Acre celebra 63 anos com troca de bandeira, entrega de honrarias e balanço do progresso

Acre

Em um evento marcado por homenagens, troca de bandeira e entrega de honrarias, o Acre celebrou neste domingo, 15, seus 63 anos de história e luta para se firmar como parte do Brasil. Autoridades, personalidades e, sobretudo, o povo acreano estiveram presentes na cerimônia, em que o governador Gladson Camelí destacou a trajetória do estado, reverenciou os cidadãos que ajudaram a escrevê-la e ressaltou os avanços conquistados ao longo dos anos.

Durante evento, governador relembrou história do Acre e avanços na sua gestão. Foto: José Caminha/Secom

“Vamos comemorar os 63 anos de emancipação do Estado do Acre, mas precisamos ter a consciência de que o estado não começou há apenas seis décadas. O Acre é maior. Aqui, antes da chegada dos europeus, já viviam mais de uma dezena de povos indígenas, muitos dos quais nos deixaram sua genética, conhecimento e costumes. Somos parte dessa herança ancestral”, destacou Camelí.

Citou ainda o Ciclo da Borracha, período histórico que marcou a principal atividade econômica do estado, por muitos anos. “Muito antes do discurso ambiental, somos a prova de que homem e natureza podem se desenvolver juntos”, frisou, ao relembrar que o Acre já foi independente, mas escolheu seu caminho não por conveniência, mas por vocação.

O chefe de Estado listou nomes importantes para a história do estado e fez um balanço das últimas conquistas registradas, principalmente durante seus dois anos de mandato. “O melhor está em construção: mais da metade da nossa população tem entre zero e 24 anos. Para esses acreanos, estamos construindo o amanhã sem abrir mão do hoje”, garantiu.

Evento foi realizado no fim da tarde deste domingo. Foto: José Caminha/Secom

Gladson Camelí aproveitou a celebração para reforçar a importância da gestão integrada entre Estado, instituições e gestores públicos, destacando que o verdadeiro progresso só acontece quando a população acreana é colocada no centro das decisões e prioridades.

“Nomes e pessoas passam. Sempre irão passar. O Acre, esse, sempre existirá. Somos um único povo, um único estado. Por isso, os detentores de cargos públicos não podem e não devem sucumbir ao calor da fogueira de egos, movidos por interesses de grupos políticos. Ações intempestivas tomadas pelo sentimento de vingança ou pelo desejo de poder prejudicam o estado, a sua população e o seu destino”, ponderou.

A solenidade foi marcada com a revista às tropas, seguida do rito da troca de bandeira e depois a entrega das honrarias. Um vídeo comemorativo produzido pela Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) foi exibido durante o evento. 

Homenagens

Nas publicações deste domingo, 15, no Diário Oficial do Estado, o governador concedeu a maior honraria do Acre: a Ordem da Estrela. A condecoração, entregue em diferentes graus, tem a Grã-Cruz como seu mais alto reconhecimento.

A distinção é destinada a personalidades cujas contribuições notáveis impulsionam o desenvolvimento do estado ou cujas ações impactam diretamente a vida da população acreana.

Homenageados com a Ordem da Estrela do Acre

  • Labib Murad: ginecologista e obstetra  há 59 anos, e primeiro médico legista do Acre. Recebeu a insígnia no grau de Grã-Cruz;
  • Padre Mássimo Lombardi: responsável pela área missionária da Cidade do Povo, pela Casa de Emaús e coordenador do Instituto Ecumênico Fé e Política, entidade social de caráter pacifista entre as religiões. Nascido na cidade de Luca, na Itália, em 1945, foi ordenado sacerdote em 1969 e chegou ao Acre em 1974, fruto de uma parceria missionária entre as dioceses de Luca e do Acre. Recebeu a insígnia no grau de Grande Oficial.
  • Narciso Mendes de Assis: engenheiro civil e empresário no estado. Pelo PDS, foi eleito deputado estadual em 1982 e deputado federal em 1986, participando da Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a Constituição de 1988. Recebeu a insígnia no grau de Grande Oficial da Ordem.
  • Osmir de Albuquerque Lima Filho: eleito deputado federal em 1986, participou da Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a Constituição de 1988, sendo vice-líder do PMDB na Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988). Recebeu a insígnia no grau de Grande Oficial.
  • Aldenor Araújo da Silva: nascido na região do Rio Purus, é proprietário de uma das principais redes de supermercado do estado acreano.
  • Fábio Ricardo Leite: reitor do Centro Universitário Uninorte, recebeu a insígnia no grau de Comendador.
  • Adauto José Batista: popularmente conhecido por “Batista”, foi condecorado em memória, com a insígnia no grau de Cavaleiro. Foi um destacado empresário em Cruzeiro do Sul, dono do primeiro posto de combustíveis e da primeira empresa de transporte da cidade. A filha recebeu a homenagem.
  • Aluysio Ferreira Gomes: conhecido como “Bacanagem”, é uma personalidade de Cruzeiro do Sul. Recebeu a insígnia no grau de Cavaleiro.
  • Messias do Santos Paiva: empossado em 1º de março de 1974, é servidor público do Estado há mais de 50 anos e atravessou o mandato de 14 governos do Acre. Recebeu a insígnia no grau de Cavaleiro.

Além das homenagens, o governador reconheceu, no decreto, a importância cultural, cívica e institucional da Banda de Música da Polícia Militar do Estado do Acre, a Furiosa, em eventos oficiais, públicos e comunitários, considerando a dedicação, talento e disciplina de seus membros, responsáveis por enaltecer a imagem da corporação perante a sociedade acreana. Por isso, foi concedida homenagem oficial em reconhecimento aos integrantes do grupo.

