Missão de Monitoramento do REM Acre encerra atividades com encontro junto a lideranças indígenas

Acre

O último dia da Missão de Monitoramento 2025 do Programa REM Acre Fase II foi marcado pelo diálogo direto com representantes indígenas, no sábado, 27, na sede da Comissão Pró-Indígena do Acre (CPI), em Rio Branco. A comitiva internacional conheceu de perto experiências do subprograma Territórios Indígenas, voltado ao fortalecimento da proteção territorial e à valorização da educação intercultural.

Missão de Monitoramento do REM Acre encerra atividades com encontro junto a lideranças indígenas. Foto: Arinelson Morais/REM

A programação foi conduzida a partir das próprias vozes indígenas, que compartilharam histórias de vida, conquistas e desafios no caminho da autonomia e da preservação cultural. Em seus relatos, destacaram como a formação básica e a educação técnica vêm abrindo novas oportunidades dentro das aldeias, especialmente no fortalecimento da gestão territorial e na segurança alimentar.

Mulheres indígenas também apresentaram iniciativas que unem saberes tradicionais e práticas modernas, como produção agrícola sustentável e participação ativa em projetos comunitários.

Mulheres indígenas também apresentaram iniciativas que unem saberes tradicionais e práticas modernas. Foto: Arinelson Morais/REM

As experiências relatadas mostraram que o aprendizado adquirido em espaços como a CPI/AC se transforma em ação concreta nas comunidades. Entre os exemplos, foram lembrados os avanços na vigilância territorial, a recuperação de práticas culturais, como pintura, culinária e língua materna, além da valorização da economia indígena por meio do manejo sustentável e da produção agrícola.

Último dia da Missão de Monitoramento 2025 do Programa REM Acre Fase II foi marcado pelo diálogo direto com representantes indígenas, no sábado, 27, na sede da Comissão Pró-Indígena do Acre (CPI), em Rio Branco. Foto: Arinelson Morais/REM

Representantes da cooperação internacional também destacaram o papel estratégico dos povos indígenas na preservação da Amazônia. Para o gerente de portfólio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), Ingo Baum, as ações voltadas à educação e à proteção territorial são fundamentais para a agenda climática global. Ele ressaltou que a experiência do Acre mostra ao mundo a importância de unir políticas públicas e protagonismo comunitário no combate às mudanças climáticas.

Gerente de portfólio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), Ingo Baum. Foto: Arinelson Morais/REM

A secretária de Povos Indígenas (Sepi), Francisca Arara, avaliou que o programa trouxe mudanças significativas na vida das comunidades, ao garantir mais agilidade na aplicação dos recursos. Segundo ela, o subprograma permitiu que as associações indígenas recebessem diretamente os repasses, fortalecendo a autonomia na execução de seus projetos.

“Antes, os recursos demoravam a chegar. Agora, as associações recebem em suas contas, fazem suas compras, executam seus planos de trabalho e prestam contas com transparência. Isso representa autonomia e fortalecimento para os povos indígenas”, afirmou.

Titular da Secretaria de Povos Indígenas (Sepi), Francisca Arara. Foto: Arinelson Morais/REM

Subprograma Territórios Indígenas

O subprograma tem por objetivo promover a melhoria da qualidade de vida dos povos originários, reduzir emissões de gases de efeito estufa por desmatamento e degradação, e diminuir o fluxo de carbono florestal nas terras indígenas.

Dos 70% dos recursos do Programa REM, 12% são destinados aos beneficiários indígenas, com as ações previstas e definidas em conjunto com a Câmara Temática Indígena (CTI), instância de governança da Comissão Estadual de Validação e Acompanhamento (Ceva), do Sistema de Incentivo a Serviços Ambientais (Sisa).

Programação foi conduzida a partir das próprias vozes indígenas, que compartilharam histórias de vida, conquistas e desafios no caminho da autonomia e da preservação cultural. Foto: Arinelson Morais/REM

Até junho de 2025, foram executados R$ 15.048.017,55 em seis projetos, sendo dois deles emergenciais:

  • Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs): garante bolsas para que os agentes desenvolvam ações de implantação e manutenção de sistemas agroflorestais (SAFs), hortas e quintais orgânicos, produção de mudas e reflorestamento, manejo de recursos naturais, conservação de sementes tradicionais, vigilância e denúncias de invasão territorial;
  • Formação e Capacitação de AAFIs: conduzida pela CPI, oferta cursos técnicos e profissionalizantes para fortalecer o papel dos agentes nas aldeias;
  • Ação emergencial na pandemia de covid-19: forneceu cestas básicas e apoio alimentar para comunidades isoladas durante o período crítico;
  • Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTIs): viabiliza projetos para aquisição de equipamentos, construção de pequenas estruturas, implantação de áreas produtivas agroflorestais, vigilância, valorização cultural e empoderamento das mulheres;
  • Formação Intercultural Diferenciada Indígena: realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Educação e Cultura (SEE), promove processos formativos que integram docentes indígenas e AAFIs, fortalecendo práticas pedagógicas voltadas à gestão ambiental, letramento, numeramento e valorização cultural;
  • Plano Emergencial Pós-enchentes: voltado ao atendimento de comunidades indígenas atingidas pelas alagações, especialmente no Alto e Baixo Acre, garantindo segurança alimentar e acesso à água potável.

Com mais de 70% dos recursos já executados, o subprograma Territórios Indígenas tem mostrado que, ao combinar saber tradicional, educação intercultural e apoio financeiro ágil, é possível avançar na proteção da floresta e na valorização da diversidade cultural acreana.

O encontro encerrou a Missão de Monitoramento de 2025 com a certeza de que os povos indígenas seguem sendo protagonistas de soluções para um futuro sustentável.

Fonte: Governo AC