A Fundação Cultural Palmares realizou uma agenda estratégica em Belém, capital do Pará, entre os dias 14 e 16 de maio de 2025. A visita reforçou o compromisso da instituição com o diálogo direto, o reconhecimento territorial e a valorização das culturas negras do estado.
No dia 14, o presidente da Fundação, João Jorge Rodrigues, visitou o Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA), acompanhado do diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira, Nelson Mendes, e do servidor do Departamento de Patrimônio Afro-Brasileiro, Alan Matos. A comitiva foi recebida pela professora Zélia Amador de Deus, em uma roda de escuta com lideranças do Movimento Mocambo e outras organizações históricas do estado.
Durante o encontro, a Fundação apresentou os principais resultados de sua gestão e as diretrizes para os próximos anos. As lideranças locais apontaram entraves como a morosidade na certificação quilombola, a descontinuidade de políticas públicas e a ausência de presença institucional em muitos territórios.
Ao final da roda, João Jorge Rodrigues e sua equipe firmaram o compromisso de encaminhar soluções e manter o diálogo com os movimentos sociais do Pará. Nesse contexto, a Fundação também destacou que as ações da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB) devem incluir, de forma prioritária, as comunidades negras e quilombolas do estado.
A escuta dos territórios, aliada à estruturação de editais específicos e ao uso de cotas raciais, é fundamental para garantir que os recursos cheguem a quem tem feito cultura mesmo sem apoio institucional nos últimos anos. “Não basta ouvir e ir embora. Nosso papel é transformar essa escuta em política, em edital, em fomento. A PNAB é uma oportunidade histórica para corrigir desigualdades no acesso aos recursos da cultura, e vamos atuar para que os quilombos, os terreiros e as comunidades negras do Pará sejam prioridade nesse processo.”
No dia seguinte, 15, a Fundação participou da mesa de diálogo Princípio Sankofa: Certificação Quilombola, Herança e Patrimônio Cultural, promovida pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). João Jorge Rodrigues defendeu a ampliação da certificação das comunidades quilombolas, ressaltando a importância de cooperação entre os órgãos públicos para superar entraves históricos.
A mesa reuniu representantes do INCRA, do Instituto de Terras do Pará (ITERPA) e de organizações quilombolas como o Instituto Filho de Quilombo, a Malungu e o Movimento Mocambo. Durante o encontro, o presidente do ITERPA, Bruno Kono, reconheceu a mudança de postura da Fundação Cultural Palmares, agora mais acessível, presente nos territórios e comprometida com soluções conjuntas. O estado concentra um número expressivo de comunidades quilombolas reconhecidas ou em processo de certificação, o que evidencia a relevância e a urgência da pauta.
Hoje, 16, a agenda se encerra com uma reunião entre a equipe da Fundação e a Secretaria de Estado de Cultura do Pará. O encontro busca firmar parcerias para valorizar o patrimônio cultural afro-brasileiro e apoiar ações nos territórios de matriz africana.
A passagem da Fundação por Belém reafirma o papel da instituição como articuladora de políticas públicas para a população negra. O esforço da atual gestão em escutar, responder e se fazer presente aponta para um caminho de reconstrução do vínculo entre o Estado e as comunidades quilombolas do Pará — com respeito, ação e compromisso.
Fonte: Ministério da Cultura

