Após sinalizar abertura para o diálogo, o governo da China reforçou nesta quinta-feira (10) que não irá recuar na guerra tarifária travada com os Estados Unidos. Em comunicado contundente, o Ministério do Comércio chinês acusou Washington de “se colocar contra o resto do mundo” ao utilizar tarifas como instrumento de pressão unilateral.
A Embaixada da China em Washington também se manifestou, declarando que o país “não recuará” diante das medidas norte-americanas e que não teme provocações. O ministro do Comércio da China foi ainda mais enfático ao afirmar que seu país “lutará até o fim”, acusando os Estados Unidos de desrespeitar as regras do comércio internacional e de acumular inimizades no cenário global.
“Ao usar tarifas como arma para exercer a máxima pressão em benefício próprio, os EUA estão se colocando contra o resto do mundo”, afirmou o ministro.
Na noite anterior, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adotou um tom mais conciliador, dizendo-se confiante em alcançar um acordo com o presidente chinês, Xi Jinping, e elogiando o líder asiático. “Acho que ele vai querer chegar a um acordo, acho que isso acontecerá”, declarou Trump.
Entretanto, até o momento da última atualização desta reportagem, Xi Jinping ainda não havia se pronunciado publicamente sobre os desdobramentos mais recentes da disputa tarifária.
A tensão entre as duas potências intensificou-se desde que os Estados Unidos, sob comando de Trump, anunciaram um pacote de tarifas extras sobre importações de dezenas de países — incluindo uma elevação de 34% sobre produtos chineses. Em resposta, a China aplicou uma tarifa equivalente sobre mercadorias norte-americanas. Diante da retaliação chinesa, os EUA ampliaram novamente as taxas, que passaram a 84%, sendo seguidos por nova resposta de Pequim, igualando o percentual.
Na mais recente escalada, na tarde de quarta-feira (9), o governo norte-americano elevou para 125% as tarifas aplicadas a produtos vindos da China.
A escalada tarifária em números:
- Em fevereiro, os EUA adicionaram uma taxa extra de 10% sobre produtos chineses, totalizando 20%;
- Em 2 de abril, Trump anunciou um novo aumento de 34%, levando a tarifa a 54%;
- Após retaliação chinesa, a Casa Branca aplicou mais 50%, elevando o total para 104%;
- Na quarta-feira (9), novo aumento levou a alíquota a 125%.
Apesar do aumento acentuado das tarifas, Trump afirmou que ainda acredita na possibilidade de um acordo, embora mantenha a postura retaliatória.
O governo chinês, por sua vez, classificou como “intimidadoras” as recentes declarações de Trump. “Se os EUA realmente desejam resolver as questões por meio do diálogo, devem demonstrar uma atitude de igualdade, respeito e benefício mútuo. Caso contrário, a China continuará respondendo até o fim”, disse o porta-voz do Ministério do Comércio.
Além da disputa tarifária, Trump também acusou a China de manipular sua moeda para contornar os efeitos das tarifas. Em um jantar na terça-feira, o presidente norte-americano afirmou que líderes globais estariam “puxando seu saco” para negociar isenções. Na ocasião, utilizou a expressão em inglês “kissing my ass”, que pode ser traduzida como “bajular” ou, literalmente, “beijar meu traseiro”.
Esse novo capítulo da guerra comercial teve início em 2 de abril, quando Trump anunciou tarifas sobre produtos de 180 países, com alíquotas variando entre 10% e 50%. As tarifas começaram a ser aplicadas no sábado (5), com individualizações em vigor desde a madrugada da quarta-feira (9).
Diante desse cenário, o Ministério do Comércio da China reafirmou sua determinação: “A China tem vontade firme e meios abundantes, e contra-atacará resolutamente até o fim”.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio