Docas Dom Pedro II ganha novo nome em homenagem ao engenheiro abolicionista André Rebouças

Cultura

O antigo edifício Docas Dom Pedro II, na região central do Rio de Janeiro, agora passa a se chamar Armazém Docas André Rebouças. A mudança, anunciada nesta terça-feira (16) durante reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), presta homenagem ao engenheiro negro e abolicionista responsável por grandes obras do país, como a Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá e a reforma dos portos da capital carioca e de Santos, em São Paulo.

Durante a abertura do Seminário Internacional Culturas Tradicionais e Populares e Justiça Climática, que aconteceu em Brasília nesta quarta-feira (17), a ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou o significado da decisão.

“Isso é uma reparação histórica para todos nós que temos e precisamos valorizar cada vez mais essa contribuição dos povos africanos, afro-brasileiros na construção dessa sociedade”, celebrou.

Projetado em 1871 pelo próprio Rebouças e erguido sem o uso de mão de obra escravizada, o prédio é considerado um marco da engenharia nacional e da resistência negra. Tombado pelo Iphan em 2016, o edifício será atualizado nos Livros do Tombo Histórico e do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.

O presidente do Iphan, Leandro Grass, destacou o simbolismo da decisão, lembrando que, em julho, o Governo Federal assegurou R$ 86,2 milhões do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) para a reforma do imóvel, em articulação com o Ministério da Cultura e a Fundação Cultural Palmares.

Para a Fundação Cultural Palmares, que apresentou o pleito de mudança, o ato representa um gesto de reparação histórica. “Dar seu nome às Docas é resgatar a memória de um homem negro que dedicou sua vida à liberdade e ao progresso. É uma vitória do povo negro, uma reparação simbólica que reafirma nossa presença na história e no futuro do país”, afirmou o presidente da instituição, João Jorge Rodrigues.

Situado na Pequena África, espaço de memória da diáspora africana no Brasil, o Armazém Docas André Rebouças passa a simbolizar a contribuição negra na construção da identidade nacional.

Quem foi André Rebouças

Nascido em Cachoeira (BA), em 1838, André Pinto Rebouças formou-se engenheiro militar em 1860 e logo assumiu obras estratégicas no país. Atuou na Guerra do Paraguai, projetou portos em diferentes estados e se tornou referência da engenharia brasileira. Abolicionista convicto, defendia medidas sociais voltadas à educação de ex-escravizados e à inclusão econômica.

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Ao dar seu nome ao edifício histórico, o Brasil reafirma o legado de um dos maiores intelectuais e engenheiros do século XIX, cuja trajetória uniu progresso, justiça social e a luta pela liberdade.

Fonte: Ministério da Cultura