No segundo dia do I Encontro Regional de Agentes Territoriais de Cultura do Sudeste, a programação contemplou a diversidade de saberes, a força dos territórios e a construção coletiva de políticas públicas. A sexta-feira (8) começou no Auditório Gilberto Freyre, no Palácio Gustavo Capanema, com a mesa Fala MinC, onde dirigentes do Ministério da Cultura levaram informações sobre os programas e políticas promovidos pela Pasta e as entidades vinculadas.
A subsecretária de Gestão Estratégica do MinC, Letícia Schwarz, lembrou a importância de considerar as especificidades dos territórios e também a transversalidade dos temas ao pensar em políticas de cultura.
“As conexões da cultura com outros campos, com outras áreas, com a saúde mental, por exemplo, com a educação, com o ambiente, com o urbanismo, a gente tem que lidar com toda a intersetorialidade. Temos que observar com muita atenção os marcadores sociais de diferença que se acumulam, principalmente classe, raça, gênero, que se acumulam e criam gargalos, criam a necessidade de medidas reparatórias em boa parte dessas áreas, no fomento, na ação climática, nos equipamentos, na acessibilidade cultural, na intergeracionalidade, para contemplar crianças e idosos”, declarou.
Chefe da Assessoria Especial de Controle Interno do MinC, Ana Vitória Piaggio Albuquerque, também estava na mesa e lembrou que o trabalho dos agentes territoriais contribui com a transparência do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC).
“Vocês mostram que esse Programa de fato tem entrega, que ele tem qualidade, que ele está sendo feito com cuidado. É transparência tanto para sociedade de forma ampla, para que possam fazer o controle social, quanto para as pessoas que são produtoras de cultura, para que consigam e saber onde encontrar vocês e como acessar as políticas”, destacou.
Já o coordenador-geral do Conselho Nacional de Política Cultural no MinC, Daniel Samam, fez uma fala lembrando da importância que os agentes territoriais de cultura têm no engajamento da sociedade civil para avanço de direitos e de políticas no Legislativo.
“Se a gente olhar as grandes mobilizações que geraram conquistas, como a Lei Aldir Blanc, a Lei Paulo Gustavo, a própria Política Nacional Aldir Blanc, são frutos da participação social, que não passou por dentro dos conselhos. Aconteceu dentro do pulsar vivo da sociedade civil organizada, das redes, entidades, fóruns e coletivos. Então, falando diretamente com os agentes, vocês têm um papel de linha de frente para pressionar a gestão pública, dialogar com os conselheiros e ocupar os conselhos municipais, estaduais”, afirmou.
Oficinas
Ao longo do dia também foram realizadas sete oficinas temáticas para os agentes territoriais trocarem experiências, tirarem dúvidas e aprimorarem o conhecimento sobre temas como elaboração de projetos culturais, criação visual para mobilização social, letramento racial, o método da propulsão, territórios quilombolas e as políticas Brasil das Artes e Aldir Blanc.
Houve espaço também para o debate e aperfeiçoamento do trabalho pedagógico de formação dos agentes. O Círculo de Cultura com Tutores e Coordenações Pedagógicas trouxe alguns momentos de reflexão, conduzido pela educadora popular Noelia Rodrigues Pereira Rego, doutora em Educação pela UniRio e idealizadora do Coletivo de Educação Popular e Libertária, o encontro foi permeado por partilhas genuínas.
“Conversamos e trocamos a partir dos aportes da educação popular, refletindo sobre sua importância nos processos de formação. Foi um espaço para expor desafios, dores e delícias de integrar um movimento como este. Partilhamos inquietações, anseios e saberes com amorosidade, dialogicidade e escuta atenta”, afirmou.
Comunicação popular
O fim do dia inspirou os agentes com um debate sobre Políticas Públicas para Cultura, Juventudes e Periferias. Na mesa, o fundador do Voz das Comunidades, Rene Silva, falou sobre como a comunicação democrática é também fundamental para o acesso à cultura.
“Cada um de nós aqui, enquanto mobilizadores culturais, o que a gente quer? Mudar o nosso território. A gente quer usar a cultura como uma ferramenta de transformação e a partir disso, a gente faz mobilização de eventos culturais, seja de rodas de rima, seja de feiras. E acho que o poder da comunicação na cultura é muito importante porque faz com que as pessoas tenham acesso à democratização do acesso à cultura”, relatou.
No debate sobre território, a fundadora da Feira Crespa no Rio de Janeiro, Elaine Rosa, fez questão de expandir o conceito. “Eu entendo o território como o meu corpo, o corpo que circula pela cidade, que é atravessado pelas violências. E esse corpo precisa estar vivo e precisa estar fluido para continuar circulando e ocupando a cidade”.
Visitas
O deputado federal Reimont, presidente da Comissão de Diretos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, e o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, fizeram questão de marcar presença no evento e fazer uma saudação aos agentes territoriais.
“A cultura não é apenas entretenimento. É também, e é muito bom. Mas, é uma disputa de território, é um espaço de debate, de construção de uma sociedade mais justa, é uma ferramenta das mais importantes para disputar território. Não pode ser um privilégio. Sem a cultura a gente não tem democracia”, declarou Freixo.
Fonte: Ministério da Cultura