Santo André (SP) – Por trás dos novos ônibus que cruzam as vias de Santo André, na Região Metropolitana de São Paulo, há muito mais do que ar-condicionado, wi-fi e carregadores de celular. Existem várias histórias de amor à profissão. Mas ninguém personifica melhor essa trajetória do que Wagner Carvalho da Silva, 62, hoje gerente operacional de uma empresa contemplada pelo eixo de Renovação de Frota do Novo PAC para o setor privado, coordenado pelo Ministério das Cidades.
A relação de Wagner com os ônibus começou cedo. Em 1976, aos 13 anos, iniciou a vida profissional como cobrador, em uma época que menores de idade ainda podiam trabalhar formalmente. Estudava das 7h às 11h e, das 14h à meia-noite, encarava longas jornadas a bordo dos coletivos que circulavam por Santo André. “Eu passava em frente à minha casa e via todos os meus amigos jogando pião, enquanto eu estava indo trabalhar. Muitas vezes chegava nos pontos finais chorando”, relembrou.
Filho mais velho de seis irmãos, Wagner se viu motivado a trabalhar para conquistar a sua independência financeira mais rápido e comprar o que queria, fosse isso uma bicicleta, uma calça jeans ou um par de tênis. Foi assim que a sua vida se entrelaçou de vez com a rotina do transporte público. “Tenho sangue de óleo diesel”, brincou.
- Wagner e um dos ônibus que desembarcaram em Santo André via renovação de frota. Crédito: Arquivo Pessoal.
Com o tempo, trocou o posto de cobrador pela fiscalização, e só se afastou dos ônibus por três anos, entre 1986 e 1989, quando começou a construir a vida com a esposa, Maria Aparecida. Na época, foi trabalhar em uma montadora, em busca de melhores benefícios de saúde, embora isso não o preenchesse. “Parecia que eu estava em uma prisão. Trabalhava mal, todo mundo percebia. Só me mantiveram lá porque eu jogava bola e participava dos campeonatos de várzea da empresa.”
O retorno ao transporte coletivo foi um alívio. Desde então, Wagner não parou mais, mesmo quando a saúde o balançou. Diagnosticado com uma condição grave nos rins, ele passou por um transplante recentemente e pensou em colocar um ponto final na carreira. Aposentado há 12 anos, ele até tentou ficar em casa, mas não aguentou. “Tive que voltar. A minha vida são os ônibus.”
O que reacendeu seu ânimo foi a chegada dos novos veículos da Renovação de Frota. No começo deste ano, 26 ônibus de tecnologia Euro 6 desembarcaram em Santo André, e logo começaram a circular. “Quando você vê os ônibus novos passando no centro da cidade, aquilo revigora a gente. É bonito de ver. Agrada os funcionários, os passageiros, todo mundo.
Para Wagner, o impacto vai além da estética. “O ônibus hoje é um luxo, mas isso não basta: o motorista tem que ter excelência. O cartão de visitas de cada viação é o motorista, e o olhar dos funcionários muda quando eles dirigem uma nova máquina.” Ele fala com entusiasmo técnico e pessoal sobre os avanços. “Quando comecei, não tinha direção hidráulica. Todos os veículos tinham câmbio duro, era difícil de imaginar o que temos hoje. Agora, dirigir um ônibus desses é mais confortável do que um carro de passeio.”
Mais do que desempenho ou tecnologia, Wagner acredita que a verdadeira diferença esteja nas pessoas, seja no compromisso com a pontualidade ou com o respeito ao passageiro e ao motorista. “Com ônibus novo ou velho, o diferencial é a confiança: o passageiro precisa saber que você vai passar no horário certo.”
Hoje, ele celebra a própria recuperação de saúde, o retorno à ativa e o futuro da frota brasileira. “Fiquei sabendo que mais ônibus vão chegar ainda este ano para a empresa. Estou mais animado do que nunca. A tendência é evoluir. Quando vou a São Paulo para o acompanhamento médico dos rins, vejo vários ônibus a diesel menos poluentes ou elétricos. É isso que a gente precisa para trazer os passageiros de volta.”
A frase que resume sua filosofia de vida veio de um antigo patrão: “O sol tem que brilhar para todo mundo.” Wagner espera que a Renovação de Frota leve luz a cada canto do Brasil. E, enquanto houver fôlego, ele estará ali, cuidando das novas máquinas com a paixão de quem nunca deixou de acreditar na força do transporte público.
Balanço do Refrota
Desde 2023, o Ministério das Cidades destinou cerca de R$ 13 bilhões para a renovação de frotas nos setores público e privado, contemplando a aquisição de 8.211 ônibus em 152 cidades, distribuídas por 23 estados.
O setor público recebeu R$ 10,6 bilhões via PAC em 2024, resultando na compra de 2.296 ônibus elétricos, 3.015 com tecnologia Euro 6 e 39 VLTs.
No setor privado, foram selecionadas propostas que somam R$ 2,4 bilhões. Desses recursos, foram aprovadas as aquisições de 2.839 ônibus com motor Euro 6 e 61 ônibus elétricos.
Para mais informações, confira o texto completo sobre o balanço da Renovação de Frota.
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Fonte: Ministério das Cidades