De olho na COP 30, cidades amazônicas e países do Sul Global se reúnem em torno da agenda dos sistemas alimentares

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Na América Latina e no Caribe, a transformação dos sistemas alimentares no contínuo urbano-rural é fundamental para enfrentar os desafios da segurança alimentar, da sustentabilidade ambiental e do desenvolvimento inclusivo. Dados do relatório “O estado da segurança alimentar e nutrição no mundo” (Sofi) 2023, apontavam que, aproximadamente 8,3% da população da região (56,5 milhões de pessoas) enfrentava a fome, enquanto 40,6% (268 milhões) vivia com insegurança alimentar moderada ou grave.

Os números reforçam a urgência em fortalecer políticas e estratégias que garantam o acesso a dietas saudáveis e sustentáveis, ao mesmo tempo em que abordam as desigualdades estruturais no acesso aos alimentos e às dinâmicas territoriais que afetam sua produção, distribuição e consumo.

Para avançar nessa agenda, o Governo do Brasil, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Pobreza (MDS) e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), juntamente com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), assinaram o projeto “Fortalecimento da Agenda Regional de Sistemas Alimentares para o Continuum Urbano-Rural na América Latina e no Caribe”.

O objetivo da iniciativa é “melhorar as políticas, programas e iniciativas que favoreçam a produção, a oferta, o acesso e o consumo sustentáveis de alimentos saudáveis no continuum urbano-rural, com especial atenção à inclusão da população mais vulnerável e à promoção da igualdade de gênero”.

Essa semana, estiveram reunidos em Manaus, representantes de 16 cidades amazônicas, de cinco países do Sul Global, entre eles o Brasil, com destaque aos municípios de cidades vinculadas ao Programa Alimenta Cidades na região da Amazônia. No evento denominado “Semana Amazônica da Cooperação Sul-Sul: Desenvolvimento Rural, Segurança Alimentar e Sustentabilidade”.

O evento se traduziu em um exercício coletivo, realizado no âmbito do projeto de cooperação Brasil-FAO, no qual os participantes dialogaram sobre o tema “Habitar a Amazônia, alimentar o futuro”. 

Com uma programação dinâmica, orientada para a ação, com resultados aplicáveis nos países e territórios participantes, as atividades combinaram espaços participativos para elaboração de cartografias dos sistemas alimentares amazônicos, de intercâmbio de experiências, planejamento estratégico e visitas de campo, com o objetivo de fortalecer capacidades, fomentar a cooperação regional e gerar insumos para políticas públicas e estratégias territoriais.

“Identificamos prioridades e caminhos a serem seguidos, nacionalmente e localmente”, explicou a coordenadora-geral de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável do MDS, Gisele Bortolini. Na prática, entre as políticas públicas executadas pelo ministério, essa iniciativa irá incidir, entre outras ações, no trabalho realizado pela Estratégia Alimenta Cidades.

“O diagnóstico dos sistemas alimentares amazônicos e os caminhos necessários, realizados coletivamente, serão incorporados e qualificados, à luz das realidades locais, entre as cidades que fazem parte da Estratégia e que, neste momento, estão trabalhando na elaboração das suas rotas de implementação”, esclareceu Bortolini.

A Semana Amazônica permitiu identificar que os sistemas alimentares da região enfrentam sérios desafios, como o desmatamento, a mineração ilegal, a pecuária extensiva, a precariedade da infraestrutura, a centralização dos mercados e o avanço dos ultraprocessados, somados aos efeitos cada vez mais intensos da mudança climática.

Ao mesmo tempo, apontou caminhos de transformação que passam pelo fortalecimento da agricultura familiar e indígena, da agroecologia e da sociobiodiversidade, pela criação de circuitos curtos de abastecimento, pela valorização da cultura alimentar local e pela promoção da bioeconomia e da economia circular, reafirmando a necessidade de políticas públicas permanentes que garantam o direito humano à alimentação adequada e a proteção da floresta em pé.

Assessoria de Comunicação – MDS

Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome