Poços e cacimbas serão perfurados em 38 aldeias do Acre para garantir água durante a seca, anuncia Sepi

Acre

Os extremos climáticos que atingem o Acre têm causado impactos severos nos territórios indígenas, que figuram entre os mais vulneráveis. Enquanto as cheias inundam plantações e favorecem o surgimento de doenças, a estiagem atual intensifica a insegurança alimentar, com altas temperaturas e escassez de água, comprometendo a subsistência e a qualidade de vida dessas comunidades.

Comunidades indígenas são as mais afetadas com os eventos extremos no Acre. Foto: Tácita Muniz/Secom

Para enfrentar os impactos da estiagem que afeta comunidades indígenas no Acre, a Secretaria Extraordinária de Povos Indígenas (Sepi) anunciou a perfuração de oito poços e mais de trinta cacimbas em aldeias localizadas nas regiões do Alto Rio Purus e Alto Rio Juruá.

A medida busca garantir alternativas de abastecimento hídrico durante períodos de seca prolongada, segundo a titular da pasta, Francisca Arara.

Em paralelo, a Sepi atua em parceria com a Defesa Civil Estadual e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) na elaboração de estratégias emergenciais. Entre as ações previstas estão a distribuição de pelo menos cinco mil cestas básicas e também está em andamento o pagamento de bolsas para 148 agentes agroflorestais indígenas, que desempenham um papel essencial na promoção de práticas sustentáveis e na preservação dos territórios tradicionais.

Sepi, junto com Funai e outras entidades indígenas, têm acompanhado ações e tomado decisões para amenizar efeitos da seca. Foto: AMAAIAC

Os impactos da estiagem nessas regiões têm sido acompanhados de forma rigorosa pelo governo do Acre, com análises constantes realizadas pelo Gabinete de Crise, grupo responsável por monitorar e deliberar ações diante de eventos climáticos extremos.

“Nas últimas reuniões, em parceria com os Distritos Sanitários Indígenas e a Funai, buscamos alternativas que, dentro das nossas possibilidades, permitam atender às demandas das comunidades indígenas mais isoladas e severamente afetadas pela seca”, afirma o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista.

Sepi tem buscado apoio para conseguir desenvolver ações dentro das comunidades indígenas do Acre. Foto: AMAAIAC

Poços, cacimbas, cestas emergenciais e apoio

A secretária Francisca Arara diz que a Sepi tem atuado pontualmente com o objetivo de mitigar os efeitos da seca extrema nos territórios. Uma das ações é o pagamento de bolsas aos agentes agroflorestais que atuam nas 36 terras indígenas do estado. Os valores variam de R$ 500 a R$ 800 e estão garantidos até o final de 2026.

Os agentes agroflorestais indígenas desempenham um papel estratégico nos territórios, atuando diretamente no monitoramento dos sistemas agroflorestais, na promoção da segurança alimentar e na disseminação de práticas de educação ambiental junto às comunidades.

Manter a segurança alimentar nessas comunidades é uma das grandes preocupações. Foto: AMAAIAC

“A Sepi tem acompanhado de perto o trabalho da Funai, em parceria com a Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC), com o objetivo de ampliar a captação de recursos. Nosso planejamento prevê a perfuração de 38 poços e cacimbas, e estamos mobilizados para viabilizar este investimento por meio de emendas parlamentares. Além disso, vamos levar essa pauta à COP-30, porque entendemos que é uma demanda urgente e essencial”, destaca a secretária.

Segundo Francisca, o investimento previsto para a perfuração dos poços e cacimbas deve alcançar R$ 2 milhões, com início dos trabalhos programado ainda para este mês. Paralelamente, está sendo realizado um mapeamento, em parceria com lideranças e entidades indígenas, para viabilizar a entrega de cinco mil cestas emergenciais às aldeias mais afetadas.

“Estamos mobilizando apoio em três frentes: junto ao governo federal, às prefeituras e também a fundos internacionais, para atender de forma mais ampla e eficaz às demandas desses territórios. Todas essas ações estão alinhadas à política de gestão territorial que temos construído coletivamente”, finaliza.

Fonte: Governo AC