Integrantes da Conferência “One Planet” visitam cooperativa de reciclagem referência na América Latina

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Integrantes da Conferência One Planet, fórum que debate o tema da segurança alimentar em Brasília, visitaram nesta quarta-feira (28.05) a Central das Cooperativas de Trabalho de Materiais Recicláveis – Francisco de Assis (Centcoop), entidade referência em reciclagem na América Latina que congrega 20 cooperativas de catadores de resíduos na capital federal.

Durante toda a manhã, representantes de grupos como o Word Wide Fund for Nature (WWF) e o Coletivo de Advogadas e Advogados José Alvear Restrepo (Cajar), da Colômbia, percorreram os vários galpões e instalações da central, localizada em uma zona industrial da cidade, e viram de perto o desenrolar de diversas atividades.

Entre elas, o “Cozinha Solidária”, política pública do Governo Federal executada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). O programa beneficia 720 catadores cooperados filiados à central, 420 dos quais apenas na Centcoop. Ao todo, cerca de 150 refeições são servidas no horário do almoço aos trabalhadores da unidade, em cardápio variado e nutritivo oferecido gratuitamente.

“A participação do MDS é muito importante. A gente tem dois processos com o ministério para nos ajudar. Um deles é de cestas básicas e outro é relativo à questão das proteínas”, declara a cooperada Rebeca Mello, responsável pelo programa na Centcoop.

Integrante de uma diretoria com seis membros e empossada na central há cerca de dois meses, ela também conclama a sociedade civil a ajudar os cooperados. “As pessoas têm de ter a ciência a respeito da insegurança alimentar que temos aqui dentro, que é gigantesca. Tem gente que não tem comida em seu dia-a-dia. Se não for a daqui, eles não comem”, acrescenta.

Rebeca lembra que parte dos recursos para o funcionamento das cozinhas é garantido pelo Governo Federal. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), doa parte dos alimentos para as cooperativas.“É necessário mais engajamento da sociedade”, adverte a cooperada.

Envolvimento governamental

O diretor comercial da Centcoop, o catador Alex Pereira dos Santos, atuou como um guia durante a visita. Recém-empossado na função, ele celebra o retorno da Cozinha Solidária ao funcionamento no local, há pouco mais de um mês.

“Quando o governo se envolve com as cooperativas, as coisas se transformam”, resume o dirigente, fundador da Cooperativa de Trabalho, de Material Reciclado e de Educação Ambiental Nova Esperança (Coopernoes).“Nossa meta é melhorar a vida financeira dos cooperados. Se a vida financeira de um catador vai bem, sua saúde também vai bem. A saúde financeira é a base de um lar normal”, completou.

Transformação

“Cerca de 70% dos cooperados sob o guarda-chuva da Centcoop são mulheres”, informa Alex Pereira enquanto conduz a visita a mais um galpão da unidade. Por lá, caixas de leite se transformam em blocos de telha, garrafas de plástico viram tubos de conexão ou fios de tecido. Os mais diversos tipos de material passam por transformações em estruturas e equipamentos imensos – a maior dessas instalações, que recebe montanhas de resíduos sólidos a serem tratados, com cerca de 300 metros de comprimento e 30 de altura.

“Mais de 500 toneladas de produto reciclado saem de lá, todo mês, direto para os variados tipos de indústria”, calcula Alex Pereira. Explicando que o vidro é o único material 100% reciclável, porque pode ser infinitamente reutilizado, diz estar à busca de um “ciclo completo” para os catadores, por meio de um equipamento novo que promove um tratamento nos resíduos e está a caminho da Centcoop. “Queremos um passo a mais, sair de uma cadeia para outra. Aumentar nossa renda, pois vamos gerar o produto e deixá-lo pronto para comercializar”, vislumbra.

Representante do grupo colombiano, o Cajar, a advogada Yéssica Hoyos elogiou o programa de atividades do One Planet e classificou a visita como “essencial” para os debates sobre segurança alimentar.

“É muito importante visitar essa cooperativa de reciclagem, porque isso nos permite entender que o sistema alimentar é completo. Temos que conhecer [a cadeia produtiva] desde o que se produz, como se produz, se tal produção está afetando a biodiversidade”, declara a colombiana, ressaltando a importância da parceria entre trabalhadores e governo.

Assessoria de Comunicação – MDS 

Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome