Servir e proteger não é apenas um lema, mas um compromisso que guia cada ação da Polícia Militar do Acre (PMAC). Como guardiã da Estrela Altaneira, sua missão vai além da ordem pública e da segurança, representando, acima de tudo, a defesa da vida humana. Um trabalho que muitas vezes passa despercebido, mas que pulsa com a mesma intensidade do serviço ostensivo nas ruas.
Em muitos momentos, a atuação da Polícia Militar é decisiva na preservação de vidas, transformando a farda em um verdadeiro escudo de proteção e esperança aos cidadãos. O caso mais recente foi registrado em Brasileia, no interior do estado, na noite de 18 de abril, quando um recém-nascido de 5 dias foi salvo pelos policiais militares Francisco Neto e Emílio Amaral, após se engasgar com leite enquanto era amamentado.
Os pais chegaram ao 5º Batalhão pedindo socorro e os soldados usaram a manobra de Heimlich, técnica de primeiros socorros utilizada para desobstruir as vias aéreas em casos de engasgo.
Francisco Neto lembra que os dois estavam fazendo patrulha entre Brasileia e Epitaciolândia, quando pararam no Batalhão para beber água e logo depois o comandante avisou que um casal pedia ajuda.
“Fui o primeiro a ver a criança e, ao pegá-la nos braços, pude perceber que estava com sinais de cianose [coloração roxa]. Logo em seguida o soldado Emílio Neto se aproximou e fez as manobras, enquanto eu avaliava se ela havia voltado a respirar ou não”, conta.
Após a bebê ter voltado a respirar, os policiais orientaram que os pais a levassem ao hospital para uma avaliação médica. Para ele, poder ter salvado a vida de uma bebê é gratificante.
“Além de policial militar, sou pai, esposo, filho, e naquele momento pude ver a aflição no olhar dos pais. Poder dar uma nova oportunidade para aquela criança de apenas 5 dias de vida foi algo muito gratificante. Deus nos deu a sabedoria necessária para que eu e o soldado Emílio Neto pudéssemos ter êxito na missão”, avalia.
O soldado destaca ainda que são inúmeras histórias marcantes no dia a dia, pois por muitas vezes se deparam com situações delicadas. “Sensação de dever cumprido, o melhor de tudo foi ver o alívio no olhar daqueles pais, ter ciência que sabíamos o que estávamos fazendo e no final deu tudo certo. Ações como essas são capazes de mostrar à população quão valoroso é o trabalho da nossa Polícia Militar”, enfatiza.
Também em Rio Branco, em agosto do ano passado, a então soldada Raiane Gomes, do 1º Batalhão da PMAC, igualmente salvou de um engasgo uma bebê de 6 dias.
Raiane estava em patrulhamento, na Rua 24 de Janeiro, bairro Seis de Agosto, próximo à Ponte Metálica, quando ela e os outros militares avistaram um carro vindo na contramão. Um homem saiu do veículo, correndo em direção aos policiais.
Os pais estavam desesperados e pediram ajuda. A policial, que também é enfermeira, disse que o controle necessário para situações como essa é resultado do treinamento militar. Um mês depois, ela se reencontrou com os pais da bebê, Lubicirio e Regiane Santos.
Na época, em entrevista, o pai disse que tentou fazer a técnica em casa, mas não conseguiu devido ao nervosismo. “Fiquei tão desesperado que fizemos o procedimento errado. Tentei ligar para a polícia, para ver se socorria a gente, mas não estava dando certo. Eu falei: ‘o jeito é entrar no carro e sair nessa cidade, sei que vou achar polícia na rua’”, contou.
Outra cena que viralizou na internet em 2020 foi a de uma policial militar segurando um bebê enquanto a mãe aguardava atendimento em uma agência bancária. Sem querer se identificar na época, a policial de 27 anos, chegou a dar entrevistas, dizendo que era uma forma de ajudar a mãe naquele momento.
Um decreto do governo, de maio daquele ano, proibiu a permanência de crianças e adolescentes de até 14 anos, sozinhos ou acompanhados, em filas internas ou externas, exceto nos casos de atendimento à saúde da própria criança.
“A gente estava no patrulhamento e paramos ali na Caixa. Uma mãe entregou o filho para uma grávida e ela ficou ali por um tempo. Como o bebê já era um pouco grandinho, ela começou a apoiar na barriga e percebi que já estava pesando, bem desconfortável e me ofereci para segurar um pouco. Sou mãe, me compadeci”, contou em entrevista na época.
Também em 2020, em Brasileia, policiais militares fizeram os primeiros atendimentos a uma mulher de 38 anos que, sozinha, em casa, deu à luz um bebê.
“A guarnição estava indo atender uma ocorrência e um popular estava passando, quando viu a viatura e pediu ajuda. Quando a viatura chegou lá, o feto já tinha sido expulso e eles cortaram o cordão umbilical para poder transferir a mãe e a criança para o hospital”, informou, na época, a comandante do batalhão, que era a tenente-coronel Ana Cássia Monteiro.
Em 2017 um acidente repercutiu em Brasileia. Uma criança de apenas um ano foi salva pelo policial militar e o estudante de medicina Jackson Douglas Ambrósio, após se afogar em um balde cheio de água e sabão.
Em entrevista na época, o policial contou que estava em patrulha de rotina pelo bairro Samaúma, quando viu a mãe com a criança nos braços em um mototáxi. Ele fez os procedimentos de socorro dentro da viatura.
“Não tenho nem palavras, porque uma vida não tem preço. Fico agradecido a Deus por ter me colocado lá no momento certo. Para mim, foi muito emocionante, tenho duas filhas e minha esposa está grávida. Na minha carreira, foi um dos momentos mais importantes e valeu até mais do que uma promoção”, disse.
Um parto emocionante marcou a carreira do major Lázaro Moura e sua patrulha. Durante uma viagem até a capital acreana para buscar novas viaturas, policiais do Batalhão da Polícia Militar de Cruzeiro do Sul tiveram uma surpresa ao se deparar com uma jovem de 25 anos pedindo ajuda às margens da BR-364.
A jovem estava grávida e entrou em trabalho de parto após viajar oito horas de barco. Os policiais fizeram o parto na viatura e depois levaram mãe e filho para o hospital de Tarauacá.
Mais tarde, Moura relatou o ocorrido em entrevista: “Trabalhamos com o crime todos os dias, prendendo gente e sempre na correria. Foi uma experiência incrível. Era uma pessoa que mora na mata, viajou muito tempo na canoa e de repente a criança nasceu saudável e a mãe ficou bem. É um sentimento de dever cumprindo”.
Fonte: Governo AC