Escutatória Cultural debate internacionalização das culturas tradicionais e populares

Cultura

Capoeira, samba, forró, frevo e tantas outras expressões culturais brasileiras já conquistaram o mundo. Os desafios e as experiências dos artistas brasileiros no exterior foram debatidos, na quarta-feira (21), na Escutatória Cultural sobre a Internacionalização das Culturas Tradicionais e Populares, evento virtual realizado pelo Ministério da Cultura (MinC). O encontro reuniu representantes do Ministério das Relações Exteriores, pesquisadores e fazedores de cultura que vivem na Alemanha, Espanha, Bélgica, Itália e Portugal, com o objetivo de coletar contribuições para a construção da Política Nacional para as Culturas Tradicionais e Populares. A iniciativa terá entre seus princípios, objetivos e eixos a promoção da internacionalização e do intercâmbio de saberes, tecnologias, expressões e práticas culturais.

Durante a reunião, a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg, destacou a importância de potencializar as tradições brasileiras no cenário internacional. Citou como possíveis iniciativas a criação de uma rede de informações sobre eventos culturais já realizados fora do país e a ampliação dos mecanismos de fomento à internacionalização pelos entes federativos.

“A gente pode propor aos estados e municípios que também possam ter editais de intercâmbio. O Ministério não consegue arcar com isso sozinho, nem tem recurso para isso. Então, acho que isso é uma vertente que pode ser colocada no âmbito da Política Nacional Aldir Blanc. Talvez até pensar os modelos de editais”, sugeriu.

O diretor de Promoção das Culturas Populares do ministério, Tião Soares, defendeu a construção de parcerias globais para desenvolver a cooperação e o intercâmbio cultural. “Em um mundo cada vez mais interconectado, valorizar e disseminar essas ricas tradições que estão no mundo todo contribui para um diálogo cultural mais plural e inclusivo, essencialmente importante para enfrentar os desafios do século 21”, afirmou.

“Nós, do Ministério da Cultura, estamos construindo essa Política Nacional com uma colaboração muito ampla de 18 ministérios, 54 mestres e mestras do país inteiro, especialistas e entidades sociais. Agora, essa escutatória internacionalizada também nos ajudará a compor as nossas ações. Ouso a dizer que foi a primeira vez que o ministério fez a escuta de pessoas que moram fora do Brasil para a construção de uma política para as culturas tradicionais de populares”, concluiu Tião Soares.

Representando o Itamaraty, Thiago Antônio de Melo Oliveira, subchefe da Divisão de Promoção da Cultura Brasileira no exterior, reforçou a importância da nova política já prevê a internacionalização das culturas brasileiras. “É muito bom que as ações de promoção dos direitos e das culturas tradicionais e populares já nasça com um viés de internacionalização, tanto para promover toda a diversidade que o Brasil tem quanto para apoiar essas pessoas que já estão no exterior e essas iniciativas que já estão sendo realizadas e que transmitem tanto da nossa identidade”.

Explicou que frequentemente embaixadas e consulados no exterior contam com o apoio de mestres de capoeira, dançarinos e artistas para transmitir a brasilidade em suas programações culturais.

Os participantes da escuta ressaltaram como principal desafio a necessidade de maior apoio institucional para as iniciativas culturais desenvolvidas fora do Brasil. Um dos relatos foi o de Pai Geová, babalorixá da Nação Angola, mestre e doutor em Educação, que compartilhou sua trajetória em divulgar a cultura afro-brasileira: “nóis s já realizamos a Festa de Iemanjá em Gotemburgo, na Suécia, há 15 anos, que envolve a capoeira, o samba, o forró. A gente tem participado de muitos Brazilian Day também. Em setembro, vamos para os Estados Unidos para lançar o Balaio de Iemanjá. Também damos palestras em universidades. Então, eu sinto na pele as dificuldades de fazer um trabalho de internacionalizar a nossa cultura. Seria importante se o Ministério da Cultura tivesse um meio de trabalhar com as embaixadas e os fazedores de culturas”, propôs.

GT e Escutatórias Culturais

A elaboração da Política Nacional para as Culturas Tradicionais e Populares está sendo conduzida por um Grupo de Trabalho do Ministério da Cultura, composto por outras pastas e representantes da sociedade civil. As Escutatórias Cultuais fazem parte desse processo de construção participativa da nova política. Desde o início do ano, já foram ouvidos segmentos como capoeira, reggae, cordel e repente. Também foram realizadas etapas estaduais com representantes das culturas tradicionais e populares de Tocantins, Pernambuco, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Espírito Santo e Ceará.

Fonte: Ministério da Cultura