Iphan celebra a Literatura de Cordel na 23ª edição da Flip, em Paraty (RJ)

Cultura

Entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, a cidade de Paraty foi tomada pelos ritmos, versos e tradições da Literatura de Cordel. Na 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) promoveu uma programação especial que reuniu cordelistas, folheteiros, xilogravadores e artistas dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba e Ceará.    

O destaque foi a Casa do Cordel, instalada no Escritório Técnico do Iphan na Costa Verde (ETCV), no Centro Histórico da cidade, que se consolidou como ponto de encontro entre o público da Flip e os mestres e mestras da cultura popular. Nesta edição, a atuação da Casa do Cordel, enquanto parceira da Flip, foi ampliada para espaços como a Igreja de Santa Rita, onde funciona o Museu de Arte Sacra (MAS/Ibram), e o Coreto do Cordel.  

A programação contou com oficinas, rodas de conversa, lançamentos de livros, performances e apresentações musicais, em uma verdadeira imersão na poética nordestina, com temas que foram da ancestralidade feminina ao cordel erótico, passando por homenagens a autores e manifestações tradicionais como o forró e os cortejos.  

Na abertura da programação, Zé Salvador ofereceu a oficina O Cordel Passado a Limpo para alunos do oitavo ano da escola Waldorf de Paraty. Em seguida, o público ouviu a trajetória de vida da poeta EdiMaria na Conversa com o Poeta. O dia foi encerrado com o espetáculo Viva Nosso Patrimônio Imaterial na unidade Santa Rita do Polo Sociocultural do Sesc em Paraty, em que se apresentaram os Coletivos Cordel Cantante e Teodoras do Cordel, além de cordelistas convidados. Ao final, conduziram o público por meio de um cortejo musical pelas ruas do centro histórico até a Casa do Cordel – Iphan, onde realizaram uma ciranda na Praça Matriz.    

Na sexta (1º) e no sábado (2), os cordelistas Graziela Barduco e Severino Honorato ofereceram oficinas para alunos do 6º ano e para professores. Ainda na sexta, o destaque foi a presença dos cordelistas Edimilson Santini e Lu Vieira em uma mesa produzida, em parceria com o MinC, com o tema Instrumento de Letramento para a Educação e a Cultura: a Literatura de Cordel, com a participação de Jéferson Assumção, diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas da Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli/MinC). 

De maneira criativa, os cordelistas que expuseram no Museu de Arte Sacra renderam homenagem aos santos, conversando com o acervo exposto. Tin Tin Alves escreveu e publicou um folheto sobre a história de Santa Rita e da igreja que leva o nome da santa, em Paraty. Já para Santo Antônio, Cleusa Santo ofereceu a declamação de um folheto em uma performance que emocionou a todos.  

No sábado (2), a programação contou com a roda de conversa No Ventre do Verso – Cordel, Mulheres e Ancestralidade, formada somente por mulheres do Cordel, como Dalinha Catunda, Lu Vieira, Paola Torres, Graziela Barduco, EdiMaria, Cleusa Santo e Maria Rosa. Elas homenagearam Maria das Neves Batista Pimentel, a primeira mulher a publicar um folheto de cordel na década de 30 do século 20, àquela época assinado sob a alcunha de “Altino alagoano”, nome de seu marido.  

O público também foi convidado a apreciar o espetáculo poético-musical de forró Entre o Baião e o Chão do Verso, com Paola Tôrres e músicos convidados de Paraty, e a conferir a mesa “De Gênero Literário a Patrimônio: os desafios do reconhecimento”, na qual Luciano Braga, Graziela Barduco e Severino Honorato discutiram sobre os desafios que o cordel ainda enfrenta para ser reconhecido como literatura brasileira no meio literário.   

“Como pontuaram os cordelistas diversas vezes durante a Flip, a sonoridade e o ritmo próprio da literatura de cordel convidam ao gosto e ao letramento através da leitura”, destacou a antropóloga e técnica do Iphan, Lívia Lima, que coordenou a ação Casa do Cordel com Pedro Caetano, aluno do Programa de Especialização em Patrimônio.  

O trabalho continuado de salvaguarda do Cordel e outras ações de educação patrimonial também foi debatido na mesa Casa do Patrimônio – Perspectivas para a Educação e a Cultura em Paraty, que apresentou propostas por meio do Programa Casa do Patrimônio de Paraty. “A aliança entre Iphan, Ibram e Sesc Paraty tem a expectativa de agregar e tornar mais efetivas as ações em formação, salvaguarda e de interpretação do patrimônio mundial que já são realizadas por cada uma das instituições”, disse o chefe do Escritório Técnico do Iphan na Costa Verde, André Cavaco.  

Segundo a superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, as ações durante a Flip consolidam o compromisso do Instituto. “A presença do Iphan na Flip demonstra como as políticas de salvaguarda se fortalecem quando o patrimônio imaterial encontra espaços de troca com a sociedade”, pontuou a superintendente.   

Fonte: Ministério da Cultura