Na manhã desta terça-feira (23), a Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados realizou uma sessão especial em alusão ao Dia Nacional do Atleta Paralímpico, celebrado em 22 de setembro.
O evento, marcado por discursos emocionantes e cheios de significado, destacou tanto o papel transformador do esporte na vida das pessoas com deficiência quanto a necessidade de ampliar políticas públicas de inclusão e acesso.
A celebração integra o Setembro Verde, mês dedicado ao combate ao capacitismo, no qual o Ministério do Esporte intensificou iniciativas de conscientização.
O papel do esporte na cidadania
Representando o ministro André Fufuca, o secretário nacional de Paradesporto, Fábio Araújo, ressaltou a força simbólica da data. “Celebrar o Dia do Atleta Paralímpico é reconhecer a força e o talento de quem leva o nome do Brasil ao mundo, inspira outras pessoas com deficiência a praticar esportes e mostra às famílias que o esporte pode transformar vidas desde a infância”, reforçou.
Araújo ressaltou que a missão central da Secretaria Nacional de Paradesporto é ampliar e democratizar o acesso das pessoas com deficiência à prática esportiva, entendendo o esporte como instrumento de cidadania e inclusão social.
Ao mesmo tempo, destacou que o Governo do Brasil mantém investimentos consistentes no esporte de alto rendimento, por meio de iniciativas como o programa Bolsa Atleta, que garante condições de treinamento e subsistência a milhares de competidores em diferentes níveis, e dos repasses da Lei Agnelo Piva. Em 2024 a LAP destinou cerca de R$ 250 milhões ao Comitê Paralímpico Brasileiro, recurso fundamental para sustentar a preparação dos atletas.
“Celebramos nossos campeões de todas as modalidades e deficiências e reafirmamos o dever do ministro André Fufuca de ampliar o acesso ao esporte para pessoas com deficiência. Todo mundo sabe que o esporte transforma vidas, e a data que a gente celebra hoje ajuda a dar visibilidade aos nossos atletas”, completou.
A trajetória de Davi Hermes
Entre os destaques do evento esteve o nadador paralímpico Davi Hermes, hexacampeão brasileiro, campeão mundial no Canadá em 2018 e referência nacional na categoria S14 (atletas com deficiência intelectual). Aos 22 anos, Davi emocionou os presentes ao compartilhar sua trajetória e reforçar um pedido: a criação da categoria T21 nas competições paralímpicas do Brasil, para ampliar a participação de atletas com síndrome de Down.
“Sou um atleta paralímpico competindo há 11 anos. Amo o esporte, estou me formando em educação física e pretendo ensinar natação para pessoas com e sem deficiência. Mas peço estímulo para a prática do esporte para pessoas com deficiência, em especial com a T21. Somos em torno de 300 mil pessoas com síndrome de Down no país. Peço a categoria T21 em todas as competições paralímpicas do Brasil”, disse Davi.
Ao lado dele estava um dos maiores nomes do paradesporto nacional, o nadador Clodoaldo Francisco da Silva, multicampeão paralímpico conhecido como “Tubarão das Piscinas”. Sua presença fortaleceu a simbologia da data, conectando gerações de atletas que transformaram o esporte em referência de inclusão e orgulho para o Brasil.
O orgulho da família
O depoimento dos pais de Davi reiterou a importância da rede de apoio familiar para que pessoas com deficiência possam sonhar e alcançar objetivos. O pai relembrou a caminhada desde o nascimento até a conquista das piscinas.
“Nosso filho tem a possibilidade de ser feliz e até onde ele quiser ir, nós vamos junto. Tanto no estudo, quanto no esporte. Quando a gente olha esse percurso de 22 anos, aquele bebezinho chegar hoje na Casa do Povo, em uma audiência de tal magnitude, ao lado de um herói olímpico como Clodoaldo Silva, nos enche de orgulho e nos mostra que é possível.”
Já a mãe, visivelmente emocionada, destacou o preconceito enfrentado no início e o orgulho da superação. “Há 22 anos atrás, após ter o diagnóstico, nos foi dito que ele não andaria, não falaria e não chegaria a lugar algum. Hoje olho para o Davi e digo a todos os pais: acreditem. Porque basta ter oportunidade, eles chegam. Vencer não é só estar aqui na Câmara, é vencer para a vida”, acentuou.
Compromisso coletivo
A audiência contou ainda com falas de especialistas, como o fisioterapeuta Felipe Tadiello e o cientista político Guilherme Thudium, que reforçaram a importância de políticas públicas, da atenção à base esportiva e da necessidade de ampliar espaços de prática inclusiva em todo o país.
No mês em que o Brasil reforça sua luta contra o capacitismo, a homenagem na Câmara dos Deputados reafirma a centralidade do esporte como instrumento de inclusão, autonomia e transformação social.
Assessoria de Comunicação – Ministério do Esporte
Fonte: Ministério do Esporte