Brasília (DF) – Até alguns anos atrás, o Nordeste brasileiro era lembrado pela terra rachada do sol, pelas plantações dizimadas pela seca, pelo gado magro de fome e de sede. Essas condições levavam os habitantes da região a migrarem para o litoral ou para o Sudeste. Hoje, o cenário mudou completamente. Canais com água captada do Rio São Francisco correm por 477 quilômetros sertão adentro. Já irriga lavouras, abastece casas, açudes e reservatórios em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
A maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil e da América Latina foi idealizada e iniciada no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a meta de beneficiar 12 milhões de pessoas em 390 municípios e 294 comunidades rurais. O projeto foi oficialmente lançado em junho de 2007, após décadas de debates sobre a necessidade de levar as águas do “Velho Chico” para regiões historicamente castigadas pela escassez de água. Sob sua liderança, foram iniciadas as principais frentes de trabalho nos dois grandes eixos — Norte e Leste —, consolidando sua autoria e compromisso com o desenvolvimento social e econômico do semiárido nordestino.
Obras espalhadas pelo Nordeste
Além desses grandes canais da transposição do Rio São Francisco, outros projetos de segurança hídrica – como adutoras, ramais, reservatórios – estão espalhados pelos sertões da Bahia, Alagoas, Piauí e Maranhão, formando o que o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) chama de Caminho das Águas. Somando estudos e projetos em andamento, são mais de 70 ações, todas elas inscritas no Novo PAC.
Os sistemas de abastecimento de água de Mauriti (CE), por exemplo, somam 24 obras, sendo que 16 já foram concluídas e entregues. Muitas foram recebidas pelo governo Lula com um pequeno percentual de execução, como o Ramal Apodi, que transporta água do PISF para o oeste potiguar. Quando o atual governo assumiu a estrutura, a obra estava com apenas 10,40% de avanço. Hoje, já chegou a 74,83% de execução, impulsionada pelos investimentos do Novo PAC.
“A transposição do São Francisco é um projeto pessoal do presidente Lula, ele mesmo um migrante da seca. Foi iniciado por ele, tocado pela presidenta Dilma”, lembra o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. “De forma que a história do semiárido nordestino pode ser contada antes de Lula e depois de Lula”, diz Góes.
Ampliação de bombeamento do Eixo Norte
Além das obras, também avançam ações de manutenção, como o novo sistema de bombas da Estação de Bombeamento 3 (EBI-3), em Salgueiro (PE), que havia sido paralisada em 2022 por falta de reparos. Agora, as atenções se voltam para ampliar o bombeamento do Eixo Norte, com o objetivo de fortalecer o Cinturão das Águas do Ceará, por meio dos ramais do Salgado e do Apodi.
“Neste momento estamos tratando das obras complementares, como os ramais do Apodi, na Paraíba, e do Salgado, no Ceará, dos canais do sertão da Bahia e de Alagoas, das adutoras do Agreste em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte”, lista o secretário nacional de Segurança Hídrica, Giuseppe Vieira.
Todo o Caminho das Águas estará em inspeção nos meses de maio e junho, por uma comitiva liderada pelo ministro Waldez Góes. Está prevista a participação do próprio presidente Lula, que vai assinar a ordem de serviço da duplicação na capacidade de bombeamento do Eixo Norte da Transposição do São Francisco, além de entregar o trecho 1 do Ramal do Apodi, na Paraíba.
Programação
A programação do Caminho das Águas começa com visita técnica à Estação de Bombeamento EBI-1, em Cabrobó (PE), ponto inicial do Eixo Norte do PISF. Concluída em 2015, a EBI-1 conta atualmente com dois conjuntos de motobombas, com capacidade de 24,8 m³/s, e passará por duplicação para quatro conjuntos, elevando a capacidade para 49 m³/s.
A segunda parada será em Terra Nova (PE), para visita técnica à agricultura irrigada com as águas do PISF, junto à Barragem de Serra do Livramento, que possui capacidade máxima de 18,8 milhões de m³.
A comitiva do Caminho das Águas acompanhará, ainda, a inauguração do sistema de abastecimento de água em Mauriti (CE), obra integrante do PBA 15 do PISF. No município, foram investidos cerca de R$ 69 milhões, com destaque para os sistemas de abastecimento das comunidades rurais de Palestina e Anauá.
A programação inclui também compromissos em Barbalha (CE) e Crato (CE), com visita ao Cinturão das Águas — obra hídrica de 145 km de extensão, sob responsabilidade da SRH/CE, iniciada em 2013 e com 83,49% de execução até o momento. A estrutura beneficiará mais de 5 milhões de pessoas em municípios como Fortaleza, Juazeiro do Norte e outros atendidos pelos açudes de Orós e Castanhão.
O Caminho das Águas passará, também, por Salgueiro (PE), onde o presidente Lula assinará a Ordem de Serviço para a duplicação da Estação de Bombeamento EBI-3, no Ramal do Salgado. A intervenção ampliará a capacidade de 24,75 m³/s para 49 m³/s, beneficiando 237 municípios e cerca de 8,1 milhões de pessoas nos estados de PE, CE, PB e RN.
Ainda na etapa final do Caminho das Águas, será inaugurado o trecho 1 do Ramal do Apodi, em Cachoeira dos Índios (PB), com 30 km de canal, além da Barragem de Redondo.
O presidente Lula e sua comitiva encerram a primeira etapa da viagem com um sobrevoo sobre o Ramal do Salgado, a partir de Ipaumirim (CE). A estrutura faz parte do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) e beneficiará até 5 milhões de habitantes no estado do Ceará.
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Fonte: Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional