Nesta sexta-feira (19), Brumadinho (MG) se tornou palco de um momento histórico ao sediar a Pré-COP, encontro preparatório para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA). O evento reuniu familiares das vítimas da tragédia da mineração, lideranças indígenas, representantes da sociedade civil e autoridades públicas para reafirmar a luta por justiça, reparação e defesa da vida.
Entre as autoridades presentes, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, destacou a centralidade das mulheres no enfrentamento às mudanças climáticas: “Cada desastre natural no Brasil tem rosto de mulher. São elas as primeiras a salvar vidas, a buscar alimento, a garantir um teto. Justamente num ano de COP30, precisamos mostrar ao mundo o quanto as mulheres são impactadas por cada crise e como constroem as primeiras respostas. Precisamos colocar essa força no centro das soluções climáticas”, destacou a ministra.
Ela lembrou ainda que o Ministério das Mulheres preparou um plano com 10 ações integradas, cujo objetivo central é inserir a perspectiva de gênero na agenda climática e assegurar o protagonismo das mulheres na construção de soluções para a crise ambiental. “Nós temos dez ações em andamento para a conferência, mas o mais importante é o que o Brasil já está preparando e levando para o mundo: soluções concretas construídas a partir das mulheres e dos territórios”, destacou.
Vozes da resistência
O encontro foi uma iniciativa da deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), em parceria com a prefeitura de Brumadinho. Em sua fala, a parlamentar reforçou a dimensão simbólica e transformadora do evento: “Não cantamos para romantizar as nossas dores, mas para fazer o grito ecoar e acordar a casa grande que insiste em ignorar nossas realidades. Brumadinho é símbolo da dor que gerou uma força transformadora, e vamos seguir juntos, com garra e coragem, para que nossa cidade seja referência na pauta socioambiental”.
Emocionada, a dona Regina Silva, mãe de uma das vítimas da tragédia e representante da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão (Avabrum), destacou o significado da luta por memória e justiça: “Para nós, familiares de vítimas, é muito duro ver esse caminhar da mineração, porque nós sabemos o que aconteceu aqui em Brumadinho: foi descuido, foi descaso, foi ganância. A vida dos nossos não significou nada. Caminhamos para honrar e ressignificar a vida daqueles que se foram”.
Justiça climática com protagonismo das mulheres
Quase sete anos após o rompimento da barragem, as atividades em Brumadinho reafirmaram que o crime não será esquecido. Mulheres indígenas, quilombolas, ribeirinhas e atingidas pela mineração reforçaram que memória é resistência e que não haverá silêncio diante da destruição ambiental.
A Pré-COP integra a mobilização nacional e popular rumo à COP30, fomentando o debate e as ações por justiça climática em territórios vulnerabilizados. O objetivo é construir propostas que expressem as demandas de povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e movimentos de mulheres, reafirmando que só haverá justiça climática com equidade de gênero e justiça socioambiental.
Plano de Ações Integradas Mulheres e Clima
Lançado neste mês pelo Ministério das Mulheres, o Plano de Ações Integradas Mulheres e Clima tem como objetivo central assegurar o protagonismo das mulheres na construção de soluções para a crise ambiental. Saiba mais.
Fonte: Ministério das Mulheres