O curta-metragem Violeta, dirigido por Bi Naluna, foi selecionado pela Premiere Film, uma das mais prestigiadas distribuidoras internacionais de curtas-metragens. A empresa italiana já representou obras premiadas com o Oscar, a Palma de Ouro, o David di Donatello e o Globo de Ouro. A produção foi viabilizada com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio de edital executado pela Prefeitura Municipal de Maravilha (SC), com realização do Ministério da Cultura e do Governo Federal, e produção da Rama Arte e Cultura.
A conquista de Violeta reforça o impacto das políticas públicas de fomento à cultura. Ao possibilitar a realização de obras como esta, a Lei Paulo Gustavo reafirma seu compromisso com a democratização do acesso à produção cultural, valorizando a diversidade de temas, territórios e vozes.
Bi Naluna explica que o incentivo da Lei Paulo Gustavo foi crucial para a realização do projeto. “O recurso era limitado, por ser uma cidade pequena, mas foi fundamental para que déssemos vida a esse sonho. É indiscutível a importância da existência de políticas públicas como a LPG e o PNAB, especialmente por descentralizarem o acesso à produção artística”.
Para o roteirista Felipe Dagort, o edital representou o impulso inicial. “A existência do edital nos acendeu aquela faísca. Foi o sinal de que talvez fosse a hora de contar uma história que a gente precisava muito contar. E agora essa luz está se espalhando pelo mundo”, destaca.
Sobre o filme
Violeta retrata o luto gestacional, com foco especial nos casos de aborto espontâneo. O lançamento coincide com a entrada em vigor da Lei Nº 15.139/2025, conhecida como Lei do Luto Parental, que passa a valer em 1º de agosto e estabelece diretrizes para o atendimento humanizado a mulheres e famílias que enfrentam a perda de um bebê durante a gestação, o parto ou nos primeiros dias de vida.
A obra propõe um mergulho na dor silenciada de muitas mulheres, abrindo espaço para o acolhimento, a escuta e a legitimação dessa vivência. Com sensibilidade e lirismo, Violeta foi elogiado pela curadoria internacional da Premiere Film, que identificou na produção brasileira uma abordagem singular, delicada e universal sobre o tema.
“Criar esse filme exigiu coragem. Foi um processo doloroso e, ao mesmo tempo, libertador”, relata Bi Naluna. “Violeta é um ato de resposta, uma forma de denúncia poética sobre a violência que muitas mulheres vivenciam ao terem seus lutos invisibilizados. Ele transforma essa experiência em algo concreto, que testemunha a existência de vidas que foram embora cedo demais”, completa.
Felipe afirma que o objetivo foi “tratar essa dor da forma mais respeitosa possível, com uma verdade quase crua, sem romantização”. “Queríamos fazer um filme tenso, profundo, que não fosse superficial. E sentimos que isso chega nas pessoas. Elas se emocionam, especialmente as mulheres. Sabemos que tocamos nesse lugar sensível, sem ser raso”, conclui o roteirista.
Reconhecimento internacional e potência independente
A seleção pela Premiere Film projeta Violeta para o cenário internacional e chancela o trabalho da equipe, formada por uma produção enxuta e engajada, segundo a produção do curta. “É uma conquista maravilhosa. A Premiere está nos maiores circuitos do mundo. Saber que escolheram o Violeta é uma confirmação do potencial do filme, mas também da importância da temática”, enfatiza Bi.
Felipe ressalta que a seleção também valida a potência da mensagem: “Ter uma distribuidora como a Premiere envolvida é uma grande chancela de que essa mensagem foi conduzida com a força que ela precisava. Uma empresa estrangeira assistiu ao filme em português, se conectou e decidiu distribuí-lo mundialmente. Isso é um sinal poderoso”.
“Gravamos com uma equipe de apenas cinco pessoas, numa cidade do interior de Santa Catarina. Agora, esse mesmo filme é reconhecido por uma distribuidora mundialmente respeitada. Isso mostra a força do cinema independente brasileiro”, pontua a diretora.
- Foto: Marcos Oliveira/Divulgação
Próximos passos
Com a distribuição internacional sob responsabilidade da Premiere Film, o curta segue agora para sua estreia mundial e para o circuito de festivais — tanto fora quanto dentro do país. Além disso, a equipe da Rama Arte e Cultura planeja expandir a história.
A diretora revela que já existe um projeto de longa-metragem inspirado no curta e que a equipe está em busca de coproduções no Brasil e no exterior. “Queremos construir pontes entre o cinema independente brasileiro e o mundo”, manifesta Bi.
Outubro, mês de conscientização sobre o luto gestacional, também deve reforçar o alcance do filme, de acordo com o roteirista: “É o momento ideal para colocar luz sobre uma dor ainda invisibilizada. O Violeta quer abrir espaço para isso — para que essa dor seja vista de frente por cada pessoa vivente nesse planeta”, afirma Felipe.
Fonte: Ministério da Cultura