Barcelona, 28 de setembro de 2025 – Barcelona tornou-se neste domingo (28/09) epicentro internacional da cultura e da ação climática ao sediar o 3º Diálogo Ministerial de Alto Nível do Grupo de Amigos da Ação Climática Baseada na Cultura (GFCBCA). O encontro, realizado no Hotel SLS Barcelona, ocorreu no âmbito da Mondiacult, conferência global da UNESCO sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável, que reunirá mais de 50 ministros da cultura de todo o mundo, e como prelúdio à COP 30, que acontecerá no Brasil em novembro.
O evento foi copresidido pela ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, e pelo ministro de Cultura dos Emirados Árabes Unidos, Xeque Salem bin Khalid Al Qassimi. O evento contou com um discurso de abertura de Ernest Urtasun, ministro de Cultura da Espanha, bem como a participação de ministros e altos funcionários de 22 países, juntamente com representantes de organizações internacionais, incluindo a UNESCO, a União Europeia, o ICCROM (Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais), o ICOMOS (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios), o British Council, a Comissão da União Africana e a OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura), entre outros.
Durante o diálogo, os participantes abordaram o papel do patrimônio cultural no enfrentamento das mudanças climáticas, a integração de conhecimentos tradicionais e indígenas, a inovação cultural e a biodiversidade, bem como a preparação de compromissos concretos pelos países-membros para a COP 30.
“Trouxemos esta reunião para a Mondiacult para fortalecer o papel da cultura na ação climática. A terceira reunião de ministros do Grupo de Amigos nos permitiu avançar em aspectos da implementação de políticas culturais que podem contribuir para a questão climática, seja por meio do patrimônio cultural, das economias criativas ou do poder da arte e da cultura para a conscientização sobre as mudanças climáticas”, disse a ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, enfatizando que a cultura é um pilar estratégico para a construção de sociedades resilientes às mudanças climáticas.
Por sua vez, o ministro da Cultura dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Salem bin Khalid Al Qassimi, declarou: “Enquanto nos preparamos para a COP 30 em Belém, os Emirados Árabes Unidos parabenizam nosso copresidente, o Brasil, e todos os Estados-membros e Parceiros do Grupo de Conhecimento do Grupo de Amigos das Mudanças Climáticas com Base na Cultura por seu compromisso com o “multilateralismo”. Juntos, estamos promovendo a reconstituição do patrimônio cultural no discurso sobre mudanças climáticas, com o objetivo de desenvolver caminhos bem-sucedidos para integrar cada vez mais o setor cultural às políticas globais, desde as artes e indústrias criativas até os sistemas de conhecimento tradicionais.”
Declaração Ministerial: Cultura como Motor da Ação Climática
A reunião culminou com a adoção da Declaração Ministerial, um acordo que reconhece a cultura como um ativo fundamental para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Especificamente, a declaração destaca a necessidade de integrar o patrimônio cultural, as artes, as indústrias criativas e o conhecimento tradicional e indígena às políticas nacionais de ação climática, bem como de mobilizar a cultura para conscientizar o público e promover a participação cidadã.
Além disso, dá ênfase especial ao desenvolvimento de planos de adaptação para proteger o patrimônio material e imaterial, preservar a diversidade cultural, reduzir a pegada de carbono do setor cultural e fortalecer a pesquisa e o intercâmbio de conhecimento sobre a relação entre cultura e mudanças climáticas.
Por fim, a Declaração Ministerial também endossa a Agenda de Ação da Presidência da COP 30, com especial atenção ao foco em cultura, patrimônio cultural e ação climática, e estabelece a intenção de se reunir novamente no âmbito da COP 31 para avaliar o progresso e reforçar os compromissos assumidos.
Liderança do Brasil em Cultura e Mudanças Climáticas antes da COP30
Como anfitrião da próxima cúpula do clima, o Brasil demonstrou sua liderança nessa área. Menezes enfatizou que o Grupo de Amigos conecta diretamente a cultura com as políticas climáticas, reconhecendo tanto sua vulnerabilidade quanto sua capacidade transformadora.
O governo brasileiro promoveu a agenda de cultura e ação climática, incorporando-a à Agenda de Ação da Presidência da COP 30, com um objetivo específico dedicado a “Cultura, Patrimônio Cultural e Ação Climática”. Também está promovendo o Mutirão da Agenda de Ação, uma mobilização coletiva inspirada na tradição Tupi-Guarani que busca transformar compromissos em ações concretas.
O Brasil também anunciou a organização do Colóquio Internacional sobre Cultura e Mudanças Climáticas, que acontecerá no Rio de Janeiro de 31 de outubro a 2 de novembro de 2026. O encontro reunirá ministros, organizações internacionais e sociedade civil para aprofundar o papel da cultura como pilar da ação climática, com painéis sobre políticas culturais, narrativas coletivas, financiamento sustentável e a contribuição dos povos indígenas.
Também foi destacada a importância do Balanço Ético Global, que reconhece a capacidade de artistas e criadores, jovens e comunidades locais de mobilizarem a consciência diante da crise planetária, alinhando-se ao espírito do Mutirão.
Fonte: Ministério da Cultura