Instituição de GO realiza Conferência na Escola com 295 estudantes

Educação

A pauta da justiça climática esteve presente em cartazes, maquetes e seminários produzidos por estudantes do Colégio Estadual Cora Coralina, de Goiânia (GO), na Conferência nas Escolas. Aberta até 30 de junho, essa é a primeira e mais importante etapa da VI Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), em curso em todo o país, com o tema “Vamos transformar o Brasil com educação e justiça climática”. 

Ao saber da oportunidade de participar da conferência, a professora Patrícia Soares dos Santos Oliveira, graduada em geografia, inscreveu a escola e começou a trabalhar o tema da justiça climática em todas as turmas do 6º ao 9º ano da instituição, engajando 295 estudantes na educação ambiental.  

“Estimular os alunos a se apresentarem, ajudarem com a ornamentação do ambiente escolar, a montagem e a desmontagem dos estandes, tudo isso contribuiu bastante para a formação dos estudantes. Eles foram, de fato, protagonistas da conferência”, afirmou a professora. As apresentações da Conferência na Escola do Colégio Estadual Cora Coralina foram realizadas no fim de abril. 

A CNIJMA funciona como um pretexto pedagógico para promover a educação ambiental nas escolas e estimular o público infantojuvenil a se tornar agente ativo de mudanças nas ações de mitigação e adaptação às mudanças do clima. Assim, um dos processos pedagógicos da conferência é justamente o incentivo à participação da comunidade escolar na tomada de decisão frente à sustentabilidade socioambiental, aos riscos de desastres e à capacidade adaptativa e de resiliência de suas comunidades. 

A CNJIMA é promovida pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). 

Atuação no território O projeto intitulado “Transformações Sociais e Ambientais no córrego do Botafogo: um olhar sobre a Vila Redenção e Setor Pedro Ludovico” foi o escolhido para representar a escola por conter um conteúdo relacionado à realidade local, explicou a professora. “Ele fala a respeito de territórios saudáveis, com o subtema regeneração dos solos. Com ele, aprofundamos na questão dos impactos socioeconômicos e ambientais do bairro da escola, no Córrego Botafogo”, disse. O colégio está localizado a cerca de um quilômetro da nascente. 

“Durante a apresentação, tivemos a oportunidade de conscientizar a todos sobre a importância da regeneração do solo e sobre o quanto o córrego é essencial para a região. Foi um momento de aprendizado e de sensibilização para todos que participaram”, afirmou o estudante do 9º ano Kléber Augusto Ferreira Sena, o responsável pela apresentação do tema e eleito por seus colegas estudantes como delegado para representar a escola. 

Durante a apresentação, tivemos a oportunidade de conscientizar a todos sobre a importância da regeneração do solo e sobre o quanto o córrego é essencial para a região. Foi um momento de aprendizado e de sensibilização para todos que participaram”
Kléber Augusto Ferreira Sena 

Após a realização do trabalho, o estudante considerou o tema de extrema importância, principalmente “considerando a situação atual de poluição e degradação ambiental”. “Este tema nos conscientizou sobre a necessidade de regenerar áreas que foram degradadas e que já não suportam o cultivo de plantas. Sem um cultivo adequado, não temos muito futuro pela frente, já que a agricultura depende da saúde do solo”. 

A experiência vivida por Kléber pode servir como um exemplo de atuação e engajamento no tema, considerado relevante nos âmbitos local, nacional e mundial, em um esforço conjunto por um planeta ambientalmente saudável e socialmente justo. 

Inclusão Pós-graduada em Educação Inclusiva, a professora Patrícia contou que fez questão de trabalhar o tema da justiça climática incluindo todos os estudantes das turmas selecionadas.  

“As turmas foram divididas em grupos, em que cada um tinha uma tarefa a ser cumprida. Eles foram criados com autonomia pelos alunos, desde que obedecessem ao critério de inclusão dos alunos atípicos e que todos ajudassem na criação do projeto e na apresentação. Todos abraçaram a ideia e nos ajudaram”, defendeu. 

Estudante do 9º ano e autista nível 1, Matheus Guimarães de Medeiros Lima afirmou ter sido muito especial sua participação no projeto escolar. “Esse trabalho organizado pela professora Patrícia fez a gente parar um pouquinho para pensar sobre as condições climáticas que andam acontecendo, como o aumento do aquecimento global. Nos reunimos e nos ajudamos a montar um trabalho e deu tudo certo”, afirmou. 

O processo pedagógico da CNIJMA visa dar uma atenção especial à participação de pessoas com deficiências, pessoas surdas, negras, indígenas, quilombolas, camponesas, entre outros grupos vulnerabilizados do ponto de vista político, econômico e social. Na escola goiana, além de Matheus, participaram também estudantes com síndrome de Down e deficiência visual. 

A doutora em agronomia, professora do Instituto Federal de Goiás – Campus Aparecida de Goiânia e mobilizadora da VI CNIJMA no estado de Goiás, Luanna Guimarães, de 36 anos, frisa a importância da participação dos estudantes nesse processo. “Os projetos de ação são muito importantes, mas a força de realização desses projetos só acontece quando temos o incentivo e o pertencimento aflorados na juventude local”, defende. Aos 15 anos, Luanna entrou no movimento Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Goiás, atuando até 2014 dessa forma. Atualmente, a professora atua com um grupo de 20 jovens goianos interessados em atuar na pauta ambiental e fortalecer seus territórios. 

Justiça climática O termo “justiça climática” é usado por movimentos socioambientais para mostrar que a crise climática não é um assunto que deve ser enfrentado apenas do ponto de vista ambiental e por meio de soluções tecnológicas, mas principalmente em termos éticos e políticos. As escolas que desejarem trabalhar o tema e participar da etapa Conferência nas Escolas da VI CNIJMA podem seguir um “passo a passo” detalhado no site da conferência. As escolas que já realizaram as ações da etapa devem registrá-la no site. O registro é fundamental para garantir a participação das escolas nas próximas etapas da conferência e pode ser feito até o dia 5 de julho. 

Após a etapa da Conferência nas Escolas, com delegações e projetos de ação eleitos, é a vez das etapas municipais e regionais, que culminará nas conferências estaduais, as quais têm até 15 de agosto para acontecer. Delegações e projetos de ação finalistas chegarão à Conferência Nacional, prevista para ocorrer de 6 a 10 de outubro de 2025, em Brasília (DF), onde haverá espaço para aprendizagem e troca de experiências entre centenas de participantes de vários estados. 

A CNIJMA foi realizada pela primeira vez em 2003. Nas cinco edições realizadas ao longo de 15 anos (2003-2018), mais de 20 milhões de pessoas participaram: crianças e adolescentes de 11 a 14 anos (como delegados); jovens de 18 a 29 anos (como mobilizadores, facilitadores, oficineiros e gestores); professores e profissionais das comunidades escolares; e gestores da educação e do meio ambiente. Cada edição mobilizou, em média, 14 mil escolas de todos os estados. 

  

Assessoria de Comunicação do MEC 

Fonte: Ministério da Educação