8 de Março: Dia Internacional de Luta pelos Direitos das Mulheres

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No Brasil, esse marco ganha contornos específicos, refletindo desafios estruturais e a força de movimentos feministas que transformam lutas em avanços sociais

Foto: José Cruz

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, transcende flores e homenagens simbólicas. É uma data enraizada na resistência, marcada por conquistas históricas e pela persistência de desigualdades. Globalmente, o dia simboliza a luta por equidade de gênero, contra a violência e a opressão. No Brasil, esse marco ganha contornos específicos, refletindo desafios estruturais e a força de movimentos feministas que transformam lutas em avanços sociais.

Origens Históricas: Da Luta Operária ao Reconhecimento Global
O 8 de março nasceu das mobilizações de mulheres trabalhadoras no início do século XX. Em 1908, operárias de Nova York marcharam por melhores condições laborais e direito ao voto. Em 1910, a ativista Clara Zetkin propôs um dia internacional de luta durante uma conferência socialista. A data foi consolidada após protestos de mulheres russas em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário juliano), que exigiam “pão e paz” durante a Primeira Guerra Mundial, catalisando a Revolução Russa. A ONU oficializou a data em 1975, vinculando-a à busca por direitos humanos e igualdade.

Significado Global: Entre Conquistas e Desafios
Hoje, o 8M é um dia de reflexão e ação. Temas anuais, como #BreakTheBias (2022) e #EqualPay (2023), destacam questões urgentes:
– Violência de gênero: 1 em 3 mulheres sofre violência física ou sexual no mundo (OMS).
– Desigualdade econômica: A diferença salarial global é de 20%, e mulheres ocupam apenas 25% dos cargos de liderança (OIT).
– Direitos reprodutivos: Restrições afetam milhões, principalmente em países conservadores.
Movimentos como #MeToo e NiUnaMenos amplificam vozes, mostrando que a luta é interseccional, englobando raça, classe e orientação sexual.

Brasil: Resistência em Meio a Avanços e Retrocessos
No Brasil, o 8 de março é “dia de luta”, não de festa. A realidade das mulheres reflete contradições:

1. Violência de Gênero:
– O país registra uma média de 1.200 feminicídios anuais (FBSP, 2022).
– A Lei Maria da Penha (2006) é referência, mas sua implementação é falha, especialmente para mulheres negras, que representam 66% das vítimas.

2. Desigualdade Econômica e Trabalho:
– Mulheres ganham 20% menos que homens, mesmo com maior escolaridade (IBGE).
– A pandemia exacerbou a sobrecarga: 50% das brasileiras assumiram tarefas domésticas exclusivas (FGV).

3. Política e Representatividade:
– Apesar de serem 53% do eleitorado, mulheres ocupam apenas 15% das cadeiras na Câmara dos Deputados.
– A execução de Marielle Franco (2018), vereadora negra e LGBT+, tornou-se símbolo da resistência contra opressões estruturais.

4. Ativismo e Conquistas:
– A Marcha das Margaridas, liderada por trabalhadoras rurais, e a Marcha das Vadias desafiam estereótipos e reivindicam direitos.
– Em 2018, o movimento #EleNão levou milhões às ruas contra o machismo e a misoginia institucionalizados.

A Luta Continua
O 8 de março mantém sua urgência. No Brasil, onde conservadorismos e desigualdades se entrelaçam, a data reforça a necessidade de união entre movimentos, especialmente diante de retrocessos em políticas públicas. Globalmente, serve como lembrete de que a equidade de gênero demanda transformações profundas — culturais, econômicas e políticas. Celebrar as conquistas, sim, mas sem esquecer: enquanto houver uma mulher oprimida, o 8M seguirá sendo um dia de luta.

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