O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e da Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre), inaugurou nesta quinta-feira, 26, em Rio Branco, o Ambulatório Pré-Dialítico, um novo serviço de atenção especializada à doença renal crônica (DRC), que propõe cuidar do paciente antes que precise de hemodiálise.
Com estrutura instalada no Setor de Nefrologia da Fundação Hospitalar, o ambulatório reúne uma equipe multiprofissional que oferece acompanhamento clínico contínuo. A mudança busca evitar hospitalizações de emergência, internações e, o mais importante, preservar vidas e autonomia por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Um paciente que recebe atenção pré-dialítica pode viver melhor, por mais tempo, sem depender da hemodiálise. Estamos investindo em prevenção e planejamento, porque entendemos que a doença renal crônica não pode ser tratada apenas quando atinge um ponto crítico. Nosso objetivo é oferecer acesso ao tratamento certo, no tempo certo”, explica o secretário de Estado de Saúde, Pedro Pascoal.
A iniciativa vem em resposta a um dado que exige atenção imediata: mais de mil pessoas estão na fila estadual de nefrologia, aguardando consulta. Muitas delas já nos estágios 4 e 5 da doença, fases em que o comprometimento renal é grave, mas ainda possível de ser controlado clinicamente. E é aí que o novo ambulatório atua: para intervir no tempo certo.
A presidente da Fundhacre, Sóron Steiner, observa que o espaço coloca o Acre em um novo patamar no atendimento a pacientes renais. “O ambulatório pré-dialítico nasce com o propósito de acompanhar desde os primeiros sinais da doença, com escuta, orientação e um plano de cuidado personalizado. Sabemos o quanto a DRC impacta a vida das pessoas, então essa é uma conquista importante para os usuários do SUS, que agora passam a contar com um serviço estruturado e comprometido com a prevenção”.
Em dezembro de 2024, a Fundação Hospitalar registrou um aumento significativo no número de consultas na especialidade de nefrologia, passando de 94 para 540 atendimentos mensais. Atualmente, 43 pacientes fazem tratamento com hemodiálise na unidade. Quem já passou pela experiência sabe que é uma mudança radical de vida. São sessões longas e exaustivas, rotinas interrompidas, com impacto emocional, físico e social. Evitar ou adiar esse estágio é zelar pelo tempo e pela qualidade de vida das pessoas.

Assessora da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas da Sesacre, Mayra Wolter destaca a importância da equipe multidisciplinar: “Aqui, os pacientes que ainda não têm indicação de hemodiálise, mas já estão em estágios avançados da doença [renal], recebem uma avaliação com nefrologista, enfermeiro, nutricionista, psicólogo e assistente social. É esse cuidado em conjunto que permite melhorar a adesão ao tratamento conservador e, muitas vezes, adiar o início da terapia dialítica”.
Atendendo no ambulatório, a nefrologista Gabriela Lazzare exaltou a novidade. “Hoje é um dia muito feliz para nós. Esse serviço oferece mais qualidade de vida e prepara o paciente, se for necessário, para iniciar a terapia renal substitutiva com segurança, com sua fístula pronta, seu acesso vascular definitivo ou até mesmo encaminhado para a diálise peritoneal, já bem orientado e assistido”, analisou.
Maria Batista, de 73 anos, mora em Boca do Acre (AM) e descobriu a doença renal crônica durante uma consulta de rotina. “A primeira vez que eu vim foi pra tratar uma dor no joelho, e acabei descobrindo que precisava cuidar dos rins. Marcaram minha consulta com a doutora e comecei o tratamento. Hoje eu tive uma explicação ainda melhor e saio com mais fé de que não vou precisar fazer hemodiálise. Estou muito agradecida por ter essa chance”, ressaltou a aposentada.
Embora a Fundhacre seja referência regional em procedimentos de alta complexidade, como os transplantes de rim, o objetivo da gestão é justamente evitar que os pacientes com doença renal crônica cheguem a esse estágio. Com a criação do ambulatório pré-dialítico, o Estado atua para conter a progressão da DRC ainda nas fases iniciais e intermediárias, evitando a sobrecarga da hemodiálise e a necessidade de transplante. Prevenir, nesse cenário, é trabalhar para que menos pessoas precisem passar por tratamentos invasivos ou enfrentar a espera por um órgão.
Como ter acesso ao ambulatório
O atendimento no Ambulatório Pré-Dialítico da Fundhacre é realizado por meio de encaminhamento via Sistema Único de Saúde (SUS). Para iniciar o acompanhamento, o paciente deve procurar uma unidade básica de saúde (UBS) ou unidade de referência em atenção primária (Urap) mais próxima, onde será avaliado por um clínico-geral.
Caso haja indicação de acompanhamento com nefrologista, o paciente será direcionado para a Fundação Hospitalar. A partir dessa avaliação, os especialistas poderão encaminhar o caso para o ambulatório, garantindo o tratamento adequado conforme o estágio da doença.
Fonte: Governo AC