“O que eu diria aos novos escritores é que escrevam, escrevam, escrevam, porque essa escrita tem o poder de vasculhar, de experimentar, de refletir, de conhecer a condição humana, gerar empatia e bons momentos”, diz a autora mineira Carla Madeira em referência a este 25 de julho, Dia Nacional do Escritor – data instituída em 1960 por conta da realização do I Festival do Escritor Brasileiro. Uma das autoras mais lidas do país, responsável por obras como Tudo É Rio e Véspera, ela avalia o cenário para a literatura no país, as políticas do Ministério da Cultura (MinC) para o livro e a leitura e comenta sobre a publicação de seus romances no exterior.
Em 25 de julho é celebrado o Dia Nacional do Escritor. Qual é o significado desta data no atual cenário brasileiro?
Essas datas comemorativas, como o Dia Nacional do Escritor, ou qualquer outra associada à literatura, são oportunidades de a gente falar sobre ler, sobre autores, sobre livros. E isso é sempre muito positivo, porque, de uma certa maneira, incentiva as pessoas a conversarem sobre isso, a pensarem nisso. Acho que é sempre uma oportunidade importante.
Como você enxerga a literatura hoje, seja para escritores já reconhecidos, seja para os ingressantes?
Apesar de a gente saber que algumas pesquisas indicam uma queda no número de vendas de livros, o cenário mudou muito e é bem mais favorável para os autores, para a literatura, porque a gente tem uma série de editais, de editoras, de prêmios e de encontros literários. Com as redes sociais cresceu o movimento dos curadores de literatura, dos clubes de leitura, das pessoas produzindo conteúdo sobre livros, das leituras que fizeram. Tudo isso gera uma efervescência. Hoje há muitos eventos literários. No Brasil inteiro tem sempre um festival, uma feira, um salão de livro. Isso gera muitas oportunidades, muita proximidade. Inclusive, acho que a literatura nacional cresceu, assim como o interesse pelos autores brasileiros a partir desses encontros presenciais que são realizados no país inteiro.
Seus livros Tudo É Rio e Véspera foram lançados na Itália ao serem contemplados em editais do Programa de Apoio à Tradução e à Publicação de Autores Brasileiros no Exterior, gerido pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN), entidade do Sistema MinC, com cooperação da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Qual é avaliação que você faz da iniciativa?
Esse programa de apoio à tradução de obras literárias do MinC, coordenado pela Biblioteca Nacional, é realmente importante, porque é responsável por inúmeras publicações de autores brasileiros em diferentes países, diferentes línguas. O custo de tradução é muitas vezes um empecilho para se publicar fora do Brasil, porque é elevado. Então, esse programa viabiliza a tradução dos livros e a levar a literatura brasileira para fora do país.
E o que representa ter um livro publicado fora do país?
Ter o livro publicado em outros países, em outros idiomas, mesmo no caso de países de Língua Portuguesa, ver essa obra chegar em outros lugares, é muito gratificante. Sentir que as questões relevantes aqui no Brasil ou para você, do lugar de onde você vem, que elas têm ressonância em outras culturas, que em outros lugares aquilo também produz sentido. Eu tenho vivido experiências incríveis fora do Brasil, de contato com editoras, com leitores, com muitas discussões sobre questões atravessadas por culturas diferentes. Acho isso uma gratificação e uma alegria imensas!
O Ministério da Cultura tem investido na difusão da literatura brasileira no exterior, com participação em feiras do livro. Qual é a importância e o impacto desse tipo de política?
Esse trabalho do MinC pela literatura, pela leitura, pelo livro, para nossa produção ir para fora, ganhar o mundo, isso é fundamental para os autores, não só do ponto de vista de mercado, mas da nossa cultura, que ainda é, às vezes, tão desconhecida em alguns lugares e ainda há tanto por se descobrir e conhecer da cultura brasileira, do que a gente pensa, da nossa produção de sentido.
Qual mensagem você gostaria de deixar para os novos escritores?
O que eu diria aos novos escritores é que escrevam, escrevam, escrevam, porque essa escrita tem esse poder de vasculhar, de experimentar, de refletir, de conhecer a condição humana, gerar empatia e bons momentos. O autor novo precisa, sobretudo, escrever, com envolvimento, gostando do que faz. Isso é a coisa mais importante, é que ele tenha adesão com o que faz e depois jogar isso no mundo, para que as pessoas possam também produzir sentido a partir da obra de alguém.
Fonte: Ministério da Cultura