Da memória de Tó Teixeira à basílica de Belém: MinC visita projetos paraenses incentivados pela Lei Rouanet

Cultura

O Ministério da Cultura (MinC) realizou, na sexta-feira (16), visitas técnicas a projetos culturais do Pará apoiados pela Lei Rouanet. A atividade, que marcou o encerramento da 357ª reunião ordinária da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) — a CNIC Itinerante —, visa aproximar a diversidade cultural da região aos comissários por meio das iniciativas beneficiadas pela lei de incentivo.

Para o secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural em exercício, Deryk Santana, as visitas técnicas representam uma oportunidade do MinC e da comissão que analisa os projetos culturais submetidos à Lei Rouanet verem a amplitude da legislação. “Anualmente, realizamos as itinerâncias nas cinco regiões do país para chegar pertinho dos projetos culturais que a CNIC aprova. E seja no norte ou no sul do Brasil, sempre conhecemos agentes e manifestações culturais únicas e plurais que demonstram a amplitude e alcance da Lei Rouanet para o setor cultural”, destacou.

No início das atividades, o colegiado visitou o Museu da Imagem e Som (MIS). Localizado na avenida Nª Sra. de Nazaré, o espaço sedia a mostra fotográfica ‘Tó Teixeira: Mergulho na Vida e Obra’ – uma exposição que lança luzes sobre a vida e legado de um dos grandes nomes da cultura paraense. O projeto foi selecionado pelo programa Rouanet Norte e recebeu o investimento de R$ 199,4 mil por meio do edital compartilhado.

Para a produtora cultural e coordenadora geral do projeto, Makiko Akao, a exposição audiovisual não só celebra a vida de Tó Teixeira, mas resgata a trajetória do artista para uma nova geração. ”Essa exposição é, antes de tudo, um encontro com o Tó Teixeira humano: o artista, o artesão, o sonhador. A gente quis trazer a força dele, a maneira única como ele misturava música e vida. Quando você vê os jovens parando diante das fotos e das partituras, percebe que o legado do Tó não é coisa do passado. Ele ecoa, e é isso que nos motiva.”

Foto: Victor Vec/MinC
Foto: Victor Vec/MinC

Com curadoria do fotógrafo Miguel Chikaoka e do violonista Salomão Habib, a mostra traz registros íntimos da vida do artista, desde sua casa na Domingos Marreiros até seu ateliê na Travessa 13 de Maio, além de momentos históricos, como sua homenagem no Theatro da Paz em 1980. A exposição também inclui obras de cinco artistas paraenses contemporâneos que reinterpretam seu legado.

Colibri de Outeiro

Fundado em 1971 e localizado a cerca de 33km da capital belenense, a Associação Folclórica e Cultural Colibri de Outeiro é um espaço que conecta a manifestação cultural dos cordões de pássaros com a atual geração ao mesmo passo que busca manter vivo o costume paraense.

Os cordões de pássaro emergiram no século 19 como expressão artística das camadas populares que, excluídas do Theatro da Paz, recriavam à sua maneira os espetáculos de ópera europeus. A tradição misturava elementos da alta cultura — como figurinos inspirados na realeza —, com personagens do folclore amazônico — Curupira, Iara, Boto —, e tipos regionais, como matutos, indígenas, articulado em narrativas que giravam em torno da caça a aves das regiões.

Foto: Victor Vec/MinC
Foto: Victor Vec/MinC

“Os cordões de pássaro são uma riqueza cultural que só existe no Pará e que estava desaparecendo. Antes tínhamos quase 300 grupos espalhados pelo estado. Hoje restam cerca 15 ativos na região de Belém e mais alguns poucos no interior”, afirmou Laurene Figueiredo, mestra e coordenadora do projeto.

Com auxílio da lei de incentivo à cultura, Laurene realiza revitalização e reabilitação de cordões de pássaros que, por questões adversas, deixaram de existir. Recentemente, foram reativados os cordões de Arara Vermelha, em Parauapebas, e o Arara Azul em Canaã dos Carajás. Ao todo, o Colibri de Outeiro já captou mais de R$ 1,1 milhão por meio da Lei Rouanet.

Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré

Em retorno ao centro de Belém, a comitiva visitou as obras de restauração e reparo da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré. A igreja, que é um um dos mais importantes monumentos religiosos e culturais do país, está em processo de recuperação total devido à deterioração natural.

Atualmente, os trabalhos de restauração concentram-se atualmente no transepto da igreja, que compreende o altar principal e os altares laterais. A equipe concluiu a limpeza e o restauro estrutural do fôrro, além da recuperação da pintura original e dos adornos. A obra de restauro conta com mais de R$ 11,4 milhões de recursos por meio da Lei Rouanet.

Foto: Victor Vec/MinC
Foto: Victor Vec/MinC

“Trabalhar na restauração da Basílica é um desafio diferente. Aqui não podemos simplesmente fechar as portas e fazer a obra, porque todo dia chegam fiéis para exercer a fé e turistas para conhecer. Por isso que a obra é por etapas. Desmontamos e organizamos os andaimes para permitir que as portas continuem abertas para receber o público”, disse Luci Azevedo, coordenadora do projeto de restauro.

O projeto contempla a restauração do altar principal da Basílica, telhado, forro, todas as 16 capelas laterais, abrangendo todos os elementos decorativos que foram desgastados no decorrer do tempo. Um dos destaques da obra é a requalificação da Cripta, que, após a conclusão da intervenção restaurativa, terá nova funcionalidade, oportunizando à população, visitação, pesquisa e missas.

Fundação Amazônica de Música

A comissão itinerante do MinC encerrou as visitas técnicas ao som do canto de centenas de crianças e adolescentes, flautas e tambores na Fundação Amazônica de Música (FAM). O projeto, que funciona há mais de 20 anos, oferece oportunidades para jovens talentos e contribui para a preservação e valorização da música erudita na região paraense.

Foto: Victor Vec/MinC
Foto: Victor Vec/MinC

A iniciativa patrocinada via Lei Rouanet tem desempenhado um papel importante na inclusão social e no desenvolvimento de jovens da região, além de gerar impacto positivo na vida de mais de 5 mil pessoas. Diversos alunos dos projetos seguiram carreiras musicais bem-sucedidas tanto no Brasil quanto no exterior. “Temos casos de jovens que saíram daqui e viraram maestros. Alguns até foram tocar no exterior”, comemora a professora e idealizadora do projeto Glória Caputo. “É emocionante ver a música mudando essas vidas. Foi através da Lei Rouanet que se tornou possível oferecer uma formação musical de verdade para esses jovens”, finalizou.

Ao todo, o FAM já captou mais de R$ 31,5 milhões de recursos através do mecanismo de incentivo à cultura.

Fonte: Ministério da Cultura