Junina Pega-Pega celebra o sertão, a vaquejada e as tradições populares em espetáculo que resgata vínculos afetivos e sociais

Acre

Com 29 anos de tradição, resistência e amor pelo São João, a quadrilha junina Pega-Pega promete emocionar o público nesta edição do Arraial Cultural ao apresentar um espetáculo que resgata laços afetivos e sociais por meio da simbologia do sertão, da vaquejada e das tradições populares. O grupo é um dos 15 que disputam o Concurso Estadual de Quadrilhas Juninas, que ocorre de 24 a 29 de junho, na Gameleira, em Rio Branco. Sua apresentação será nesta sexta-feira, 27, quarta noite de evento, às 21h.

Quadrilha junina Pega-Pega aposta na vaquejada, sertão e tradições populares. Foto: Cedida

O tema deste ano, “É de laço e de nó”, nasceu de um processo criativo coletivo que envolve direção artística, coreografia e produção, resultando em uma apresentação que alia emoção, identidade cultural e forte impacto visual. Formada por cerca de 150 pessoas diretamente envolvidas, a Pega-Pega levará ao tablado aproximadamente 40 pares, além de contar com uma equipe técnica e de produção que atua intensamente nos bastidores.

Detentora de sete títulos no Concurso Estadual de Quadrilhas Juninas (2005, 2006, 2008, 2009, 2015, 2016 e 2022), a Pega-Pega também é tricampeã do Circuito Municipal de Rio Branco (2010, 2012 e 2019) e do Festival de Quadrilhas do Sesc (2008, 2009 e 2012). O grupo já representou o Acre em sete edições do Concurso Nacional de Quadrilhas Juninas.
“O público pode esperar um espetáculo emocionante, com figurinos marcantes, coreografias envolventes, enredo sensível e um casamento que celebra os laços do afeto, da coragem e da resistência. Tudo isso com a qualidade e a energia que já são marcas registradas da Junina Pega-Pega”, afirma Cimar dos Santos, produtor cultural do grupo.

Grupo também encabeça projetos sociais importantes para a comunidade. Foto: Cedida

Compromisso com a comunidade

Muito além da dança, a Pega-Pega atua como espaço de inclusão, acolhimento e transformação social. Desenvolve atividades culturais voltadas à juventude periférica, promovendo oficinas, mutirões e oportunidades de formação artística. Um dos diferenciais mais marcantes é a presença de famílias inteiras no grupo, pais, filhos e netos dividindo o mesmo palco, além da participação ativa de antigos moradores do bairro nos bastidores.

“Nossos recursos vêm de campanhas, rifas, vendas, doações, parcerias com o comércio local e, sempre que possível, de editais públicos. É um trabalho essencialmente coletivo, sustentado pelo engajamento dos integrantes e da comunidade em todas as fases da produção”, explica Cimar.

Em março deste ano, a quadrilha Pega-Pega foi oficialmente reconhecida como patrimônio cultural do Acre, conforme decreto publicado no Diário Oficial e assinado pelo governador Gladson Camelí. E, em 2024, o grupo também foi contemplado com o título de Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura (MinC).

“Esse reconhecimento é histórico e profundamente simbólico. Representa o reconhecimento da nossa trajetória, da nossa resistência e do nosso papel como referência na cultura popular acreana. É, sobretudo, um ato de valorização e respeito a todos que contribuíram com essa história ao longo de quase três décadas”, ressalta Cimar.

Para o produtor cultural, fortalecer eventos como o Arraial Cultural é reafirmar o compromisso do poder público com a identidade e a memória do povo acreano: “O Arraial é um dos maiores palcos de celebração das tradições populares do nosso estado. Ele valoriza o fazer cultural de base comunitária e dá visibilidade às expressões que moldam nossa identidade coletiva. Para a Pega-Pega, participar desse evento é uma forma de honrar o passado, viver o presente e preservar o futuro da cultura junina acreana”, conclui.

Fundada no bairro Conquista, Pega-Pega encabeça também projetos sociais importantes para a comunidade. Foto: Cedida

A força das festas juninas

As festividades juninas têm grande impacto na capital acreana. Segundo a pesquisa Cultura nas Capitais, divulgada em junho e promovida pela JLeiva Cultura & Esporte, com patrocínio do Banco Itaú, Fundação Itaú e Instituto Cultural Vale, 28% dos moradores de Rio Branco consideram a festa junina o evento cultural mais relevante da cidade. O número supera mesmo a Expoacre, a tradicional feira agropecuária estadual, mencionada por 16% dos entrevistados.

A celebração movimenta diversos setores da economia e envolve grupos de nove cidades: Rio Branco, Plácido de Castro, Sena Madureira, Porto Acre, Tarauacá, Brasileia, Epitaciolândia e Cruzeiro do Sul, na disputa pelo título estadual na Liga de Quadrilhas Juninas do Acre (Liquajac).

Em reconhecimento à relevância cultural do movimento, o governo do Acre oficializou diversas quadrilhas juninas como patrimônio cultural estadual. Em março deste ano, também concedeu ao Instituto Junina Pega-Pega o título de entidade de utilidade pública, fortalecendo ainda mais a tradição.

Fonte: Governo AC