Motociclistas estão entre as principais vítimas do trânsito brasileiro. Embora representem cerca de 29% da frota nacional — mais de 33 milhões de veículos registrados —, os veículos de duas rodas estiveram envolvidos em 13.057 mortes no país apenas em 2024, segundo dados do DataSUS. Para discutir soluções e enfrentar esse cenário, o Ministério dos Transportes, por meio da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), deu início nesta segunda-feira (28), em Brasília, à Conferência Nacional de Segurança no Trânsito – Protegendo Vidas Sobre Duas Rodas.
Durante a cerimônia de abertura, o secretário nacional de Trânsito, Adrualdo Catão, reforçou a importância de ações integradas e destacou a gravidade dos dados recentes:
“Estamos conseguindo estancar a mortalidade em outros modais, mas ela vem subindo drasticamente na motocicleta. De 2022 para 2023, tivemos mil mortes a mais no total e, só entre motociclistas, foram 1,5 mil”, destacou.
Diante da situação, ele defendeu que o problema não pode ser tratado como uma simples escolha individual. “O cidadão escolhe a motocicleta porque não deram a ele uma alternativa segura. Não dá para responsabilizar apenas o indivíduo. Precisamos pensar em transporte coletivo de qualidade como solução de longo prazo.”
Representando a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), o assessor em segurança viária e mobilidade sustentável Victor Pavarino reforçou os desafios da situação e o papel da conferência como ponto de virada:
“Na área da saúde, entendemos que a pandemia do trânsito está diretamente relacionada ao uso da motocicleta. Esse é um desafio que vai além da engenharia viária — é também socioeconômico, relacionado a empregos e entre outras coisas e, eclode no trânsito, ou seja, ele vai para além do trânsito”, disse.
O diretor-presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Marco Barcelos, destacou que o cenário de risco para motociclistas não se limita aos centros urbanos. Ele ressaltou que metade das mortes registradas nas rodovias envolve usuários vulneráveis — pedestres, ciclistas e motociclistas.
“O problema da violência no trânsito não é exclusivo das cidades. Ele também está presente nas rodovias e exige uma resposta urgente. Precisamos avançar na construção de soluções específicas para proteger esses usuários”, afirmou.
Temas centrais
A conferência reúne especialistas, gestores públicos, representantes do setor privado e da sociedade civil para debater desafios relacionados à infraestrutura viária, ao comportamento no trânsito e à inovação tecnológica. As discussões estão alinhadas às metas do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), que prevê reduzir em 50% os óbitos no trânsito até 2030. Uma das metas específicas do plano é alcançar 100% de adesão ao uso correto do capacete, equipamento que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode reduzir em até 40% o risco de morte e em 70% o de lesões graves.
“É importante que agora a gente lance luz sobre esses dados, questione o que já foi feito até aqui e aponte caminhos para o futuro. A ideia é justamente discutir com especialistas que medidas podemos incorporar ao Pnatrans para enfrentar o aumento das mortes envolvendo motociclistas”, concluiu Adrualdo Catão.
Protegendo vidas
Além dos debates técnicos, o público conta com um espaço interativo no Pit Stop “Protegendo Vidas Sobre Duas Rodas”, com revisão gratuita de motocicletas, orientações de segurança e distribuição de materiais educativos.
O evento ocorre na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em Brasília, e segue até esta quarta-feira (30), com transmissão ao vivo pelo canal do Ministério dos Transportes no YouTube.
Assessoria Especial de Comunicação
Ministério dos Transportes
Fonte: Ministério dos Transportes