“A divulgação dos dados do Avalia Acre é um momento para a gente se apropriar dos dados, entender quais habilidades precisam ser fortalecidas e assim, conseguir planejar as nossas ações pedagógicas”, destacou a gestora Ismênia Marques, da Escola Clinio Brandão, localizada em Rio Branco.
A fala resume a importância do Ato de Divulgação dos Resultados do Sistema Estadual de Avaliação da Aprendizagem Escolar (Avalia Acre), realizado nesta quarta-feira, 9, no auditório do Centro Universitário Estácio-Unimeta, em Rio Branco. O evento reuniu gestores escolares da rede estadual e municipal de Rio Branco e marcou também a adesão formal dos 22 municípios acreanos ao Programa Alfabetiza Acre, instituído pela Lei nº 4.497/2024.

A escola da gestora Ismênia fica localizada no bairro Floresta Sul e possui turmas do 1º ao 9º ano do ensino fundamental. Assim como muitas da rede estadual, a unidade é conhecida por seu trabalho junto à comunidade e por práticas pedagógicas voltadas à alfabetização e ao letramento. Para a gestora, depois de um árduo trabalho desenvolvido em parceria com a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), a análise dos resultados da avaliação estadual será essencial para nortear o planejamento da equipe e melhorar os índices de aprendizagem nas turmas dos anos iniciais.
“Este é um momento estratégico para a educação do estado. A divulgação dos resultados do Avalia Acre nos permite olhar para as escolas com base em evidências, identificar quais competências ainda precisam ser consolidadas e tomar decisões pedagógicas mais assertivas. É com base nesses dados que podemos fortalecer a aprendizagem das nossas crianças”, afirmou o secretário de Estado de Educação e Cultura, Aberson Carvalho.

Realizado em parceria com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed/UFJF), instituição vinculada à Universidade Federal de Juiz de Fora, referência nacional na área de avaliações educacionais, o Avalia Acre aplicou provas diagnósticas para alunos do 2º e 5º ano do ensino fundamental em todas as escolas públicas do estado, tanto da rede estadual quanto das redes municipais. A proposta é avaliar, monitorar e apoiar as estratégias pedagógicas nas escolas que estejam alinhadas às metas do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.
A diretora executiva do Caed, Lina Kátia Mesquita, destacou durante seu discurso no evento, o compromisso coletivo com a alfabetização e reconheceu o esforço dos gestores e educadores do Acre diante das adversidades. “A gente sabe que alfabetização é um processo muito complexo, que sofre a interferência de vários fatores. Mas tem algo que é compromisso de todos: a transformação de uma sociedade mais justa, mais humana, e que garante o direito de toda criança e jovem fazer sua trajetória com sucesso”, afirmou.

Ainda durante o evento, o secretário Aberson chamou a atenção para os desafios específicos enfrentados pela educação na Amazônia e a necessidade de um novo olhar sobre o financiamento da educação no país. “Nós não podemos aceitar que o valor por aluno na floresta seja o mesmo que em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Aqui, temos estudantes que passam horas no barco para estudar. Temos professores alfabetizando no meio da floresta em escolas sem energia, enfrentando chuva e grandes distâncias. A equidade precisa ser refletida no financiamento da educação”, pontuou.
O secretário finalizou destacando que o Acre tem avançado significativamente nos indicadores de qualidade, alcançando os melhores resultados da região Norte no Saeb 2023, mas reforçou que ainda há um longo caminho a ser percorrido. “O que já conquistamos é importante, mas não é suficiente. Vamos seguir unindo esforços entre estado e municípios, garantindo que cada criança tenha acesso à alfabetização no tempo certo, independentemente de onde viva”, concluiu.
Avaliação mostra avanços na alfabetização, mas aponta desafios nas habilidades de leitura mais complexas

Os dados apresentados durante o Ato de Divulgação do Avalia Acre 2024 revelam que 56% dos alunos do 2º ano do ensino fundamental da rede estadual estão alfabetizados, ou seja, alcançaram níveis proficiente ou avançado na escala de avaliação. A proficiência média da rede foi de 619 pontos, acima do nível considerado adequado para a etapa.
Entre os destaques positivos estão as habilidades de leitura de palavras e frases, com taxas de acerto de 95% e 90%, respectivamente. No entanto, as habilidades de inferência e compreensão mais profunda dos textos ainda representam um desafio. Habilidades como “inferir o assunto de um texto” e “reconhecer sua finalidade” apresentaram acertos em torno de 56% a 59%, evidenciando a necessidade de ações pedagógicas mais direcionadas.
A análise por regionais mostrou resultados consistentes em todo o estado, com todas as cinco regionais superando a média de 600 pontos. A regional de Tarauacá-Envira apresentou o melhor desempenho, com 635 pontos de proficiência média e 64% dos alunos nos níveis suficientes.
“Os resultados reforçam o compromisso da SEE em trabalhar com base em evidências. Estamos avançando, mas ainda há um caminho a percorrer para garantir que todas as crianças estejam plenamente alfabetizadas ao final do 2º ano”, destacou o secretário Aberson Carvalho.
O que disseram as demais autoridades:

Jerry Correia, prefeito de Assis Brasil:
“Vim porque sei que o futuro do nosso país está na educação. E Assis Brasil está totalmente comprometido com o programa Alfabetiza Acre.”
João Edvaldo Teles “Padeiro”, prefeito de Bujari:
“A educação não anda só com o prefeito. Precisa da equipe, dos professores, de todo mundo vestindo a camisa. E é isso que estamos fazendo no Bujari.”
Luiz Américo Hasimoto, vice-prefeito de Plácido de Castro:
“A vontade de fazer tem que ser maior que a falta de recursos. E educação tem que ser prioridade, especialmente nos municípios de fronteira.”
Alysson Bestene, vice-prefeito de Rio Branco e presidente da Undime Acre:
“O Avalia Acre representa mais que números. É a demonstração de que todos nós estamos unidos por uma educação de qualidade para nossas crianças.”