A Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Acre (SEE) realizou, nesta terça-feira, 12, em Rio Branco, a abertura da 6ª Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente. O encontro segue até esta quarta-feira, 13, na Escola Estadual Armando Nogueira, reunindo estudantes do ensino fundamental, anos finais, de 18 municípios que aderiram à Conferência Nacional e já promoveram suas etapas escolares e municipais.
O objetivo é apresentar e selecionar projetos de ação desenvolvidos pelas escolas, definindo aquele que representará o Acre na etapa nacional, em Brasília, no mês de outubro. Também serão eleitos nove delegados para compor a delegação acreana.
Durante a solenidade, o secretário de Estado de Educação e Cultura, Aberson Carvalho, destacou a importância de fortalecer a consciência ambiental desde cedo, lembrando que mudanças climáticas e eventos extremos já impactam diretamente a vida dos acreanos.
“Sem floresta, nós não existimos. Tudo o que está sendo debatido aqui conecta diretamente com o futuro dos estudantes. Esta conferência planta uma semente de responsabilidade e mostra que as ações de hoje vão refletir no amanhã”, afirmou.
A chefe da Divisão de Educação Ambiental, Maria de Fátima Oliveira, ressaltou o papel da conferência como espaço de protagonismo juvenil e troca de experiências. Segundo ela, a maior parte dos projetos inscritos aborda o tema Territórios que Protegem, um dos três eixos do evento.
“É uma oportunidade para que os jovens elejam seus representantes e apresentem soluções para os desafios ambientais. Eles são protagonistas, e o que for decidido aqui será levado para discussões nacionais”, disse.
Representando o Ministério da Educação, Fernanda Farias, que também participou de edições anteriores como estudante, emocionou-se ao lembrar como a conferência transforma vidas:
“Muitos dos jovens que passaram por aqui tornaram-se profissionais engajados, líderes comunitários, médicos, jornalistas. Essa experiência desperta autonomia, cidadania e consciência ambiental”, ressaltou.
Protagonismo Juvenil
Entre os trabalhos concorrentes, está o projeto Águas do Caquetá, da Escola Estadual União e Progresso, de Porto Acre, que visa revitalizar um igarapé poluído atrás da escola.
“Queremos retirar o lixo, plantar árvores e devolver a vida ao igarapé, como era antes. É uma forma de cuidar da nossa comunidade e também do planeta”, contou a estudante Ingrigy Passarini, do 9º ano.
A presença indígena também marcou o encontro. A estudante Analu Puyanawa, de 12 anos, do município de Mâncio Lima, falou sobre o envolvimento de sua comunidade com a preservação ambiental.
“Lá a gente trabalha bastante com reflorestamento e piscicultura. Em apenas dois dias, plantamos mais de 5 mil mudas frutíferas. É importante porque estamos cuidando da nossa terra e garantindo alimento saudável para o nosso povo e para outros também”, declarou.
A professora indígena Maria José Puyanawa, que liderou a comitiva de Mâncio Lima com cerca de 30 pessoas, reforçou a relevância desse protagonismo:
“Eu nunca tive a oportunidade, enquanto aluna, de ter voz e vez, dentro ou fora do contexto indígena. Ver nossos estudantes participando e mostrando nossa cultura é fortalecer nossa identidade e abrir caminhos para que eles possam voar e contribuir com o povo e com outras comunidades”, participou.
Para Maria José, a conferência também é um espaço de resistência e afirmação cultural: “Historicamente, os povos indígenas atravessaram extermínios e quase tiveram sua cultura apagada. Hoje, momentos como este mostram que continuamos fortes, ancestrais e amazônidas”, concluiu.
A conferência encerra nesta quarta-feira, com a escolha do projeto vencedor e dos delegados que levarão a voz da juventude acreana à etapa nacional, onde suas propostas serão debatidas e poderão influenciar políticas públicas ambientais para todo o país.