Ao participar da palestra que abordou os desafios da justiça climática no contexto da emergência do clima, durante a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (5ª CNMA), nesta quinta-feira (08/05), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, enfatizou que “em si mesmo, ninguém é vulnerável, somos tornados vulneráveis ou levado a uma situação de vulnerabilidade”.
Marina Silva destacou a relevância de debater o tema com representantes das comunidades periféricas, indígenas, povo preto, mulheres e juventude, “porque os mais injustiçados são sempre aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade”.
“Estamos aqui para trabalhar, para que nenhum segmento da nossa sociedade, no Brasil e no mundo, fique em situação de vulnerabilidade e que tenha que pagar o preço mais alto, mesmo não tendo contribuído de forma significativa para o problema que estamos vivendo da mudança climática”, completou a ministra.
Já secretária de Gestão Ambiental e Territorial das Terras Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Ceiça Pitaguary, enfatizou a centralidade da luta dos povos indígenas para a conservação ambiental e o enfrentamento da crise climática. “Os povos indígenas desempenham um papel central na conservação das florestas, ao cuidarem de 80% de toda a biodiversidade do planeta, mesmo sendo apenas 5% da população”, disse. Ela alertou também para os efeitos desiguais das mudanças do clima, reforçando que “sofrermos desproporcionalmente os efeitos das mudanças climáticas evidencia o racismo ambiental e climático que temos de enfrentar”.
A secretária também chamou atenção para a urgência do debate diante dos crescentes eventos extremos e da necessidade de fortalecimento dos planos de adaptação. “A defesa da demarcação das terras e territórios indígenas como estratégia de enfrentamento da emergência climática deve fazer parte desta agenda.” E concluiu: “Sem o protagonismo e participação dos povos indígenas, não há justiça climática. […] A resposta somos nós.”
A indígena do povo Pankararu e doutora em Antropologia Social, Cristiane Julião, também lembrou a importância do protagonismo dos povos tradicionais na tomada de decisões sobre o clima. “Falar de transição justa é garantir o processo de consulta livre, prévia e informada, assegurando o processo de disputa e parceria para que quem vai conviver com os impactos diretos ao menos saiba do que se trata.”
Ela defendeu também mecanismos mais eficazes de mensuração de impactos sobre as populações em situação de vulnerabilidade e o financiamento direto às populações mais afetadas pela crise do clima. “É preciso financiar a vida que promova condições aos povos indígenas e comunidades locais, combatendo a emergência climática”. Cristiane Julião chamou atenção para os danos provocados por grandes empreendimentos e reforçou que a luta é pela vida. “Ver a natureza ser agonizada e banalizada é algo que precisamos enfrentar.”
Por fim, a diretora de Territórios da Perifa Sustentável, Gabriela Santos, trouxe para o debate a perspectiva das periferias urbanas. “Falar da questão do meio ambiente nas periferias urbanas, principalmente em São Paulo, é falar de sobrevivência.”
Resgatando aprendizados de sua avó, Gabriela Santos reforçou o vínculo comunitário e o papel da educação, incluindo a importância das cotas para que as populações vulnerabilizadas tenham mais instrumentos para incidir sobre a justiça climática. “Se não tivesse tido uma universidade, uma educação de qualidade, eu não teria entendido os meus direitos tão negligenciados”, afirmou.
Gabriela Santos ressaltou o potencial transformador da juventude negra e das mulheres periféricas. “Hoje, aprendemos tantas coisas com tantas outras mulheres, e eu tenho orgulho de dizer o quanto estamos juntas nessa luta”. A ativista também destacou a importância de sonhar com novos futuros. “Nossa população não quer só lutar por sobrevivência, a gente quer sonhar. Só há futuro se podemos sonhar.”
Até esta sexta-feira (09/05), milhares de delegadas e delegados representando todos os estados e o Distrito Federal estarão debruçados, em Brasília, sobre as propostas para o enfrentamento da emergência climática, pauta central da 5ª CNMA.
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