O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Banco do Brasil lançaram, nesta terça-feira (20/5), iniciativa para impulsionar a formação de agentes de crédito rural da sociobioeconomia na Amazônia Legal e no Cerrado. A estratégia representa um marco na promoção da bioeconomia alinhada às necessidades de comunidades tradicionais, agricultores familiares e povos originários dessas regiões. A solenidade foi realizada em Brasília (DF), com a participação da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Mais de 3,5 mil famílias devem ser beneficiadas, com potencial de crédito estimado em R$ 200 milhões. A ação é desenvolvida em parceria com o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Instituto Clima e Sociedade (iCS), e tem como foco a qualificação de agentes de crédito para atuação como promotores de educação financeira em comunidades tradicionais.
A secretária nacional de Bioeconomia do MMA, Carina Pimenta, explica que a “formação específica para agentes de crédito é fundamental para que a gente possa, de fato, conseguir levar oportunidades de financiamento, desde o microcrédito até financiamentos mais estruturais, para comunidades que protagonizam a agenda da sociobioeconomia”.
“Hoje, a realidade é que não há necessariamente escassez de recursos financeiros, mas, sim, de canais de distribuição que capilarizem os recursos nos territórios e dialoguem com a forma como as comunidades locais vivem e produzem”, ponderou a secretária.
Para estreitar essa relação, os agentes serão selecionados para atuar em locais próximos às comunidades onde residem. Carina Pimenta classificou a estratégia como “ganha-ganha”. “As cooperativas e associações comunitárias ganham ao conseguirem ampliar o conhecimento sobre linhas de crédito e educação financeira, e os agentes financeiros ganham ao receberem estímulos para implementar as políticas públicas que são orientadas para beneficiar o público da sociobioeconomia.”
A formação dos agentes é desenvolvida no âmbito do Programa de Formação de Formação em Sociobioeconomia e Agroecologia para Agentes de Crédito Rural (PFSA), lançado em fevereiro deste ano, pelo MMA e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
O vice-presidente de Negócios de Governo e Sustentabilidade Empresarial do Banco do Brasil, José Sasseron, destacou que a atuação conjunta reafirma o compromisso do Banco do Brasil com “um modelo de desenvolvimento que valoriza as pessoas, os territórios e a biodiversidade”.
“Ao formar agentes de inclusão sociobioeconômica, estamos fortalecendo redes locais, promovendo justiça climática e ampliando o acesso ao crédito de forma sustentável e inclusiva. É uma ação concreta que conecta a proteção dos nossos biomas à geração de renda e à dignidade das comunidades que os preservam”, ressaltou.
A ação facilitará o acesso ao crédito rural em políticas públicas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A capacitação abordará também o planejamento das unidades de produção familiar, tecnologias sustentáveis e transição agroecológica, inclusão de gênero e juventude, associativismo e cooperativismo, entre outros temas.
O lançamento da estratégia foi realizado durante a cerimônia de entrega do 1º Prêmio Guardiãs da Sociobiodioversidade (leia mais aqui). Promovido pelo MMA, a iniciativa reconhece o trabalho de organizações que representam os detentores de conhecimentos tradicionais associados, beneficiárias da lei de acesso e repartição de benefícios.
O evento integra as atividades realizadas pelo MMA para comemorar o Dia Internacional da Biodiversidade, celebrado na próxima quarta-feira (22/05). A agenda marcou ainda os 10 anos da Lei do Patrimônio Genético e Conhecimento Tradicional Associado, em vigor desde 20 de maio de 2015.