O novo Plano Nacional de Livro e Leitura (PNLL) 2025-2035 foi tema de uma roda de conversa na manhã desta quinta-feira (31). A atividade, promovida na Casa de Cultura pelo Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli), e o Ministério da Educação (MEC), integra a programação da 23ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).
Entre os convidados do debate, a escritora Conceição Evaristo destacou a necessidade de o poder público conhecer as diferentes realidades do Brasil para assegurar a compreensão do papel da leitura e do livro nas diversas camadas da população.
“Eu sempre fiquei muito intrigada quando diziam que brasileiro não lê. Eu fico sempre me perguntando o que é oferecido também para o brasileiro E partindo de uma observação dos espaços populares, principalmente nessa movimentação do povo de ir e voltar para o trabalho. Porque quando a gente pensa nessa democratização da leitura e do livro, quando a gente fala em democratização, a primeira ideia que nos vem é uma ideia de inclusão do povo. Eu acho que não tem como pensar democracia em todos os seus direitos se você não inclui o povo”, afirmou.
O Plano Nacional do Livro e Leitura é um conjunto amplo de políticas e ações de valorização do livro e da leitura realizadas pelo Estado e pela sociedade. Trata-se de um pacto social pela valorização do livro, da leitura, da literatura, da escrita e das bibliotecas.
Para assegura a participação social, o texto-base do documento está aberto para consulta pública até o dia 8 de agosto no site Participa + Brasil. (https://www.gov.br/participamaisbrasil/consulta-publica-ao-plano-nacional-de-livro-e-leitura-2025-2035).
Debate na Flip
“As feiras literárias e as festas são elementos importantes para a democratização do acesso, para a formação de leitores, para o incremento do livro no imaginário simbólico e do próprio povo brasileiro, mas também promovendo o desenvolvimento da economia criativa do livro. O que queremos, e estamos trabalhando juntos o MinC e o MEC, para que agora, em outubro, o presidente Lula, com a ministra Margareth Menezes, da Cultura, e o ministro Camilo Santana, da Educação, possam estar assinando o novo Plano Nacional”, destacou o secretário Fabiano Piúba, da Sefli.
Segundo ele, isso é fundamental para que o país possa ter os objetivos, as metas e as ações para os próximos 10 anos, além de um mapa de navegação para os gestores públicos.
A diretora de Apoio à Gestão Educacional na Secretaria de Educação Básica do MEC, Anita Stefani, falou sobre as ações do Governo Federal para acesso ao livro e avanço na alfabetização. “O Ministério da Educação colocou como prioridade pontos que eu acho importante, voltados à educação básica. Sabemos que é lá, no começo da infância que a gente tem uma oportunidade muito grande de formar leitores. Todo mundo pode se tornar e deve se tornar leitor ao longo da vida. Mas é ali, na escola pública, que muito acontece. Avançar na alfabetização e garantir acesso ao livro têm sido a nossa prioridade”.
Dialogar com as classes populares
Levar essa discussão à Flip, destaca o diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura (MinC), Jéferson Assunção, é uma forma de ampliar o acesso das pessoas ao conhecimento e ao debate, mas, para além disso, assegurar que a população tenha voz diante da elaboração das políticas públicas.
“Hoje nós estamos no momento de fazer esse novo plano. E dia 8 termina o período de consulta pública, o entendimento e a participação das pessoas nesse processo é a garantia de direito das pessoas assegurada pelas pessoas”, afirma.
“O novo plano dá esse direcionamento para que a gente consiga recuperar toda essa dívida histórica que o Brasil tem com a leitura e fazer com que o livro esteja dentro do dia a dia de toda uma sociedade. Então, é dessa maneira que a gente vê como um tema tão importante e tão central, que ele seja realmente institucionalizado e que esses temas não sejam esquecidos ou deixados”, ressaltou a representante da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Karine Pansa.
Os desafios do processo também foram apontados durante a mesa. “Temos um cenário desafiador, e a Retratos da Leitura tem acendido um alerta. Mas temos a possibilidade desse Plano, dez anos para frente, possa mudar esse quadro. E nesses quatro eixos a gente vê uma contemplação e um cuidado com todo o ecossistema do livro, inclusive circunscrevendo dois conceitos importantíssimos para nós da Libre, que é a bibliodiversidade e o resgate do valor do livro da leitura”, ressalta a representante da Liga Brasileira de Editoras (LIBRE) e membro do Conselho do Conselho Larissa Kouzmin-Korovaeff.
A novidade desse processo é a incorporação de uma política para a escrita, que não estava presente no plano anterior. O desafio é elaborar políticas culturais e ações voltadas à qualificação e diversificação da criação literária, como também tornar a formação do leitor mais completa pela democratização da formação em escrita criativa, entendida como um direito.
Para isso, o PNLL se divide em quatro eixos: democratização do acesso; fomento à leitura e à formação de mediadores; valorização institucional da leitura e incremento de seu valor simbólico; e fomento à cadeia criativa e produtiva do livro.
Fonte: Ministério da Cultura