Cuidar da natureza com as pessoas. Guiado por este compromisso, que traduz exatamente o que defendia o líder que dá nome à autarquia, é que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) comemora seus 18 anos de atuação.
Uma data simbólica, que marca a “maioridade institucional” do órgão, em um momento singular. No cenário global, a expansão dos debates socioambientais nos campos acadêmico, político e social, com o Brasil na presidência da COP30. No cenário interno, de reconstrução e fortalecimento do Instituto — neste ano, o ICMBio lançou programas inovadores, aumentou seu espaço físico, acolheu centenas de novos servidores, criou novas unidades de conservação federais (UCs) e divulgou o recorde histórico de visitação nos parques nacionais no ano anterior.
Em um país de tamanho continental, o instituto gerencia 344 UCs, que ocupam cerca de 10% do território nacional, tamanho superior ao território de centenas de países. Na soma dos biomas e zonas costeira e marítima nacionais, mundos aos quais o ICMBio garante a proteção e restauração da biodiversidade, alinhada ao bem-estar social e ao respeito a comunidades e povos locais.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participou na última quarta-feira (27/8) da mesa-redonda “De onde viemos, onde estamos e para onde vamos”, que marcou o início das agendas de comemoração do instituto.
Na ocasião, Marina Silva falou sobre a essencialidade dos trabalhos desenvolvidos pelo ICMBio frente ao atual cenário geopolítico. “Não tem como negar a realidade da necessidade de proteger a biodiversidade, os recursos hídricos, de enfrentar a mudança do clima, de fazer tudo o que é necessário. Você pode ser esquerda, pode ser de direita, pode ser centro, pode ser lado, pode ser embaixo, pode estar em cima. Mas só não pode estar no polo negacionista da coisa. Só não pode estar no polo entreguista da coisa”, disse ela.
A relevância do órgão, que é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), foi reforçada pelo presidente do ICMBio, Mauro Pires. Com o auditório Rômulo Mello lotado, na pluralidade de pessoas que constroem o ICMBio, ele recordou a história de criação da autarquia e trouxe o questionamento “valeu a pena?”. “Decorridos 18 anos, o ICMBio demonstra sua presença na sociedade brasileira. Participamos ativamente da construção do país, e para mim, a resposta é afirmativa: contribuímos de forma intensa, enfrentando o desmatamento, a ilegalidade e diversas pressões, mantendo-nos firmes no propósito de conservar a biodiversidade. Ao analisar a retrospectiva, fica evidente que a criação do ICMBio foi uma decisão acertada”, respondeu ao público.
Um coro pela biodiversidade
As contribuições foram unânimes em apontar o acerto de, em 2007, ser criado o Instituto, rememorando, também, a história de luta de grupos ambientais e políticos para isto.
O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, que foi o primeiro presidente do ICMBio, falou sobre os trabalhos realizados para fortalecer a biodiversidade, considerando o conceito de unidades de conservação algo “absolutamente transcendental”. “Qual é o gesto mais incrível que uma sociedade qualquer pode fazer? É reservar um espaço do seu território para o futuro, um futuro que você nem sabe exatamente qual será. Um gesto humano tão profundo na minha visão, tão emocionante, mesmo”, falou. Quem sucedeu Capobianco foi Rômulo Mello, que dá nome ao auditório central da sede do ICMBio.
Três décadas após a redemocratização do país, foi publicada a Medida Provisória 366, a qual, em 28 de agosto de 2007, convertida em lei, deu origem ao ICMBio. “Quando me perguntam da Constituição, como foi possível, eu diria para vocês que a Constituinte foi, sobretudo, generosa com a sociedade brasileira”, colocou Fábio Feldmann, ambientalista que atuou como deputado constituinte e foi um dos responsáveis pela inclusão dos temas de meio ambiente na redação do texto cidadão que hoje rege o país.
A secretária-executiva do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos, pontuou sobre o papel que o órgão cumpre. “Com todas as dificuldades, o ICMBio vem fazendo a resistência e conseguiu, com proatividade, a reconstrução de uma agenda em que o Brasil é uma referência internacional”, declarou.
A mediação foi feita pela socióloga e jornalista Maristela Bernardo. A programação de aniversário continua nesta quinta-feira (28/8), com a mesa interna “Vozes e conexões”, um momento de conversa junto ao presidente Mauro Pires e a diretoria do órgão.
Chico Mendes
“Pouco antes dele [Chico Mendes] vir a ser assassinado, um repórter perguntou para ele se ele achava que a Amazônia precisava de um mártir. Ele falou: ‘Mártir? Eu quero é viver’. Vocês [ICMBio] são o instituto da vida”, sintetizou, no evento, o curador do Museu do Amanhã, Fábio Scarano.
O ICMBio carrega a responsabilidade do líder que lhe dá o nome. Chico Mendes entrou para a história como um dos mais importantes defensores da floresta amazônica e dos direitos das populações e povos locais. Nascido no Acre, cresceu na extração de látex e presenciou de perto a degradação da floresta e a exploração dos trabalhadores.
Sua luta começou no movimento sindical e ganhou destaque nacional e internacional, sendo um dos principais articuladores das reservas extrativistas (Resexs), as quais o ICMBio hoje coordena. Seu ativismo incomodou fazendeiros e grileiros, o que resultou em seu assassinato, aos 44 anos, em um crime que expôs ao mundo os conflitos fundiários e ambientais da Amazônia.
Uma das pessoas profundamente influenciadas por Chico Mendes foi a própria ministra Marina Silva que, também nascida no Acre, dividiu com ele lutas nos anos 1980.
(Com informações da Comunicação ICMBio)
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