Em Alter do Chão, a 38km de Santarém, no Pará, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) realiza o Seminário “Acesso à Águas na Amazônia no contexto das mudanças climáticas”. Até 18 de julho, o evento reúne gestores públicos, instituições parceiras, pesquisadores, comunidades tradicionais da Amazônia, e comunidade local.
O objetivo central é discutir o acesso à água de qualidade em regiões historicamente necessitadas, frente aos efeitos acelerados das mudanças climáticas. Além disso, o seminário vai trazer para o debate a implementação de tecnologias e estratégias de adaptação da população amazônica aos efeitos das mudanças climáticas.
Em vídeo dedicado ao evento, o titular do MDS, Wellington Dias, afirmou que o encontro antecipa as discussões da COP30 na Amazônia e que o Governo do Brasil acompanha de perto as oscilações do clima e os impactos na vida da população.
“A gente tem acompanhado a velocidade com que as coisas acontecem em razão das mudanças climáticas. Há pouco tempo, a gente sofria com a situação de seca, agora, a situação de enchente, e isso, desde 2023. Isso não pode ser visto com normalidade”, disse.“Por isso o presidente Lula optou por realizar a COP30 no coração da Amazônia, para discutir com quem vivencia os problemas o despertar de um compromisso mundial com a contenção das mudanças climáticas”, complementou.
Desafio da crise hídrica na Amazônia
A secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, do MDS, Lilian Rahal, destacou a importância do seminário como um marco para enfrentar um dos maiores paradoxos amazônicos: a escassez de água potável em meio à maior bacia hidrográfica do planeta. “Garantir o acesso à água de qualidade na Amazônia é um desafio gigantesco. Estamos falando de regiões remotas, com grandes distâncias e vulnerabilidades. Precisamos pensar políticas que dialoguem com esse novo cotidiano climático”, afirmou.
Para Camile Marques Sahb, diretora de Promoção da Inclusão Produtiva Rural e Acesso à Água do MDS, a cisterna não é só uma estrutura, mas uma tecnologia social que precisa respeitar o modo de vida de cada povo e que não impõe uma solução, mas uma construção conjunta com quem vive a realidade do território.
Cisternas na Amazônia
Cícero Félix, coordenador-executivo da ASA – Bahia, falou da experiencia já adquirida pela inclusão dessas tecnologias no Semiárido e que agora chega na Amazônia. “No Semiárido, saímos de um milhão de mortos por falta d’água nos anos 1980 para mais de um milhão de cisternas instaladas. Isso reduziu a mortalidade infantil e libertou milhões de mulheres da obrigação de buscar água a pé. É isso que desejamos agora para as populações da Amazônia.”
Júlio Barbosa de Aquino, Presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), afirmou que a maioria da água, natural, dos rios que as comunidades consomem está contaminada. “O Programa Cisternas na Amazônia é uma política urgente”, contou.
Representando a gestão pública municipal, o vice-prefeito de Santarém, Carlos Martins afirmou: “Temos água em abundância, mas em muitos períodos ela está distante das comunidades. Muitas ficam a três quilômetros do rio. Precisamos de parcerias para garantir água e políticas públicas às comunidades rurais, indígenas, extrativistas e quilombolas.”
Já Margarete Tapajós, presidente do Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (CITA) falou das oscilações do clima, cada vez mais difíceis de se planejar. “Hoje temos água aqui mas, em três meses, tudo seca. E a população fica desassistida. É por isso que queremos a continuidade do Programa Cisternas. Ele chegou em comunidades indígenas, quilombolas e extrativistas. Isso é vida, isso é resistência”, celebrou.
Financiamento público
Ana Paula de Almeida, chefe do Departamento de Gestão do Fundo Amazônia do BNDES afirmou que a instituição tem priorizado todos os projetos relacionados ao Fundo da Amazônia. “É difícil falar de qualquer projeto apoiado pelo Fundo Amazônia que não envolva o acesso à água. Água e atividades produtivas sustentáveis andam juntas, principalmente na Amazônia. O Fundo segue comprometido com esse objetivo”, lembrou.
O seminário tem mostrado que o debate sobre água na Amazônia vai além de engenharia e logística. Ele envolve ancestralidade, justiça climática, direitos humanos e a luta por permanência nos territórios. Como resumiu Lilian Rahal: “Não estamos apenas levando água. Estamos reorganizando as condições de vida de populações inteiras. É sobre dignidade”,concluiu.
Assessoria de Comunicação – MDS
Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome