Crédito subsidiado encarece os demais, diz Campos Neto

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Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, discursando
Raphael Ribeiro/BCB – 24/09/2020

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, discursando

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto , afirmou nesta segunda-feira (17) que o problema dos juros altos no Brasil deve-se aos juros subsidiados, o chamado crédito direcionado, que oferece empréstimos a taxas menores.

“No crédito direcionado, a gente pode fazer a análise do cinema que vende a meia-entrada. Se eu vendo muita meia-entrada e quero ter o mesmo lucro, a entrada inteira eu tenho que subir o preço. O crédito funciona um pouco assim”, afirmou o presidente do Banco Central.

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Atualmente, a taxa básica de Juros (Selic), que baliza os juros no país, está e 13,75%, maior patamar desde novembro de 2016, tornando o Brasil o país com o maior juro real do mundo.

O crédito direcionado é “destinado a determinados setores ou atividades, realizados com recursos regulados em lei ou normativo.” categoria em quatro subgrupos: crédito rural, crédito imobiliário, crédito concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros.

Na semana passada, Campos Neto havia feito outra comparação, a de um “tubo” para explicar porque a concessão de empréstimos, com juros menores, afetam o patamar da taxa Selic.

“Se um pedaço do tubo está imobilizado [crédito direcionado, com juro mais baixo], eu tenho que aumentar a pressão no outro [subindo mais a taxa total]. Quando você tem muito crédito subsidiado, a sua potência de influenciar com o juro diminui. Então tem que ter um juro mais alto do que você teria”, declarou.

O presidente do BC disse que o crédito direcionado representa 42% do total emprestado no Brasil, um patamar elevado se comparado à média internacional.

Estimativas do BC, que consideram apenas os dados internacionais disponíveis para países parecidos, como Colômbia, China, Coreia do Sul, México e Peru, mostram, fora o Brasil, o maior percentual de crédito direcionado é do México, com 26%. Os outros países possuem cerca de 5% de crédito direcionado.

“Por não ser uma forma prevalente de crédito, os países em geral não possuem estatísticas específicas sobre crédito direcionado. Assim, a comparação entre países não é fácil”, divulgou o BC.

No Brasil, os bancos públicos são os campeões de crédito direcionado.

Fonte: Economia

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