Brasília (DF) – O segundo dia de reuniões técnicas do Grupo de Trabalho de Redução do Risco de Desastres (GTRRD) do G20, em Joanesburgo, na África do Sul, foi marcado pelo reforço do compromisso com o combate às desigualdades para reduzir as vulnerabilidades. No evento, o secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, afirmou que, no Brasil, a pobreza ainda é o principal fator determinante para o impacto e a recorrência dos desastres.
“Parte da população vive abaixo ou na linha da pobreza, perpetuando um modelo de exclusão social e desigualdade que remonta a séculos. Sem acesso a moradias seguras ou áreas urbanizadas regularizadas, milhões de famílias são forçadas a ocupar encostas instáveis, margens de rios e planícies inundáveis — locais muitas vezes inadequados para a habitação humana. Essas residências, em geral autoconstruídas, são precárias, desprovidas de saneamento básico e expostas a múltiplos riscos”, disse Wolnei, completando que “a situação não é exclusiva do Brasil, outros países apresentam realidade semelhante, conforme vimos no distrito de Soweto”.
De acordo com o secretário, estima-se que cerca de 9,5 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco de desastres hidrogeológicos, totalizando mais de 2,5 milhões de moradias distribuídas em cerca de 28 mil áreas mapeadas pelo Serviço Geológico do Brasil. “É por isso que o Brasil levou ao G20 a proposta do tema centrado no combate às desigualdades para reduzir as vulnerabilidades, de forma transversal em todas as ações para a redução do risco e devem estar no centro das políticas públicas e tomada de decisões importantes. Nos países em desenvolvimento, não é possível dissociar a redução do risco de desastres da luta contra a pobreza e a desigualdade estrutural”, concluiu.
Presidência do Brasil
Entre dezembro de 2023 e novembro de 2024, o Brasil assumiu, pela primeira vez, a presidência do G20 e colocou na pauta prioridades como a reforma da governança global, as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e o combate à fome, pobreza e desigualdade.
No Grupo de Trabalho de Redução do Risco de Desastres, foram adotadas seis prioridades para orientar as ações brasileiras e as contribuições dos países membros. Foram elas:
- Combater as desigualdades e reduzir as vulnerabilidades;
- Cobertura global dos sistemas de alerta precoce;
- Infraestruturas resilientes a catástrofes e às alterações climáticas;
- Estratégias de financiamento para redução do risco de desastres;
- Recuperação, reabilitação e reconstrução em caso de desastres;
- Soluções baseadas na natureza.
G20
O Grupo dos Vinte, o G20, nasceu após uma sequência de crises econômicas mundiais. Em 1999, países industrializados criaram um fórum para debater questões financeiras. Em 2008, no auge de mais uma crise, o grupo teve a primeira reunião de cúpula com chefes de Estado e, desde então, não parou de crescer no âmbito das discussões sobre estabilidade econômica global.
Com presidências rotativas anuais, o G20 desempenha papel importante nas grandes questões econômicas internacionais. Atualmente, além de 19 países dos cinco continentes (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia), integram o fórum a União Europeia e a União Africana. O grupo agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio internacional.
A agenda do G20 inclui outros temas de interesse da população mundial, como comércio, desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, energia, meio ambiente, mudanças climáticas e combate à corrupção.
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Fonte: Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional