Em um passo histórico para a democratização do conhecimento e a valorização da memória, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) lançou, nesta terça-feira (12), no Sesi Lab, em Brasília, a Rede de Bibliotecas em Museus do Ibram. A iniciativa integra, pela primeira vez, as bibliotecas de museus da instituição em um sistema único, ampliando o acesso de pesquisadores, estudantes e do público em geral a um vasto acervo especializado.
O evento reuniu autoridades, gestores culturais, profissionais da biblioteconomia, representantes de instituições parceiras e convidados, reforçando a importância estratégica das bibliotecas para o fortalecimento do papel educativo e social dos museus. Compuseram a mesa de abertura a ministra da Cultura, Margareth Menezes; a presidenta do Ibram, Fernanda Castro; o secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, Fabiano dos Santos Piúba; a coordenadora de ação educativa e pesquisa do Sesi Lab, Luciana Conrado Martins; e o diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Tiago Braga.
Integração para ampliar o acesso
A Rede de Bibliotecas foi formalmente instituída pela Resolução Normativa Ibram nº 1 de 2021 e é composta por 20 bibliotecas especializadas – 19 localizadas em museus administrados pelo Ibram e uma central, sediada no Centro de Documentação da Museologia (Cedoc), em Brasília. Juntas, essas unidades preservam e disponibilizam cerca de 300 mil itens bibliográficos, que abrangem temas como museologia, história, artes, arquitetura, linguística, conservação e restauração, entre outros.
Entre as coleções de destaque estão acervos dedicados à história do Império no Museu Imperial, à Inconfidência Mineira no Museu da Inconfidência e às artes plásticas dos séculos XIX e XX no Museu Nacional de Belas Artes. O alto grau de especialização transforma essas bibliotecas em centros de referência para pesquisa, curadoria e educação no campo cultural.
Tecnologia e padronização
Para viabilizar a integração, o Ibram estabeleceu parceria com o Ibict para implantar um Sistema Integrado de Bibliotecas (SIB) utilizando o software livre Koha. O modelo adotado permite uma única instalação para todas as unidades, centralizando a infraestrutura, padronizando processos e facilitando o compartilhamento de recursos – sem abrir mão da autonomia administrativa de cada biblioteca.
A plataforma possibilitará buscas consolidadas e a criação de um catálogo online centralizado, que será integrado à plataforma Brasiliana Museus. O objetivo é permitir que qualquer pessoa, em qualquer lugar, descubra e acesse informações sobre os acervos, fomentando a pesquisa e a circulação de conhecimento.
Relevância cultural e política
A presidenta do Ibram, Fernanda Castro, destacou que a rede fortalece o ecossistema de informações do setor museal.
“Além de integrar as bibliotecas de museus do Ibram, esta rede conecta acervos bibliográficos, arquivísticos e museológicos, facilitando a gestão e ampliando o acesso do público. É um passo fundamental para valorizar a memória e estimular a pesquisa.”
O coordenador-geral de Sistemas de Informação Museal do Ibram, Dalton Martins, ressaltou o impacto direto da iniciativa para a sociedade:
“O lançamento dá acesso à sociedade a acervos bibliográficos até então pouco conhecidos, democratizando o conhecimento e fortalecendo o papel social dos museus.”
Já a ministra da Cultura, Margareth Menezes, enfatizou a importância do projeto para o desenvolvimento cultural:
“Esta rede é mais um exemplo de como a cultura, a memória e o conhecimento caminham juntos para formar cidadãos e fortalecer a democracia.”
Construção coletiva e próximos passos
O evento incluiu uma enriquecedora mesa de discussão, com o tema “Redes de Bibliotecas em Museus: Gestão da Informação e Democratização do Acesso”, que contou com a participação do Professor Dr. Fernando Leite (UnB). O professor trouxe uma reflexão fundamental sobre o papel das redes culturais como espaços de resistência e frente de combate à desinformação.
“Celebrar o lançamento dessa rede é celebrar algo concreto e simbólico ao mesmo tempo, porque cultura, museus e bibliotecas são trincheiras contra o ódio ao conhecimento”, afirmou Dr. Leite.
Também esteve presente Milton Shintaku, representante da área de tecnologias para informação do Ibct, destacando o caráter transformador e a operacionalidade da rede.
Ao final, ocorreu o lançamento oficial da Rede, realizado por Fernanda Castro e Dalton Martins, simbolizando o início de uma nova fase para as bibliotecas e museus brasileiros.
Um marco para a memória e a leitura
Mais do que conectar acervos, a Rede de Bibliotecas em Museus do Ibram reafirma o compromisso da instituição com o acesso à informação, a preservação da memória e a valorização do conhecimento. Com a nova plataforma, o público terá à disposição uma ferramenta eficiente e abrangente para descobrir, pesquisar e se conectar com a riqueza cultural preservada nos museus do país.
Fonte: Ministério da Cultura