Messias Paiva, com mais de 50 anos de serviço público, foi homenageado. Foto: José Caminha/Secom

Messias Paiva: reconhecimento por 51 anos de serviço público

Messias Paiva atua na Secretaria de Comunicação desde 1º de março de 1974. Ao longo de 51 anos de dedicação ao serviço público, passou por 14 governos, exercendo diversas funções, entre elas chefe de gabinete e secretário substituto, sempre com compromisso e excelência.  

“O sentimento é de muita gratidão. Confesso que fui pego de surpresa pela secretária Nayara Lessa, que me fez esse convite, e não poderia recusar. Estou aqui há 51 anos e, se Deus permitir, pretendo continuar por mais 51. Não penso em parar agora”, declarou, ao receber a homenagem.  

Messias também destacou a parceria com os colegas de trabalho e refletiu sobre o que o torna referência na área. “Sou fiel ao que faço e sei que, sem o apoio dos meus colegas da Secom, esse reconhecimento não seria possível”, agradeceu. 

Labib foi primeiro médico especialista do estado. Foto: José Caminha/Secom

O primeiro médico especialista do Acre

Labib Murad recebeu a maior condecoração do Estado, por sua trajetória dedicada ao cuidado com as pessoas, sempre com humildade e carinho. Foi o primeiro diretor do Pronto-Socorro de Rio Branco, um dos fundadores do Hospital Prontoclínica e, posteriormente, secretário estadual de saúde em diferentes gestões.  

Além disso, exerceu o cargo de vice-governador durante o governo de Orleir Cameli, sempre comprometido com o desenvolvimento e o bem-estar da população acreana. Murad também foi o primeiro médico do estado a possuir uma especialidade, consolidando uma carreira marcada pela coragem, entrega e compromisso com a vida.  

Ao falar sobre a honraria, relembrou sua chegada ao Acre, há quase 58 anos, em uma tarde de domingo semelhante à da celebração. “Recebo esse reconhecimento com a mais profunda gratidão, porque, na minha profissão, fazer o bem, exercer a medicina e salvar vidas sempre foram obrigações. Agradeço imensamente por tudo que tentamos fazer, tanto como gestor público quanto como médico. Busquei implantar uma rede física de saúde em todo o estado, desde o atendimento aos ribeirinhos. Construímos e implementamos não só a infraestrutura, mas um sistema de saúde de complexidade crescente, garantindo assistência até mesmo às comunidades ribeirinhas, por meio de embarcações”, recordou.  

Murad também reconheceu os avanços na área da saúde no estado ao longo dos anos: “Hoje, a medicina em Rio Branco e no Acre evoluiu significativamente. Ninguém precisa sair da cidade para receber atendimento médico, tudo é feito aqui. Sinto muito orgulho de ter participado dessa transformação”. 

Trajetória de Padre Mássimo é um testemunho de amor ao próximo, humildade e serviço. Por isso, o governador Gladson Camelí reconhece a trajetória religiosa e também sua profunda contribuição humana e social. Foto: José Caminha/Secom

Testemunho de amor ao próximo

Padre Mássimo Lombardi também foi homenageado. Nascido em Luca, Itália, em 1945, foi ordenado sacerdote em 1969 e chegou ao Acre em 1974, a partir de uma parceria missionária entre a Igreja Católica de sua cidade natal e a diocese local. Há cinco décadas, semeia não apenas a doutrina cristã, mas também o exemplo de convivência, escuta e serviço ao próximo.  

Sua formação começou no seminário de Luca, mas foi na universidade popular, ao lado de seringueiros, ribeirinhos, colonos e moradores das periferias de Rio Branco, que consolidou sua atuação como líder espiritual e cidadão engajado com as causas sociais.  

Sua vida é um testemunho de amor ao próximo, humildade e serviço. Por isso, o governador Gladson Camelí reconheceu sua trajetória religiosa e sua contribuição social.  

“Sinto-me honrado e feliz. Mas, ao mesmo tempo, aceito essa condecoração como um compromisso renovado, para trabalhar com mais entusiasmo e fidelidade, principalmente em prol dos mais desfavorecidos. Minha vida foi dedicada às pessoas mais humildes. Então, agradeço ao governador e à equipe pelo reconhecimento e por me incluírem nesta celebração. De um lado, é um prêmio, e, de outro, uma responsabilidade”, declarou, antes de proferir uma oração, ao entardecer.

Famílias se reúnem para assistir à celebração. Foto: Tácita Muniz/Secom

O maior símbolo cívico

Para quem acompanha a solenidade, o evento é marcado por emoção e aprendizado. Tamires Lima aguardava ansiosamente o desfile de seu filho, de 17 anos, pelo Colégio Tiradentes. “Gosto de estar presente como mãe, mas também vejo esse momento como uma oportunidade única de aprendizado. É muito especial e significativo”, destacou.

Caio Araújo e Nazareth Oliveira, por sua vez, decidiram prestigiar a solenidade pela primeira vez. “Viemos acompanhar, porque é importante manter viva a história do nosso estado. Além de ser uma experiência enriquecedora, trazemos a família para aprender e aproveitar o momento”, observou Caio.

Nazareth, professora, reforça que esse tipo de celebração fortalece o amor dos acreanos por sua terra e reforça ensinamentos transmitidos nas escolas: “É uma forma de cultivar o sentimento de pertencimento e o amor pela própria pátria”.

Fonte: Governo AC