o mundo e por isso devemos ser vistos como trabalhadores e trabalhadoras da cultura”, concluiu.

Representantes das diretorias de Educação Popular e de Participação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República participaram da cerimônia de abertura, além da Secretaria de Cultura do Estado de Goiás, vereadores da Comissão de Cultura da Câmara Municipal de Goiânia, e a coordenação do Escritório Estadual do MinC em Goiás.

Da Congada ao Hip-Hop

O primeiro dia do encontro também foi marcado por apresentações artísticas. Em atividade há 57 anos em Goiânia, o terno de congada Verde e Preto de São Benedito abriu os trabalhos. O primeiro capitão do grupo, André Lúcio, falou sobre a importância da valorização de manifestações populares como Patrimônio Cultural do Brasil.

Apresentação do terno de congada Verde e Preto de São Benedito. Foto: Katú Leão
Apresentação do terno de congada Verde e Preto de São Benedito. Foto: Katú Leão

 “Nossos instrumentos são artesanais, são de couro de boi e de madeira, que a gente faz na mão, para poder todo ano sair nas ruas dançando a nossa congada. Conheçam a nossa cultura. Só dentro de Goiânia há pelo menos 9 grupos de congada. Lutamos para poder manter de pé. Não é fácil levar uma cultura que toma muita pancada e enfrenta muita dificuldade. Mas, pela memória dos nossos antepassados, nós mantemos viva”, declarou.

Para abrir a programação da tarde, o coordenador-geral da Oficina Cultural Geppetto, professor Marcos Lotufo, fez uma fala inspiradora, contando a história dos 20 anos da organização sociocultural. Em seguida, os agentes territoriais em atuação em Luziânia (GO) preparam uma apresentação, recitando um poema em homenagem ao trabalho dos fazedores de cultura.

“A cultura para nós é alimento, é raíz que se agarra no chão da memória. É reza antiga, é abrigo, é história”, declamou Elmo Ferrer, um dos autores do poema.

“Que esse canto possa tocar cada um de vocês nesta sala. Que possa tocar verdadeiramente vocês que carregam a semente da cultura. Onde a arte pisa, o chão floresce”, completou Romana de Sá, que também assina a poesia.

Apresentações espontâneas de Hip-Hop e de samba também marcaram a roda de conversa entre os agentes territoriais de cultura que aconteceu ao longo da tarde. Os bolsistas puderam compartilhar experiências e trocar conhecimentos e estratégias para enfrentar os desafios específicos de cada território. O dia foi encerrado com um duo de viola caipira e baixo elétrico de Pedro Vaz e Jefferson Amorin tocando ritmos tradicionais da região Centro-Oeste.

Fonte: Ministério da Cultura