Com o objetivo de promover a inclusão no audiovisual, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e o Ministério da Cultura (MinC) promoveram nesta quinta-feira (4) duas sessões com recursos de acessibilidade para cerca de 120 alunos com deficiência visual e auditiva da rede pública de ensino do Distrito Federal (DF). As exibições do filme Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa foram realizadas em complexo cinematográfico no Guará, com apoio da Paris Filmes e da Rede Cinesystem Cinemas.
A ação integra o projeto Cinema Brasileiro de Todos para Todos e marcou o encerramento da Semana do Cinema (28/08 a 03/09), que nesta edição registrou recorde de público, ampliando o acesso às salas de cinema em todo o país.
“Hoje celebramos mais um passo do Cinema Brasileiro de Todos para Todos, que é pensar a inclusão no cinema brasileiro, trazer as pessoas para dentro das políticas públicas, integrando aquelas com deficiência nesse processo. O objetivo do trabalho do MinC e da Ancine é o bem-estar da sociedade e das pessoas dentro das políticas públicas”, afirmou o diretor-presidente da Ancine, Alex Braga.
Ele explicou que desde 1º de janeiro de 2023 as salas de cinema no país contam com soluções de acessibilidade – aplicativos e recursos inseridos nas obras audiovisuais lançadas no mercado exibidor brasileiro, que podem ser ativadas na tela e no celular.
“Nós fizemos dois eventos no Rio de Janeiro, um para estudantes cegos e outro para surdos, nos quais eles testaram esses recursos, muitos deles em sua primeira vez em uma sala de cinema. Agora a gente amplia isso, porque a ideia é a da coletividade e da autonomia. Trouxemos estudantes com deficiência visual e auditiva para compartilharem a experiência numa sala de cinema”, completou Alex, destacando que o projeto deverá ser levado a outras capitais e municípios.
Escolas
Acompanharam as sessões simultâneas com acessibilidade aberta – uma com libras e legendas descritivas na tela e a outra com áudiodescrição no sistema de som da sala – alunos do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (Ceedv), da Escola Integral Bilíngue Libras-Português do Plano Piloto, ambos em Brasília, e do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 07, de Ceilândia. Os interessados em conhecer a acessibilidade por aplicativos foram orientados a utilizá-los em seus celulares.
“Eu gostei bastante de vir assistir aqui, eu nunca tinha participado de uma sessão assim. Tinha assistido esse filme na minha escola, e daquela vez tinha um intérprete de libras do lado. Agora, na sala de cinema, eu pude perceber coisas e entender claramente a mensagem”, comentou a estudante do 5º ano da Escola Integral Bilíngue Libras-Português, Sophia Stephane Melo Guimarães, de 13 anos.
Na sequência, os alunos poderão avaliar a experiência por meio de um questionário em QR Code, disponibilizado pela Secretaria de Educação do DF e aplicado pelos professores, o qual será enviado à Ancine. O intuito é que a consulta, com críticas, sugestões e elogios, permita o aperfeiçoamento dos recursos de acessibilidade.
Participação
A secretária Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella, enfatizou a relevância da iniciativa das sessões com acessibilidade para a participação das pessoas com deficiência nos equipamentos culturais.
“Estamos aqui com estudantes, reconstruindo essa ideia da participação social das pessoas com deficiência. É o começo de uma transformação para que a gente tenha essas pessoas nos espaços culturais, na produção artística. Não só como beneficiárias passivas, mas também na construção dessa transformação”, salientou.
Para a subsecretária de Educação Inclusiva e Integral da Secretaria de Estado de Educação do DF, Vera Lúcia Ribeiro de Barros, a iniciativa oferece a oportunidade de dar visibilidade à pauta da acessibilidade e da promoção da inclusão.
“Por meio desse projeto temos essa possibilidade, da oferta de tecnologias para as pessoas com deficiência, para que elas possam vir a ocupar os espaços culturais com equidade. A Lei Brasileira de Inclusão [Lei 13.146, de 2015], que determina que os espaços culturais ofereçam tecnologias, acessibilidade adequada está aí. Mas a gente precisa fazer um trabalho mais importante que é estruturar a sociedade”, frisou.
Também estiveram presentes na atividade o diretor da Ancine Vinícius Clay, o secretário de Regulação, Leandro Mendes; a secretária de Estado de Educação do DF, Hélvia Miridan Paranaguá Fraga; e a vice-diretora da Escola Integral Bilíngue Libras-Português do Plano Piloto, Thatiane do Prado Barros Alves.
Fonte: Ministério da Cultura