Abertura do I Encontro de Agentes Territoriais de Cultura do Sul debate caminhos de políticas que unem arte e educação

Cultura

Conversas sobre captação de recursos para projetos culturais e o papel de agentes territoriais nas políticas públicas de Estado – tudo isso entre batalha de rima, histórias de griô, tambor de sopapo, show de rap, slam e poesia. Assim começou o I Encontro Regional de Agentes Territoriais de Cultura do Sul, nesta quarta (20), em Pelotas (RS). 

Mais de 100 pessoas, entre agentes, coordenadores pedagógicos, tutores, representantes dos comitês de cultura da região, gestores do Ministério da Cultura (MinC) e da Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR) participam das atividades, destinadas à discussão e qualificação do trabalho desenvolvido no âmbito do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC).

Durante a abertura, a secretária de Articulação Federativa e Comitês de Cultura do MinC, Roberta Martins, lembrou os agentes sobre a importância da atuação deles, especialmente na defesa de valores basilares, como a democracia.

“A democracia brasileira também se faz dos fazeres culturais, A cultura é proposição estética, de resistência e de narrativas democráticas para esse país. A liberdade, para nós, é qualificada na liberdade de fazer, de fruir, de estar e se organizar no meio cultural. A censura não pode estar no nosso seio. MC não é bandido, sambista não é bandido, tocador de tambor não é bandido, ninguém pode tirar esses princípios da cultura. E é assim que a gente vai ajudar e contribuir para que o Brasil permaneça soberano e defendendo a sua cultura”, declarou.

O Encontro também é a primeira oportunidade de agentes territoriais dos três estados do Sul se encontrarem pessoalmente. Uma chance de fortalecer redes e estabelecer novas conexões para promover ainda mais o trabalho nos territórios.

“Estar participando desse evento aqui no Rio Grande do Sul está sendo muito engrandecedor. Esse primeiro dia já começou a milhão. Tivemos muita troca, com muitas coisas que a gente precisa conversar e debater. Eu estou numa expectativa muito boa para os próximos dias”,  afirmou a agente territorial Brisa N’tchalá, que atua na cidade de Curitiba (PR).

Mudança de mentalidade

O PNCC também é considerado uma inovação na forma de pensar política pública para a cultura. A  diretora de Articulação e Governança do MinC, Desiree Tozi, pontuou para os agentes a importância que eles têm nesse processo.

“Vocês são uma grande expectativa do Ministério da Cultura, é uma tentativa da gente transformar as políticas culturais a partir da lógica do território. Então, esse desenho que a gente está querendo dar para as políticas culturais tem em vocês uma chave importante de tradução. É uma responsabilidade pesada, a gente está mudando a forma de pensar. E mudar mentalidades é um processo longo, Mas, a gente tem todas as esperanças e expectativas nesse Programa”, concluiu.

A segunda mesa do dia também debateu o papel de agentes territoriais em políticas onde a atuação deles já é mais conhecida, como de saúde e economia solidária. A proposta é uma atuação integrada, como pontuou o diretor de Educação Popular da Secretaria-Geral da Presidência da República, Pedro Pontual.

“A ideia do agente territorial nasce da avaliação de que não é suficiente ter boas políticas para promover a mudança de consciência, no sentido de que as pessoas deixem de ser beneficiárias e passem a ser sujeitos de direitos. Para que isso aconteça, é muito importante o modo como essas políticas chegam nos territórios. Por isso, é preciso ter essa figura de mediação no sentido educativo, esse é o papel dos agentes territoriais, em qualquer uma das políticas”, explicou.

Rap e educação

Um dos convidados para conversar com os agentes foi o ativista cultural Rafa Rafuagi, criador do Museu da Cultura Hip-Hop do Rio Grande do Sul. Para uma plateia atenta, ele falou sobre captação de recursos para projetos culturais, com orientações sobre formas de acessar patrocínios, financiamentos e parcerias, além de estratégias de mobilização e engajamento com a comunidade.

“Fazer de qualquer jeito não é da cultura brasileira, a cultura brasileira é de excelência. E por isso precisamos de pessoas de excelência, capacitadas para desenvolver a cultura em cada território”, destacou.

O rapper e arte-educador Renan Inquérito encerrou as atividades do dia com uma apresentação que mostrou, na prática, como cultura e educação caminhando juntas conseguem envolver e transformar realidades. 

As atividades do I Encontro de Agentes Territoriais de Cultura do Sul seguem até esta sexta-feira (22), em Pelotas.

Fonte: Ministério da Cultura