No interior do Ceará, em uma região tomada pelo único bioma totalmente brasileiro, a Caatinga, estudantes aprendem na prática a importância da preservação dos recursos hídricos. É esse o objetivo do Projeto Água Boa, que mobiliza estudantes da Escola Antônio Viana de Mesquita, em Itapajé (CE).
A ideia é conscientizar não só os estudantes, mas toda a comunidade do entorno escolar sobre o uso responsável da água. Por meio do projeto, os alunos foram convidados a pensar no consumo de água nas casas e na própria escola, além de elaborar alternativas para a economia de recursos hídricos. A iniciativa contou com rodas de conversa, palestras com especialistas e elaboração de cartazes temáticos. Os estudantes ainda dialogam com autoridades públicas sobre a manutenção e a limpeza do espaço do rio.
O projeto Água Boa foi selecionado para representar a escola na VI Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), que foi realizada na unidade de ensino em 13 de maio. A escolha contou com ampla participação da comunidade escolar e representa o destaque para a segurança hídrica na pauta ambiental da região.
Até o dia 30 de junho, 61.806 escolas públicas e particulares de todo o país podem participar da etapa Conferência na Escola da VI CNIJMA. A exigência é ter ao menos uma turma dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). No Brasil, esse universo de escolas tem potencial para mobilizar mais de 775 mil professores e nove milhões de estudantes. Em 2025, o tema da CNIJMA é “Vamos transformar o Brasil com educação e justiça climática”.
Protagonismo juvenil – Por meio do projeto da conferência, alunos da Escola Antônio Viana de Mesquita retiraram detritos que poderiam poluir a água das margens do rio. Os estudantes ainda foram estimulados a demandar às autoridades locais a limpeza da área para atividades de cultura e lazer.
Uma das integrantes da proposta, Kelly Barbosa, de 14 anos, afirmou que o Água Boa nasceu como um projeto escolar e se desenvolveu como uma verdadeira oportunidade de fazer a diferença na preservação do meio ambiente. Como delegada eleita pela escola para representar o projeto, Kelly se engaja em atividades que vão desde a produção de cartazes até a elaboração de ações de conscientização.
Para a estudante, o projeto é um lembrete de que todos, independentemente da idade, têm muito a ensinar e a aprender. “Acho incrível o poder que nós temos de nos engajarmos em algo tão importante como a sustentabilidade, em que somos protagonistas com coragem e vontade de fazer acontecer”, afirma. Na conferência, as iniciativas são preferencialmente feitas pelos e para os estudantes.
Uma das idealizadoras do Água Boa, a professora de geografia Érica Souza Teixeira narra a experiência com os alunos. No projeto, os estudantes tiveram a oportunidade de visitar o rio que abastece a cidade e debater a importância dos recursos hídricos no local. “Durante esse processo de construção, aprendemos muito sobre as temáticas de meio ambiente e sustentabilidade”, destaca.
A docente conta que o protagonismo estudantil foi o ponto central do projeto. “Foi muito importante ver e ouvir cada voz, cada ação que foi projetada, e estar presente na construção do conhecimento de cada educando”, comemora. A Escola Antônio Viana de Mesquita será representada pela turma do 9º ano na VI CNIJMA.
Conferência na Escola – Essa é considerada a etapa mais importante da CNIJMA, pois é quando a escola aceita um chamado de participação. Nessa etapa, as escolas se envolvem em pesquisas, diálogos e reflexões sobre o tema, culminando no evento de eleição do projeto de ação da escola, do delegado, do seu suplente, que vai defendê-lo nas etapas posteriores do processo, além do profissional da educação responsável pelo acompanhamento do delegado.
A conferência transforma a escola em um espaço de diálogo sobre a justiça climática, envolvendo a comunidade e valorizando, cada vez mais, o protagonismo infantojuvenil. Isso porque os delegados e os suplentes são estudantes (de 11 a 14 anos) interessados na causa socioambiental, eleitos pelos seus próprios colegas para representá-los. Confira um “Passo a Passo” com a metodologia para a participação das escolas na VI CNIJMA.
Com delegações e projetos de ação eleitos, é a vez das etapas municipais e regionais, que resultam nas conferências estaduais, as quais têm até 15 de agosto para acontecer. Delegações e projetos de ação finalistas chegarão à Conferência Nacional, prevista para ocorrer de 6 a 10 de outubro de 2025, em Brasília (DF), onde haverá espaço para aprendizagem e troca de experiências entre centenas de participantes de vários estados.
CNIJMA – A VI Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente é promovida pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A conferência funciona como um pretexto pedagógico para promover a educação ambiental nas escolas e estimular o público infantojuvenil a se tornar agente ativo de mudanças nas ações de mitigação e adaptação às mudanças do clima.
A iniciativa foi realizada pela primeira vez em 2003. Nas cinco edições realizadas ao longo de 15 anos (2003-2018), mais de 20 milhões de pessoas participaram: crianças e adolescentes de 11 a 14 anos (como delegados); jovens de 18 a 29 anos (como mobilizadores, facilitadores, oficineiros e gestores); professores e profissionais das comunidades escolares; e gestores da educação e do meio ambiente. Cada edição mobilizou, em média, 14 mil escolas de todos os estados.
Assessoria de Comunicação Social do MEC
Fonte: Ministério da Educação