O Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS, o Conselhão), conhecido como Conselhão, a Frente Parlamentar do Hip-Hop e o Instituto de Referência Negra Peregum realizaram, na última terça-feira (6), em Brasília, uma roda de conversa com 50 lideranças do movimento hip-hop e da economia criativa. O encontro, promovido na Casa Peregum, foi marcado por debates sobre educação, empregabilidade, cultura negra e o combate ao genocídio da juventude preta.
Participaram da atividade a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; o educador e conselheiro do CDESS Douglas Belchior, da Construção Nacional do Hip-Hop; e o secretário-executivo do CDESS, Olavo Noleto. A iniciativa integra o conjunto de ações do Arco de Direitos e Dignidade do Povo Negro e simboliza o esforço conjunto das três instituições para construir pontes entre o poder público e os movimentos sociais.
Para a ministra Anielle Franco, a cultura hip-hop forma, emprega, mobiliza, denuncia e cura — e, por isso mesmo, precisa estar presente nas políticas públicas voltadas à juventude e à igualdade racial. O secretário Olavo Noleto destacou o papel do Conselhão na construção de agendas estratégicas em parceria com o movimento negro e o hip-hop: “O Conselhão vai avançar com vocês, e o fortalecimento do hip-hop no Brasil é o fortalecimento de uma consciência crítica que nos leva a um lugar muito melhor do que estamos hoje”, afirmou.
A Frente Parlamentar do Hip-Hop, agora presidida pelo deputado Pastor Henrique Vieira, reafirmou seu compromisso com a valorização do hip-hop como instrumento de transformação social. “O hip-hop é revolução preta, popular, periférica. É ancestralidade. Passado, presente, futuro”, declarou o parlamentar.
O debate também contou com a presença do deputado Roberto Freitas e de Cláudia Maciel, que está profundamente envolvida com o movimento hip-hop e com o movimento negro. Ela é facilitadora da Construção Nacional do Hip-Hop e integradora do Fórum Nacional de Mulheres do Hip-Hop. “A gente veio aqui convidando parlamentares e poder executivo para dialogar sobre juventude negra viva, sobre periferia e favelas brasileiras e o povo preto”, explica.
O Instituto Peregum, organização do movimento negro com atuação nas áreas de educação, justiça racial e segurança, contribuiu com sua expertise em articulação política e formação de lideranças. O conselheiro Douglas Belchior ressaltou a importância do espaço de diálogo entre governo e sociedade civil: “Estamos diante de um evento importante de afirmação desse movimento educador da história do Brasil que é o hip-hop.”
Durante o encontro, foi realizado o lançamento simbólico da Universidade do Hip-Hop, que inicia suas atividades com o Curso de Extensão em Mulherismo Africana, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). A proposta reforça o papel da educação como pilar estratégico no enfrentamento das desigualdades e na valorização da identidade e da história do povo negro.
Entre os principais objetivos dessa articulação estão: ampliar o diálogo entre o governo e os movimentos culturais; desenvolver estratégias de combate ao racismo e ao epistemicídio da população negra; e construir políticas públicas que reconheçam a potência do hip-hop como ferramenta de resistência e criação.