O suicídio, uma das principais causas de mortes evitáveis, é um tema cercado por tabu, silêncio e incompreensão, estabelecendo um cenário de estigma em torno do problema. Como ação mundial de enfrentamento, o Setembro Amarelo é um movimento de conscientização que promove a valorização da vida e consolidou-se como a maior campanha antiestigma em relação à saúde mental no planeta.
Neste ano, o tema abordado é Conversar Pode Mudar Vidas, que reforça a importância do diálogo como ferramenta de cuidado, acolhimento e prevenção, promovendo a escuta ativa, a empatia e a disponibilização de recursos de apoio a quem sofre em silêncio. Para intensificar essas ações, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), por meio do Hospital de Saúde Mental (Hosmac), realizou nesta segunda-feira, 8, a abertura da programação estadual do Setembro Amarelo.

“Durante este mês, vamos realizar rodas de conversa, palestras e diversas orientações, sempre com o objetivo de ampliar o diálogo sobre saúde mental. Para a nossa comunidade, o Setembro Amarelo acontece o ano inteiro, porque acreditamos que o cuidado e a valorização da vida precisam ser permanentes. Nosso hospital é referência em todo o estado, e estamos aqui para acolher e ajudar quem precisa”, destaca o diretor-geral do Hosmac, João Marcos Maia.
“Se você estiver enfrentando dificuldades em qualquer área da sua vida, saiba que pode procurar nossa unidade, contamos com uma equipe qualificada para oferecer intervenções e orientações. É importante lembrar que ninguém está sozinho”, completa o gestor.

Como identificar quando alguém precisa de ajuda
Amigos e familiares têm papel fundamental na prevenção ao suicídio e no cuidado com a saúde mental. Estar atento a sinais pode ser decisivo para que a pessoa em sofrimento receba o apoio necessário no momento certo.
Entre os principais indícios de que alguém pode estar precisando de ajuda estão o isolamento social, mudanças bruscas de comportamento, aumento da irritabilidade e, em alguns casos, a presença de hematomas ou cortes. “Muitas vezes o paciente não procura a família de imediato. Por isso é fundamental que as pessoas próximas saibam reconhecer esses sinais e incentivem a busca por ajuda profissional”, orienta a médica Clicia Menoncin.
Segundo Clicia, em alguns casos a procura por atendimento psiquiátrico se dá após encaminhamento do psicólogo, especialmente quando o paciente já está em terapia, mas não apresenta grandes avanços. Situações de pensamentos suicidas ou planejamento de suicídio também exigem atenção redobrada e acompanhamento especializado.
“O trabalho conjunto da terapia com o tratamento medicamentoso é essencial para garantir a evolução do paciente e evitar que ele chegue a uma situação extrema. É importante que a família esteja atenta e não espere o sofrimento se agravar para buscar apoio”, reforça a médica.

Atividades físicas e pedagógicas fortalecem tratamento
No Hosmac, o cuidado com os pacientes vai além do acompanhamento médico, incluindo ações pedagógicas e atividades físicas que contribuem para o bem-estar, a recuperação e a reinserção social.
O educador físico da unidade, Antônio César Cogo, explica que ações como treinamento funcional e calistenia (exercícios que utilizam o peso do próprio corpo) são desenvolvidas para estimular a prática de atividade física como rotina, promovendo saúde corporal e mental. “Quando os pacientes se sentem bem fisicamente, isso impacta diretamente no processo de melhora e na alta hospitalar. A atividade física libera hormônios que promovem bem-estar e, em alguns casos, pode até substituir alguns fármacos. Esse acompanhamento é essencial para o tratamento integral”, explica.
Ainda, a pedagoga Stela Maria Leal reforça que ações pedagógicas realizadas naquela unidade hospitalar têm foco em projetos que promovem socialização, lazer, autoexpressão, autoconfiança e desenvolvimento de habilidades essenciais para a saúde mental: “Organizamos passeios, [eventos em] datas comemorativas, oficinas de pintura e o projeto CozinhArte, em que os pacientes participam do preparo de comidas. Essas atividades estimulam a autonomia, fortalecem vínculos sociais e ajudam na autoestima. São ações que acontecem há anos e têm grande significado para os pacientes, que chegam a nos cobrar quando não acontecem”.