Com expansão da assistência, óbitos no território Yanomami caem 21% em 2024

Saúde

Dados do Ministério da Saúde divulgados nesta segunda-feira (5/05) apontam avanços na assistência da população Yanomami, com redução de óbitos em 2024, principalmente por causas evitáveis como malária, infecções respiratórias e desnutrição. Resultado da maior presença de profissionais de saúde, cujo número mais que dobrou, e do investimento em infraestrutura e qualificação do atendimento pelo Governo Federal, segundo o Informe 7 do Centro de Operações de Emergências (COE).

O documento demonstra uma redução de 21% do número de óbitos na população Yanomami entre 2023 e 2024 – queda de 47% de óbitos por infecções respiratórias agudas, de 42% por malária e de 20% por desnutrição. Os óbitos evitáveis por intervenção de saúde apresentaram uma redução maior no período, de 26%.

“Esses resultados demonstram o compromisso do Governo do presidente Lula, que decidiu envolver todos os Ministérios para cuidar da vida do povo Yanomami. Esse esforço foi feito após um período de desassistência, em que o governo anterior estimulava, inclusive, o garimpo ilegal. A ação conjunta de todo o Governo Federal garantiu o combate necessário e permitiu que os profissionais de saúde pudessem entrar em aldeias e cuidar da população. Mais que dobrou o número de profissionais de saúde dentro do território”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

O número de novos profissionais teve aumento expressivo de 158% no período – passou de 690, no início de 2023, para 1.781. Parte das 1.091 contratações foram feitas por meio da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do Sistema Único de Saúde (AgSUS) e pela expansão do Programa Mais Médicos. Hoje, são 45 médicos da iniciativa atuando na região – dez vezes mais. As equipes atendem diretamente no território Yanomami ou na Casa de Saúde Indígena (Casai) em Boa Vista.

Desde o início da emergência no território Yanomami, o Ministério da Saúde reabriu sete polos base fechados devido à falta de segurança das equipes de saúde por conta da presença do garimpo. Além disso, as estruturas físicas dos postos estavam destruídas. Esta ação permitiu levar saúde a 5.224 indígenas nos polos base de Kayanaú, Homoxi, Hakoma, Ajaraní, Haxiú, Xitei e Palimiú. Até abril de 2024, todas as unidades foram reabertas, o que reduziu o vazio assistencial dentro do território Yanomami. O cenário de precarização dos serviços encontrado em 2023 resultou na subnotificação de adoecimento e óbitos nos anos anteriores.

Somente em 2024, a pasta investiu R$ 256 milhões para recuperar e melhorar a infraestrutura de estabelecimentos de saúde indígena. “Com a reabertura dos polos, as equipes de saúde puderam retornar e garantir assistência, monitoramento e vigilância. Todos os 37 polos estão abertos e funcionando”, aponta o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba.

Tapeba ressalta, ainda, a construção do Centro de Referência em Saúde Indígena de Surucucu, primeiro hospital de atenção especializada em território indígena, que deve ser inaugurado em setembro. Em Boa Vista, o Ministério da Saúde também melhorou a assistência à população Yanomami com o Hospital de Retaguarda, que já começou a receber pacientes indígenas. A resolutividade de casos no território também foi ampliada com a implantação da Telessaúde, maior conectividade e energia fotovoltaica em vários polos de saúde.

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Construção do Centro de Referência em Saúde Indígena de Surucucu (Foto: Jerônimo Gonzalez/MS)

Esse conjunto de ações resultou na redução de doenças. A desnutrição grave – muito baixo peso para idade – de crianças menores de 5 anos reduziu de 24,2% em 2023 para 19,2% em 2024. Por outro lado, o número de crianças com baixo peso aumentou ligeiramente, o que indica melhora no estado nutricional dessa população com aumento do percentual de crianças com peso adequado e redução de crianças com muito baixo peso. Hoje, 50% das crianças Yanomamis estão no peso ideal.

“A recuperação nutricional em crianças é um processo mais lento e complexo, principalmente nos casos mais graves, podendo levar anos até a normalização do peso e o fortalecimento do sistema imunológico”, pondera Weibe Tapeba.

Malária: redução de óbitos e de diagnósticos positivos

O informe aponta uma redução de 42% dos óbitos por malária e de 47% da letalidade (proporção de óbitos entre os casos confirmados da doença) relacionadas à doença entre 2023 e 2024. No período, houve leve aumento de 9,7% nas notificações (31.207 para 34.231 casos) em decorrência da ampliação das equipes de saúde, do fortalecimento das ações de vigilância e da intensificação do diagnóstico, inclusive com busca ativa, que resultaram em maior cobertura dos serviços e aumento na detecção e notificação dos casos. Em 2023, foram realizados 180.906 exames. Já em 2024, foram 260.251, um aumento de 44%.

Mesmo com a ampliação, houve uma redução de quase 24% da proporção de testes positivos para a doença. Conforme o secretário Weibe Tapeba, “os dados refletem avanços importantes no acesso ao diagnóstico e à assistência, com impacto direto na redução da letalidade e na melhora da resposta ao controle da malária no território”. 

Expansão do atendimento em saúde

O número de atendimentos por infecções respiratórias agudas (IRA) aumentou 270% com uma redução de 73% da letalidade e de 47% dos óbitos no período. Foram 24.180 atendimentos em 2024 contra 7.523 em 2023.

Os dados do informe demonstram que, em 2024, houve aumento expressivo nos atendimentos realizados pelas principais categorias profissionais em comparação a 2023. Destaca-se o avanço dos nutricionistas, cujos atendimentos saltaram de 8.905 para 49.974 (aumento de 461%). Os atendimentos médicos cresceram 72,6%, de 26.113 para 45.072. Técnicos e auxiliares de enfermagem mantiveram o maior volume de atendimentos, com crescimento de 13,9% (de 560.447 para 638.098). Os enfermeiros registraram aumento de 28% (de 142.083 para 181.895).

Com as ações adotadas, houve diminuição expressiva no número de admissões na Casa de Saúde Indígena (Casai), que é uma unidade de referência que presta assistência médica, hospedagem, alimentação e acompanhamento multiprofissional aos pacientes indígenas encaminhados para tratamento fora das aldeias. Este serviço funciona como uma ponte entre a atenção primária nas aldeias e os serviços especializados nos centros urbanos. Foram 2.837 admissões em 2024 contra 4.013, em 2023 – o que representa um impacto positivo da atenção primária no território. 

Imunização: aumento de 65% na aplicação de doses

O boletim também registra aumento de 65% de doses aplicadas com as vacinas de rotina recomendadas durante a Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional Yanomami (ESPIN-Yanomami). Foram aplicadas 53.477 doses em 2024 contra 32.352 em 2023.

Rafael Ely
Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde