Ministra Márcia Lopes recebe Movimento Mães de Maio e reforça compromisso na luta por justiça e memória

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A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, recebeu nesta segunda-feira (18), em Brasília, representantes do Movimento Mães de Maio, da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas e da Conectas Direitos Humanos. A reunião discutiu pautas de justiça, reparação, saúde mental e participação social, em um diálogo marcado pela denúncia da violência de Estado e pela construção de respostas.

Criado em 2006, após as chacinas ocorridas em São Paulo que resultaram na morte de mais de 600 pessoas, em sua maioria jovens da periferia, o Movimento Mães de Maio reúne mães e familiares que transformaram o luto em luta por justiça, memória e políticas públicas. Embora tenha nascido em São Paulo, o movimento hoje reúne familiares de vítimas em diversos estados, como Ceará, Bahia e Amazonas.

Débora Maria da Silva, mãe de Edson Rogério, uma das vítimas do massacre de maio de 2006, relembrou os quase 20 anos de trajetória das Mães de Maio, marcados pela denúncia e pela resistência. “O Movimento Mães de Maio vem construindo, tijolinho por tijolinho, a necessidade de outra política de drogas, que dê oportunidades para os meninos e acolha as mães vitimadas. O amor que temos dentro do nosso coração precisa se transformar em política pública para construir uma sociedade mais justa, igualitária, sem ódio e com amor. O mínimo que nosso país tem que nos dar é reparação”, afirmou.

Ela também ressaltou o caráter feminista e latino-americano da luta: “O Movimento Mães de Maio é feito de mulheres, porque nós parimos, criamos e queremos um futuro para os nossos filhos. Quando esse sonho nos é tirado, precisamos dar as mãos e seguir juntas. A América Latina será feminista, e o Brasil precisa estar dentro dessa transformação”, destacou Débora.

Pautas apresentadas

Durante o encontro, as mães reforçaram a defesa da aprovação do Projeto de Lei 2999/2022, de autoria do deputado Orlando Silva, que prevê atendimento psicossocial para mães e familiares de vítimas da violência do Estado. O PL já recebeu parecer favorável do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e aguarda votação na Câmara dos Deputados.

Outro ponto destacado foi a criação do Centro de Memória de Vítimas da Violência de Estado, a ser instalado em Santos (SP), fruto de articulação com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. O espaço terá atividades de memória, reparação, exposições, oficinas culturais e acolhimento, funcionando como referência nacional.

As integrantes também reivindicaram que equipamentos como a Casa da Mulher Brasileira possam ser pontos de acolhimento e encaminhamento, fortalecendo políticas de saúde mental voltadas às mulheres que enfrentam o impacto do luto e da violência.

Compromisso do Ministério das Mulheres

A ministra Márcia Lopes ressaltou a necessidade de unificar as lutas sociais e de enfrentar o problema na raiz, com mudanças na formação das forças de segurança. “Temos que falar da formação de policiais, das forças de segurança. Sempre que posso, converso sobre isso com governadores e prefeitos, perguntando: como está a situação da violência policial aqui?”, destacou.

Ela também ressaltou a importância da participação social no âmbito do Ministério das Mulheres e a inclusão dos movimentos de mães nesses espaços de diálogo e decisão. “A gente tem recebido vários grupos de mulheres pescadoras, quebradeiras de coco, quilombolas, catadoras de recicláveis, mulheres de povos e comunidades tradicionais. Queremos articular para que as mães de vítimas da violência também participem ativamente dos fóruns do Ministério e estejam presentes na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres”, afirmou a ministra.

Ao final, Márcia Lopes reafirmou o compromisso do Governo Federal em dar encaminhamento às demandas apresentadas, reforçando que o enfrentamento à violência institucional é uma prioridade estrutural para a promoção de justiça, reparação e memória.

Fonte: Ministério das Mulheres